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~Camila~

Depois que Lauren tentou falar comigo eu fui para a aula mas não consegui prestar atenção na aula, eu queria saber o que aquele garota viu em mim pra ficar no meu pé, eu não sou bonita, não tenho nada de interessante e ainda faço mal as pessoas que ficam perto de mim.

Sai antes de acabar a ultima aula, já pra não esbarrar com Lauren na saída. Fui pra casa, a pé mesmo, precisava pensar e respirar um pouco. Quando cheguei em casa minha mãe estava no sofá chorando e meu pai gritando com ela, eu passei direto para o meu quarto, mas antes meu pai falou comigo.

Alejandro: Camila, não fala quando chega/?

- Eu não queria nem ter chegado.

Alejandro: Não é assim que se fala comigo Camila, volte aqui.

Ignorei ele e subi trancando meu quarto, me jogo na cama e fechando os olhos querendo sumi magicamente dali. escuto batidas fracas na porta, pergunto quem era e sofia fala com a voz fraca.

Sofi: Mila, sou eu, abre a porta por favor.

Levanto correndo e abro, encontro minha irmã com os olhos vermelhos de tanto chorar, ela me abraça e eu trago ela pra dentro do quarto.

- O que foi que aconteceu dessa vez?

Sofi: O papai bebeu de novo, só que foi ontem, ele chegou tarde e mamãe foi brigar com ele e perguntar onde ele estava e ele começou a gritar com ela e...

- Ele bateu nela?

Sofi: Não, não que eu tenha visto, mas eu estava olhando tudo da escada. 

- Ok, ele não está mais bêbado, vai acabar logo, relaxe, no fim de semana vocês vão para a casa da vovó, la eles não brigam, aproveite.

Sofi: Você não vai?

- Não sofi, eu não quero ficar dois dias fingindo que soou feliz só porquê está na frente das pessoas, quando nós fomos felizes de verdade eu volto a sair com vocês.

Sofi: Você vai me deixar sozinha?

- Eles não vão brigar, e é so um fim de semana, você tem que se acostumar a ficar sem mim...

Sofi: Você vai embora daqui?

- Sim sofi.

Sofi: Quando? eu quero ir com você. 

- Não, você não pode, tem que ficar aqui.

Sofi me abraçou e me deu um beijo na bochecha, isso fez meu coração aquecer e ver que eu tenho que ser forte e aguentar tudo, não por mim mas sim por Sofia, eu não teria coragem de acabar com tudo e deixar Sofia sozinha.

Sofia ficou comigo deitada até que dormiu, eu arrumei uma bolsa com roupa, vesti meu biquini e fui para a praia. Esse era o único lugar em que eu me sentia livre, leve e conseguia pensar num futuro melhor, na praia eu conseguia ser feliz, era só eu, o mar, o vento, o sol, a areia.Cheguei na praia e corri desesperadamente para o mar, tinha que descarregar toda essa vibe pesada que estava sobre mim.

Quando eu ia sair do mar senti uma onda grande bater em mim que me fez cair, tentei levantar e veio outra onda, dessa vez maior que a outra, me derrubando de novo. Comecei a ficar sem ar, a primeira coisa que veio na minha cabeça foi: Eu vou morrer pois vim pra parte mais afastada e vazia da praia. A segunda foi: Isso é bom, só assim não vai ser suicídio, foi um acidente. E a terceira: Eu não posso deixar Sofia sozinha. Quando lembrei disso eu comecei a me desesperar e implorar pra alguém aparecer pra me ajudar.

Depois de algumas tentativa de voltar eu acabei ficando inconsciente e a ultima coisa que senti foi um braço me pegando por tras, pensei está delirando, devia ser outra onda me empurrando pra mais fundo. Acordei com um par de olhos verdes apreensivos me olhando, pensei ter morrido e um anjo ter me achado entre o céu e o inferno, mas depois de alguns minutos eu que me achei e percebi onde estava. Eu estava de volta a areia e aquele anjo dos olhos verdes era Lauren. Por um momento eu tinha esquecido que estava de biquini e que ela veria minhas cicatrizes.
Peguei minhas roupas, acabei discutindo com Lauren, eu sei que eu deveria agradecer por ela ter me salvado, e foi o que eu fiz, mas ela estava me enchendo demais e eu não gosto disso.

 Cheguei em casa e meu pai estava no sofá mexendo no celular, passei rápido para que ele não me chamasse, mas foi em vão.

Alejandro: Camila, sente aqui.

- Não

Alejandro: Karla Camila voltei e sente aqui.

- Quem você pensa que é pra falar assim comigo?

Alejandro: Eu sou o seu pai, me respeite.

- Você merece respeito? Chegar bêbado em casa, brigar com a mamãe, deixar Sofia assustada...

Alejandro: Cala a boca menina, por que vc não vai arranjar um emprego e sair da minha casa, eu não devo satisfação pra você, vc que deve pra mim... Não é da sua conta oq eu faço ou deixo de fazer.

- Eu já disse que se fosse por mim eu já tinha ido embora faz tempo...

Alejandro: Não é sobre isso que quero falar com você, é sobre sua faculdade... Não vejo futuro em você fazendo música.

- Não venha querer se meter no meu futuro. Eu gosto do que faço.

Alejandro: Mas eu não, ou você arruma um emprego ou vai mudar pra Direito.

- Como é? Eu não vou mudar.

Alejandro: Eu estou pensando na sua felicidade, você trabalhará comigo e terá condições de se sustentar e fazer o que você quiser.

- Se for pra ter uma vida igual a sua, prefiro passar fome..

Sinu: Calem a boca.- Ela estava na cozinha.- Camila vá para o quarto.

Subi sentindo as lágrimas quererem descer, eu não gostava de chorar na frente das pessoas, me sentia fraca, sempre guardava tudo pra chorar trancada no quarto. Quando entrei senti meu rosto molhar foi como se eu tivesse vomitando algo que me fez mal. Procurei minha lâmina, me joguei no chão e puxei as mangas do moletom, as lágrimas caíam eu tremia. Fiz o primeiro corte, o sangue escorria e sujava a minha calça, fiz o segundo e eu já não consegui mais enxergar com as lágrimas nos meus olhos.

Era difícil ser julgada por fazer algo que eu gostava, eu amo fazer música, pena que meu pai não entende, desde quando entrei na faculdade ele me trata com indiferença, e enrola quando perguntam que curso eu faço. Ele sempre joga na minha cara que eu não vou ter futuro e que vou passar fome quando sai da casa dele. No começo eu ignorava mas agora está cada vez mais frequente e isso me machuca muito. E agora ele passou dos limites, querer que eu troque de curso, deixar de fazer oq eu gosto. Com certeza eu não iria.

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