Capítulo 1

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Uma das maiores alegrias que eu tenho na minha cidade de nascimento são os parques, há parques para todo lado, e assim eu passo minhas manhãs: fazendo minha corrida matinal, olhando a natureza e passeando com a minha cadela Mela.

A vida tem sido boa, tenho que confessar, desde que voltei para casa a 2 anos tudo mudou, voltei a exercer minha profissão: advogada, e agora em defesa das mulheres, não quero que ninguém passe o que eu passei...

Na próxima semana vou voltar para SP, onde tudo aconteceu, nunca denunciei o cafajeste, mas finalmente estou pronta, depois de aconselhar tantas mulheres a fazer o mesmo não posso ser hipócrita.

A semana passa rapidamente, minha mãe fica meio apreensiva e com medo de me deixar voltar, mesmo sabendo que o cafajeste já está preso – eu me certifiquei antes de voltar para lá, foi preso em flagrante por agredir uma mulher (por que eu não me surpreendi?), e, além disso, vou defender essa ultima agredida, quero que ele apodreça na cadeia.

Já esta tudo certo para voltar, fico triste de deixar minha cidadezinha no Rio Grande do Sul, a outra vez não foi como eu esperava, sai de casa pronta para estabelecer o meu futuro e voltei quebrada para casa, mas dessa vez vai ser diferente, eu sinto.

A parte mais difícil foi me despedir da minha mãe e do resto da família, morávamos sozinhas antes de eu ir para SP e quando retornei também, portando somos muito próximas, mas ela me apoiou mesmo assim quando tive a decisão de voltar, então já estou com as malas e a Mela pronta.

- Minha filha, eu te amo muito, e estou orgulhosa de você ter amadurecido tanto em tão pouco tempo, sei que você sofreu e ainda sofre, mas o motivo de você voltar é para se reconstruir então faça isso por mim, faça pelo seu pai também, ele odiaria que alguém mexesse com a garotinha dele, mas não se prenda minha filha, já faz tanto tempo, tu também tem o direito de se apaixonar de novo, sei que tem medo de sofrer, mas se de uma chance, você mais do que ninguém tem o direito de amar e ser amada.

Estas foram as ultimas palavras da minha mãe, antes de nos despedirmos aos prantos. Embarco de manhã cedo e chego por volta das 13h no meu apartamento, havia alugado quando fui embora, mas retornei.

Foi só chegar e já recebi uma ligação da Ana.

- Meu Deus amiga, pensei que não te veria nunca mais, estou louca pra te ver, se arruma porque de noite vamos sair, abriu uma boate nova em um bairro perto de onde você mora, precisamos ir, por favoooooooooorrr – tenho debater que não me sinto confortável em sair e que a recém é meu primeiro dia de volta, mas foi uma tentativa falha. Ana como eu é advogada, porém trabalha em uma ONG pelos direitos ambientais, nos conhecemos na faculdade em SP e nunca mais desgrudamos, exceto quando me mudei para morar com o cafajeste e ele não me deixava vê-la e depois fui embora, então faz muito tempo que não nos vemos, que saudade dela.

É bom estar de volta os moradores para quem aluguei meu apê cuidaram muito bem dele, todos os moveis estão bem cuidados. Antes de falecer meu pai - uns dos advogados mais antigos de nossa cidade - comprou esse cantinho para que eu pudesse estudar e advogar como ele. Lamento ele ter falecido antes que eu pudesse me mudar para cá, porem com todo seu apoio eu vim encarar a cidade que não existe amor.

Uma das coisas que mais sinto saudade do Sul é a tranquilidade, aqui todo mundo parece que vive no modo robô, tudo é voltado para o trabalho e para o dinheiro, quando vou ao parque que há perto do meu apê dificilmente vejo crianças e jovens se divertindo ao ar livre que nem acontece na minha cidade. Se algum dia eu tiver a oportunidade de criar meus filhos em algum lugar no interior cercado de arvores lá estou indo eu.

Quando acabo de desempacotar tudo já são 21h, tomo um banho e vou me arrumar, pois marquei com a Ana de me buscar ás 22h para irmos para a tal boate.

Me arrumo com não fazia a tempo, um vestido nude com renda colado um pouco acima do joelho de alcinha e com um super decote, e um sapato da mesma cor da renda, fiz uma make caprichada e escovei os cabelos. Okay, não estou a miss universo mas para quem só anda de pijama e saia social é um grande progresso. 

Ana chega 22h em ponto e não nos contemos nas risadas e no choro, até que esta sendo bom estar de volta

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Ana chega 22h em ponto e não nos contemos nas risadas e no choro, até que esta sendo bom estar de volta.Chegamos na boate por volta das 00h e entramos na área VIP, pois Ana era amiga do dono – ela tem muitos amigos – me permito beber um pouco, talvez um pouco de mais e fomos juntas para a pista de dança, danço até o chão sentindo uma coisa que nunca havia sentido: amor próprio, eu sabia que estava linda e estava cansada de ser machucada, resolvi começar me apaixonando por mim e então não decepcionaria os conselhos de minha mãe.

Não lembro mais que horas eram, mas quando vi Ana dançando com um loiro alto sai de fininho para o banheiro, não iria atrapalhar ela, tudo estava indo bem até visto as condições da situação que me encontrava. 

Quando estava indo para o banheiro senti uma mão forte agarrando-me pelo ombro e me jogando na parede, simplesmente gelei, tudo me veio a lembrança, as brigas, as agressões, não consegui reagir enquanto o homem me agarrava e falava coisas obscenas para mim, com o pouco de força que tenho tento reagir mas ele me agarra mais forte.

- O que foi ein? Vem toda gostosinha para festa e fica dançando daquele jeito e não quer ser comida? Vem vamos sair daqui que hoje você vai ter o que quer – me puxa por um dos braços e quando solta o outro dou um soco no seu rosto e caio no chão, não sei da onde tirei forças mas quando noto que ele esta mais irritado tento fugir mas é em vão, ele estava pronto para me agredir quando alguém aparece e soca ele, não vejo exatamente como aconteceu, estou escorada na parede chorando, pensando em como sou fraca e no erro que foi voltar e reviver todas aquelas lembranças quando o outro homem – bom, eu suponho – vem em minha direção.

- Você está bem? Esta ferida? – não consigo me mover apenas continuo a chorar encolhida no meio de minhas pernas.

- Ei, calma, agora está tudo bem, tá tudo bem ok? –ele fala tranquilo e quando reconheço aquela voz levanto a cabeça tenho certeza de que o conheço: Oliver.


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Aiaiai, como será esse reencontro ein?

Comentem, votem e tudo mais.

Até a próxima, beijossss.


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