Capítulo 4

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— Meu Deus, Rachel! – Tom solta uma gargalhada que ecoa pelo restaurante. Eu estava na pausa para a hora do almoço e como sempre, combinei de almoçar com ele no restaurante que fica na esquina da empresa. — Você é muito desastrada, querida.

— Eu fiquei vermelha igual a um tomate, Tom! Foi horrível. – Lamentei, dando uma garfada em minha salada.

— Oh Rachel, que prato é esse cheio de salada? Virou vegetariana? – Tom ri da minha cara emburrada.

— Não. Depois da festa na casa da minha mãe, aquele dia fatídico, eu engordei 4 kg. – Dou mais uma garfada. — Agora estou tentando perder peso. Pretendo chegar aos 60 kg.

— Pelo amor de Deus! – Tom revira os olhos. — Por que diabos você teima com o seu peso?

— Porque eu estou gorda! Eu vejo as mulheres no instagram com aqueles corpos supermodelados, magros e bonitos.

— Querida, aquilo tudo é ângulo. – Tom chama o garçom e pede a conta. — Você não pode tentar alcançar uma coisa que nem mesmo aquelas mulheres do instagram possuem. Aquilo é pura ilusão, então pare de se matar para se igualar a elas. Você é você, tem as suas próprias peculiaridades. Abrace o seu corpo, abrace quem você é e viva despreocupada com as calorias que as comidas possuem.

Fico calada escutando o que Tom tem a dizer. Meus olhos se enchem de água por causa de suas palavras. Não vou negar, estou cansada de contar as calorias, estou cansada de olhar as mulheres magras passando na rua, desejando ter o mesmo corpo que elas, estou cansada em ficar pensando toda hora que tenho que perder peso.

Estou muito cansada disso tudo.

— Tudo bem! Vou tentar, repito, TENTAR parar de me preocupar tanto assim com o meu peso. Vou tentar ir à academia, sem compromisso, apenas para tentar ficar saudável. – Me levanto da mesa e saio do restaurante junto com Tom.

— Isso mesmo. Claro, não é nada ruim malhar um pouco, faz bem para qualquer pessoa. – Tom sorri. — Estarei aqui para apoiá-la nessa jornada.

— Eu sei que sim, Tom. – Sorrio — Bom, agora tenho que ir trabalhar.

— Fico muito feliz por você, querida. – Paramos em frente da empresa, Tom me dá um abraço e um beijo na testa. — Te amo xuxu. Depois me ligue.

Saio do elevador sorrindo com a minha nova decisão, me sinto mais leve, parece que tirei um peso dos meus ombros. Posso até me conformar com o meu peso, mas isso não vai ser uma desculpa para ficar só comendo besteira.

— Olá, senhorita Turner. – Mark Firth aparece ao meu lado enquanto eu estava indo a minha mesa.

— Senhor Firth! Olá. – Fico um pouco nervosa.

O evento da festa passa que nem um filme em minha cabeça.

— Como andam os preparativos para o evento beneficente? – Ele bota suas mãos no bolso de sua calça. Hoje ele está com um terno Armani, todo preto, incluindo a blusa social, que estava com alguns botões abertos na altura do peito. Seus cabelos estavam um pouco bagunçados, dando um ar de rebelde. E seus olhos, ah esses olhos azuis que tiram o meu sono.

— Está indo tudo em perfeita ordem, senhor. As cores já foram decididas, os convites já foram feitos, incluindo os convites por e-mail. – Abro meu caderninho para conferir o que já estava feito. — Só preciso que o senhor me mande a lista de convidados para que eu possa ver quantas pessoas realmente vão e para calcular quantos convites enviarei.

Quando eu acabo de falar, Mark para no meio do caminho e olha em meus olhos, um sorriso de canto surge em seus lábios.

Ele parece....orgulhoso.

— Muito bem senhorita Turner, estou impressionado...até agora. Espero que continue assim! – Ele pisca.

Eu fico paralisada.

É isso mesmo o que eu vi? Ele acabou de me elogiar? Esse momento é meu!

— O que? Até parece que uma mulher como você ficaria surpresa com um elogio de um homem. Ou até mesmo de qualquer pessoa.– Ele limpa a garganta, ficando com um semblante meio sério.

— Não estou acostumada com elogios. – Abaixo minha cabeça.

— Tem que começar a valorizar mais a si mesmo, Turner. – Ele levanta meu queixo e olha em meus olhos. — Ninguém pode fazer isso por você, além de você mesma.

— Obrigada pelo conselho, senhor Firth. – Sorrio.

Ele fica me olhando e depois balança a cabeça como se estivesse afastando algum pensamento.

— Só preciso de uma coisa. – Ele levanta o dedo indicador, sinalizando o número um.— Eu quero que você faça um discurso.

Oh não. Eu detesto falar em publico desde quando eu era pequena e tinha que apresentar aqueles trabalhos do ensino médio para a turma inteira. Eu sempre começava a suar frio, ficava com dor de barriga, era horrível!

— E-eu? Não acha mais apropriado o senhor fazer um discurso?

— Não. Até porque o discurso é sobre empoderamento feminino, sobre a imagem que a sociedade impõe para as mulheres. – Ele abotoa o seu terno. — Muitas crianças do orfanato não foram adotadas por serem, digamos, acima do peso.

— Isso é ridículo!

— De fato, é sim. – Ele levanta uma sobrancelha. — Seria bom você abordar sobre as mulheres e homens com esse problema de peso, ou de autoestima.

— Mas senhor, olhe para mim. – Olho para os lados. — Eu mesma tenho problema com o meu peso, com o meu corpo.

— Pelo amor de Deus, Rachel! Não me diga que você se acha gorda? – Ele me olha perplexo e em resposta apenas abaixo a cabeça. — Você é completamente normal, pare de pensar besteira. Mesmo que estivesse acima do peso, eu não veria nenhum problema. – Ele suspira e pega em meu queixo. — Rachel, você possui um corpo que deixaria qualquer mulher com inveja. – Ele olha em meus olhos.

— E-e-eu vou fazer o discurso então. – Olho para o lado, evitando o seu olhar.

— Não vale nada se não fizer contato visual, Rachel. – Ele adverte.

Respiro fundo e tomo coragem.

— Eu vou fazer o discurso, Sr. Firth! Não vou decepcioná-lo. – Olho em seus olhos, decidida em fazer um discurso que incentive todas as pessoas com o mesmo problema que eu possuo.

— Eu sei disso, Turner. – Ele dá um sorriso de lado. — Agora volte ao trabalho. – Ele limpa a garganta e vai para a sua sala.

Eu fico parada no meio do corredor, com o coração acelerado, confusa com o que acabou de acontecer ali, ainda mais com as suas palavras.

Estou feliz e segura de que farei o possível para que esse evento arrecade o maior número de doações possíveis.

Meu querido chefe: HOMENS PODEROSOS, VOLUME 1 (DEGUSTAÇÃO)حيث تعيش القصص. اكتشف الآن