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É parte da cura o desejo de ser curado.
Sêneca

Sakura relatou alguns lapsos que recordou após despertar do coma. Após sua fuga clandestina que acreditamos ter sido no aeroporto mesmo depois de conferirmos as câmeras de segurança e termos visto uma figura idêntica á ela, o resultado havia sido contrário ás nossas expectativas.

O homem que lhe ajudou era suspeito de latrocínio mas Sakura parecia mais desesperada que ele para fugir e ambos fizeram acordo. Só não contavam com o inesperado acidente que um dos trilhos deslocou-se causando a divisão do trem de passageiros.

Milagrosamente os vagões não explodiram mas quase todos sofreram graves contusões. Sakura abriu os olhos ao despertar, descobriu estar naquele quarto de hospital há dois meses. Sim, esse foi o período em que ficamos sem notícias dela.

Além disso, as escutas implantadas em todos os escritórios, decidi não contar nem aos meus amigos. Precisava de total sigilo quanto á isso. Caso, ninguém fosse o infiltrado eu mesmo arcaria com as consequências vindouras.

Até o momento ninguém agiu de forma suspeita. No entanto, alguém descobriria sobre as escutas em breve.

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Eu estava preocupado. Máfia nenhuma deixaria o alvo escapar por entre os dedos ou vivendo sua vida normalmente. Parei de receber ameaças. Rúbia não foi perseguida. Porém, esse incômodo dentro de mim estava praticamente insuportável. Afinal, o corrupto poderia ser qualquer um dos meus amigos e essa possibilidade encheu meu coração de angústia ferrenha.

Esse sentimento não prolongava por causa dela. Diariamente trocávamos mensagens, o que me tranquilizava de certa forma. Mas naquele dia ela não me enviou nada. Talvez, estivesse em um dia ruim, então, decidi incentiva-la com um pequeno texto contendo passagem bíblica.

Imagino que ela esteja naqueles dias conflituosos, o medo de ser capturada a qualquer instante.

Era uma manhã nublada naquela sexta-feira. Nem frio e nem calor apenas a leve brisa que o vento trazia. Sem provas de ninguém do departamento policial, comecei a ficar frustrado.

- Nossa, que cara péssima. - Nathan entrou sorrateiro no meu escritório. Observando agora, a expressão dele não era feliz há algum tempo.

- Não é nada demais. - Bati a tampa da caneta em cima da mesa pensando o que iria dizer. - Hã...tem algo que eu quero te perguntar, apesar de você não ser afim de desabafar.

Levemente os ombros dele retraíram.

- Você não anda bem há algum tempo. É algo em que eu possa ajudar?

Nathan ergueu as sobrancelhas um pouco surpreso. Provavelmente esperava eu perguntar sobre outra coisa.

- Na verdade...não. - Disse, misterioso. - você não pode fazer isso.

- Por quê?

Ele estava muito estranho. Ora, seu semblante denotava tristeza, ora mostrava-se sombrio.

- É problema meu, Paulo. Você não pode fazer nada. - Levantou-se pronto para sair da sala.

- Ei, calma, cara. Só estou preocupado. É para isso que amigos servem, certo?

Reversos √Where stories live. Discover now