14 - Amor disfarçado de Ódio (Nossa que clichê)

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Jungkook tinha ido a poucos enterros em sua vida, contavam-se dois ao todo.

O primeiro não tinha tantas lembranças, apenas lembra-se de ter cinco anos e a pessoa falecida em questão era sua tia-avó que não conhecia muito bem.

Naquela época não entendeu do porque de todos estarem triste encarando a velha senhora que dormia dentro de uma caixa de madeira.

Quando questionou seu pai, recebeu um sorriso terno de resposta e um sussurro em seu ouvido:

" Estamos nos despedindo, será a última vez que veremos a tia Yang"

Jungkook assentiu, não entendendo muito, mas como entenderia? Mal sabia falar direito sem gaguejar. Apenas continuou parado ao lado de seu Appa, e depois sussurrou ao irmão Jeonhyung que não queria que as pessoas ficassem o vendo dormir quando estivesse velho.

Do segundo velório, só se lembra de ver o caixão de seu avô materno ser carregado e depois colocado em um buraco, Jeon tinha dez anos.

Diferente do outro enterro, ele conhecia muito bem a pessoa dentro do caixão e com dez anos já entendia algumas coisas, uma delas era que nunca mais veria seu avô e isso o fez chorar discretamente, não queria ser chamado de bebe chorão por seus irmãos, mas ao levantar o olhar a eles, viu que também choravam um pouco.

Não sabia, porém, para onde seu avô iria dentro daquele buraco de terra, ao questionar seu pai na hora de dormir, novamente recebeu um sorriso terno e ele apontou para sua janela entreaberta onde era possível ver o céu estrelado, sussurrou que seu avô era como uma estrela agora.

"As estrelas estão mortas a milhares de anos, mas ainda vemos seu brilho, seu avô é como uma estrela em nossas mentes, mesmo tendo falecido, brilhará para sempre nas nossas lembranças."

Talvez ali tenha começado a fascinação de Jungkook por estrelas.

Agora com 21 anos, presenciava seu terceiro funeral e talvez o mais triste de todos.

Não era sua tia avó que veria pela última vez deitada em um caixão de carvalho ou sendo descido por uma cova, e sim seu pai.

Por mais mórbidos que esses pensamentos sejam, Jungkook os manteve por um tempo, talvez se esforçasse poderia fingir que estava com cinco anos novamente e não entendia o que estava acontecendo.

Mas não podia fazer isso, não veria o sorriso de seu pai quando fizesse uma pergunta aparentemente boba, mas valiosa para uma criança descobrindo o mundo.

Não era uma criança e infelizmente não poderia prender-se na ideia que seu pai iria para um lugar melhor.

Algumas duvidas ainda não foram sanadas, e por mais que o ser humano tenha evoluído tanto, não era capaz de responder uma pergunta simples com "Para onde vamos quando morremos?" sem ter milhares de respostas e que não chegavam em uma só conclusão.

Mas Jungkook sabia que seu pai morrera e ele ficou para lidar com sua tristeza, culpa, arrependimento e até raiva.

Ao menos sabia que não lidaria com tudo sozinho, tinha seus irmãos e sua mãe.

E Jimin, é claro.

Ao pensar no mais velho, Jeon reparou que ele não estava por perto enquanto as flores eram colocadas sobre o caixão preto, que logo seria decido, coberto por terra e uma lápide seria colocada ali com o nome de seu pai e a data de nascimento e morte, ao lado de todos os Jeons que já morreram.

Talvez Jimin tivesse ido visitar algum tumulo ou — na mais remota e pior das opções — tinha ido embora.

No entanto o coração de Jungkook recebeu um pouco de paz ao avistar uma cabeleira laranja não muito longe dali, e como pensara: Jimin estava olhando um túmulo.

Love Story (Or Not) ? Jikook [Concluída]Donde viven las historias. Descúbrelo ahora