XVI

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Nestas ultimas semanas a minha cama tem-me parecido o melhor sitio para estar e o meu caderno o meu melhor amigo, a melhor coisa com que conversar e desabafar. Tudo o que sinto, escrevi e transformei em versos de musicais, por enquanto tudo o que escrevi está sem melodia, mas eu comprometo-me comigo mesmo a que ainda esta semana as vou terminar e no próximo fim-de-semana apresentar as melhores no bar.

De repente, quebrando o silêncio reconfortante do meu pequeno apartamento, o meu telemóvel toca e eu procurei-o com pressa e desespero pelo meio da confusão na minha cama.

- Estou?

“Harry? Finalmente, estava tão preocupada!”

Foi então que eu me lembrei que apenas saia da minha cama para ir á casa de banho, comprar tabaco e para ir até ao frigorífico buscar alguma comida, há quase duas semanas. Eu tinha-me isolado do mundo exterior.

- É, ah, tenho estado um bocado ocupado…

Eu tentei desculpar-me.

“Eu espero que não estado ocupado, como tu dizes, a pensar em quem não te merece.”

E é nestes momentos em que eu gostava que Bella não fosse tão direta. Ela fez-me lembrar de Angie, a ultima pessoa de quem queria ter memória de momento. Angie é um robô tem coração e isso basta-me para a odiar.

- Eu estive a compor, mas obrigada por me lembrares dessa cabra…

Eu suspirei com ironia.

“Sabes, estive a pensar e eu acho que tu devias de sair com a Georgia. É uma colega minha e ela também está um pouco sozinha. O que é que achas?”

Eu quis de imediato dizer que não, mas talvez nem fosse assim tão má ideia… Nunca se sabe, não quero ser o meu das cavernas, eu tenho de sair!

- Tudo bem…

“Vai-te fazer bem sair, vais ver. Mas toma um duche, por favor, aposto que não o fazes há quase uma semana.”

Ela ri e desliga.

(…)

Já não aguentava mais ouvir Georgia a falar dos seus cinco gatos e de ser sempre ela a gostar mais nas suas relações falhadas. Ela estava pior que eu.

- Pois, pois… Eu entendo.

Esta foi a frase que mais utilizei nesta saída. Ela era completamente deprimida e isto foi uma horrível ideia. Eu não estou assim tão desesperado.

- Estou a ser chata?

Eu olhei para ela enquanto bebia um pouco mais de cerveja, pois só mesmo o álcool me mantinha ali, a ouvi-la.

- Não, claro que não! Continuar, por favor.

Por favor, para, eu vou ter pesadelos com gatos e comida com sabor a fígado! Era só nisto que eu pensava e em como numa me devia ter levantado da cama.

Mais meia hora a ouvir falar sobre um curso de direito falhado e uma rotina chata. Não aguentava mais!

- Desculpa, eu adorei falar contigo, mas está a ficar tarde.

Eu tentei desculpar-me. Não queria realmente que ela sentisse que eu a achava aborrecida, pois eu sei que é assim que muita gente me vê, mas eu apenas queria voltar para casa e escrever mais alguns versos.

- Podes acompanhar-me até casa?

Ela perguntou. Eu fiquei um pouco pensativo, eu não queria que ela sentisse que o meu sim tinha segundas intensões, mas ao mesmo tempo, eu não queria que a sua baixa autoestima descesse ainda mais.

assim assim » h.s. au [status]Where stories live. Discover now