Carta ao JLP

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Fortaleza, 17 de janeiro de 2016,

Meu querido JLP,

Eu sei que já falei que gosto muito de você, que te adorava e, meio que descuidadamente, soltei um eu te amo. O que estou sentindo por você é tão forte e intenso, que, acredite, tenho passado horas dos meus dias pensando em você, pensando em nós. Tenho sonhado com um amanhã onde não existe distância entre nós e, nosso romance, seja livre. Um amanhã o qual posso te encher de beijos, carícias, te falar palavras bonitas no pé do ouvido, andar de mãos dadas por aí, amar e ser feliz. Todas as horas que sonho uma linda história de nós dois, pergunto a mim mesmo se você também sente isso, se também pensa em nós. Eu entro em conflito comigo mesmo, e o medo me domina.

Não sei se você lembra, mas eu te falei sobre me apaixonar, usei a metáfora na qual salto de paraquedas com alguém do meu lado. Depois falei do meu medo de chegar na metade do caminho, olhar ao redor e ver que eu saltei sozinho. Esse é um dos meus principais medos, porque já fui muito apaixonado, acho que faz pouco mais de quatro anos. Foi bom tudo que aconteceu, mas o problema foi estar apaixonado sozinho, sentir o amor sozinho, fazer amor sozinho. O carinho e a atenção trocada por mim e por ele tinham significados distintos para cada qual. Eu amava, ele gostava, eu fazia amor, ele sexo. Eu já superei isso, já o esqueci, mas ainda me restam as cicatrizes.

Eu estava bem sozinho e, por muito tempo decidi não ter mais ninguém na minha vida, até que senti falta de companhia, de alguém do meu lado, alguém no qual eu possa contar. Isso faz uns dois anos. Foi então, a primeira vez que me inscrevi em um site de relacionamento. Conheci um cara, saí, trocamos beijos e logo em seguida me afastei, porque não era o que queria, não teve mais que atração momentânea. Desinstalei o aplicativo, porque pensei que nunca encontraria alguém certo nesses aplicativos depois de várias conversas online. Papos legais, bons assuntos, mas nada que chamasse minha atenção. Nada que atraísse a alma, se é que você entende. Fora os aplicativos, fiquei com outras pessoas, pois sou humano. Mas não senti nada intenso por eles. Sabe, foi só aquilo do momento, depois nem lembrava.

Agora lembrei de uma coisa. Esse ano eu estava cansado, estava decepcionado comigo, com minha vida... Eu não sei o que deu em mim, queria me ''distraí". Conheci um cara que mora aqui perto de casa, é professor num local onde estudei. Vi ele duas vezes, na segunda vez a gente transou. Eu me senti tão mal depois que transamos; Me afastei dele, não o respondia. Me senti muito mal por isso, foi como se eu tivesse o usado. Um dia encontrei ele e, fiquei tão sem jeito. Ele gostava de mim, o problema era eu não sentir o mesmo.

Mas a melhor coisa ainda iria acontecer. Conversei com um cara em especial, mas não pensava em conhecer, se encontrar, conversar. Esse em especial, me chamou para sair no domingo, o dia que eu havia escolhido para fazer todas as coisas que acumulei durante minha semana entediante, inclusive estudar para a prova mais diabólica do mundo. Eu não ia aceitar e já estava decido, até que ele foi super fofo, muito fofo. Eu presto bastante atenção nisso, até que acabei baixando a guarda e combinado de o encontrar na manhã seguinte. Fomos ao Parque do Cocó. Eu cheguei no horário combinado, fiquei esperando 30 minutos e, esses trinta minutos pareciam não passar nunca. Eu saia e entrava naquele Parque várias vezes. Ele disse que estava chegando, mas parecia que nunca chegaria. Eu fiquei lá, olhando as plantas, as folhas, ouvindo uma cigarra e os pássaros, vendo as pessoas caminharem. Até que ele chegou. Eu comecei a caminhar ao seu encontro, ia brincar e fingir que passaria direto. Até que nos cumprimentamos, nos abraçamos comportadamente.

Começamos a conversar, falamos dos nossos signos, do que fazíamos, do local de encontro e seguimos até o mercantil.
A medida que nós conversávamos, fui percebendo que ele era uma pessoa atenciosa, meiga, engraçada e apaixonado por artigos de cozinha. Achei isso tão gay. Eu estava nervoso, as palavras não queriam sair direito da minha boca. Eu o estava achando incrível. Foi uma das melhores primeiras impressões que tive no primeiro contato.
Depois voltamos ao Parque, entramos e continuamos a conversar. Falei de algumas classificações de folhas, porque ele não havia demonstrado nenhum interesse quando falei o que eu estudava. Achei que seria instigante, mas aconteceu o contrário. Sentamos em um banco e, amei quando ele falou do meu rosto. Ele olhava com um meio sorriso para os meus lábios, uma hora se aproximou, achei que fosse me beijar, mas não foi naquele momento. Foi então que demos nosso primeiro beijo. Pude sentir os seus lábios e, confesso que já os havia desejado. Era um beijo molhado, também foi suave e desajeitado. Eu gostei. Demos outros desses. Queria o beijar todos os momentos, mas havia tantas pessoas com crianças passando.
Foi aí que ele falou que havia uma ponte pouco movimentada. Fomos até lá e ficamos por mais ou menos 4 horas. Foi o nosso encontro que mais ficamos juntos. Conversamos, nos beijamos, rolou uns amassos, uma mão ali, outra aqui. O tempo passou voando. Foi tão bom, foi tão incrível, foi tão maravilhoso, foi tão mágico, foi tão TUDO!!!! FAZIA TEMPO QUE NÃO HAVIA ME SENTIDO ASSIM COM ALGUÉM. Eu gostei tanto. Gostei muito. Para caramba. Não tem palavras na porra desse mundo para expressar o quanto eu gostei daquele dia.
Quando cheguei em casa, conversamos pouco. Acabei dormindo sem perceber e estava sem internet. Assim que acordei, falei o tanto que havia gostado de ter saído com ele, mas não falei tudo, estava me resguardando. Mas poxa! Ele acertou até o local.
Depois desse dia, eu estava apaixonado. Não estava muito apaixonado, mas à medida que nós dois conversávamos eu ia me apaixonando mais e mais.
Aí vieram os medos. Eram tantos pensamentos. Eu não queria estar me apaixonando, mas foi tão rápido, tão de surpresa. Passava pela minha cabeça todos os momentos a ideia que ele não sentia o mesmo, não estava na minha. Pois, não consigo acreditar que eu venha a ter algo recíproco com alguém. NÃO ACREDITO ATÉ AGORA.
Foi uma surpresa quando ele disse que estava arriado os quatro pneus por mim. Eu fiquei tão feliz, soltei um sorrisinho espontâneo. Ele ter falado que estava na minha, que estava afim de mim! Meu coração acelerou uns 1000m/s.. Aí o disse que também sentia o mesmo. Antes disso, quando ele falou que não havia encontrado ninguém que gostasse dele ainda, eu fiquei com ódio, porque mesmo não falando diretamente, dei todas as pistas.

Não sei se essa história te parece familiar, mas tudo isso foi o que passou pelos meus quatro sentidos. Toda essa maravilhosa percepção. Eu não sei seu lado dessa história, mas aguardo respostas.

Com muita satisfação,

EU  

Cartas aos desamores e amoresWhere stories live. Discover now