Capítulo 2

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Tão rápida quanto o vento ela chegou à sede da BRASFLY. Mal entrou no lobby do estacionamento e já estava ao telefone com Vanessa, querendo se certificar de que tudo estava pronto para a reunião. Vanessa informou que havia um problema com o projetor da sala, mas que estava resolvendo.

― Alguém já chegou?

― Dois diretores e uma moça ruiva, acho que é nova.

― A ligação irá cair. Estou entrando no elevador. Pode me encontrar em minha sala?

Ela havia solicitado à assistente que esperasse em sua sala, pois queria se preparar mentalmente para a reunião e repassar algum material. À medida que o elevador subiu seu estômago embrulhava mais.

Quando Victoria entrou, Vanessa olhava pelo janelão da sala o que parecia ser m avião arremetendo. A morena logo se virou em prontidão farfalhando seus sedosos cabelos negros quando a chefe entrou.

― Vic, sei que é totalmente inapropriado e que você está ansiosa com essa reunião, mas...

Deu uma pausa enquanto Victoria ia se juntando a ela na frente do janelão.

― Não conseguiu resolver o problema com o projetor?

Olhou para Vanessa que parecia estar escolhendo demais as palavras, gesticulando estranhamente.

― Anda desembucha, menina!

― William se encontrou com uma mulher num café após você ter saído do restaurante! Tenho fotos que o detetive já conseguiu. Eles se cumprimentaram com um selinho.

― Pelo menos não foi com um homem! ― tentou levar na brincadeira.

― Como assim? - Vanessa a olhou incrédula.

― Ora, por favor, NÃO ESTOU PRONTA AINDA!

Victoria saiu de perto de Vanessa. Ela terminou sentada com os cotovelos apoiados na mesa e escondendo o rosto. Era demais para ela encarar a realidade assim tão rapidamente. Ou o detetive era muito bom ou realmente William estava mesmo esfregando na cara do Rio e do mundo que estava tendo um caso.

― Que descarado!

― Homens, Vic. Homens...

O telefone de Vanessa toca dando um susto nas duas e ela atende e gesticula indicando que tinha que sair para resolver algo.

― Isso! Joga a bomba e vai embora! ― Victoria não podia ter outra reação senão ironizar.

O que Vanessa disse por último a deixou pensativa, porém.

Resolveu esquecer o assunto para que pudesse se preparar mentalmente para a reunião, ou melhor, para a reunião e para Martina. Não compreendia ao certo o motivo de estar tão aflita. Achava que era pelo fato de ela ter completamente esquecido desta parte de sua vida e ter sido pega tão de surpresa. Num passado muito distante havia tido um afeto enorme por Martina, mas agora, aquilo tinha morrido até onde sabia.

Faltando cinco minutos para a reunião, Victoria se levantou e se pôs a olhar a pista do aeroporto.

Não era uma vista qualquer. Dali ela tinha visão ampla de tudo: a ilha fiscal, a ponte Rio-Niterói, o pão-de-açúcar! Nos dias mais nítidos podia ver as cadeias de montanhas longe e a serra dos órgãos.

Não havia nada de interessante ali para ela, pois achava perda de tempo olhar a paisagem enquanto trabalho poderia estar sendo feito. Mas o motivo de estar ali era óbvio: para enrolar. Minutos a separavam de rever Martina e o frio na barriga já fazia parte do seu estado físico. Ela odiava a ideia de estar postergando algo inadiável.

O segredo de Victoria EM REVISÃODonde viven las historias. Descúbrelo ahora