capítulo 2 - Decepções

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A semana correu de forma lenta e monótona: Deveres, cronograma, deveres, clubes, deveres, comitês e mais deveres. 

Devia ser proibido passar tanto dever de casa logo na primeira semana de aula. 

Fiquei a manhã de sábado inteira trancada tentando resolver as questões torturantes de trigonometria .

- Hey, tudo bem? - Perguntou Marie da porta. Ela estava com uma bandeja onde eu podia ver um sanduiche e um copo de suco. - Você não desceu pra almoçar.

- Sim.. É só a trigonometria. - Revirei os olhos. - A gente vai usar isso pra alguma coisa na vida? - Ela sorriu e adentrou o quarto. 

- Teoricamente, sim, mas não me pergunte em quê. - Respondeu ela com um sorrisinho. - Quer que eu peça pro Mike ajudar você? - Perguntou colocando a bandeja sobre a escrivaninha.

- Ele já se ofereceu, mas eu quero tentar sozinha.

Ficamos em silêncio e ela sentou na minha cadeira da penteadeira parecendo inspecionar o local.

- Tudo certo? - Perguntei.

- Você gosta de branco? - Perguntou ela e franzi o cenho sem entender aquele assunto.

- O quê?

- Todas as paredes são brancas.

Olhei ao redor, eram brancas sim, mas não me incomodavam.

Haviam mais prateleiras na parede com livros e alguns objetos especiais como uma concha grande que achei na praia. Vários quadros também estavam nas paredes, fotos que tirei, fotos do casamentos dos meus pais e as fotos que trouxe comigo quando saí do Brasil. Além de uma moldura divertida com fotos do grupo de apoio que ganhei de aniversário.

O quarto não era nem de perto parecido com aqueles estampados nas revistas de decoração que Marie gostava, mas não era um problema pra mim, aos poucos, ele está ficando com a minha cara.

- Não tem vontade de pintar uma parede de rosa ou lilás?  Talvez preto? Estou pensando em mudar um pouco a decoração. Já faz um ano que estamos aqui. - Justificou ela.

- Tenho vontade de pintar uma parede de turquesa. - Revelei dando de ombros.

- Posso providenciar! - Disse animada, pelo jeito, eu era a única ou a primeira a dar atenção para a sua obra.

- Obrigada. - Sorri e voltei a atenção para o meu dever, mas ela continuou ali, batendo o pé, como se quisesse dizer algo a mais. - Acha que seria melhor mudar mais alguma coisa? - Perguntei intrigada.

- Ah, não, não. Seu quarto é aconchegante. Bem querida, é que eu queria dizer uma coisa.

- Percebi.

- Seu tio devia estar aqui também, mas ele não concorda ainda. 

- Com o quê? - me sentei próximo a ela para prestar mais atenção.

- Moore conversou com a gente. - Meu coração acelerou. Será que tinha algum problema? Ela não podia contar o que aconteciam nas sessões a menos que me apresentasse algum risco então... O que era? - Ela disse que não precisa mais de consultas obrigatórias.

Senti o grande sorriso se formar em meu rosto.

Eu adoro a Dra. Moore, mas não precisar ter consultas com ela era sinal de que estava evoluindo.

- Ela disse que você avançou muito ao longo deste ano. Bom, terapia sempre ajuda, mas se quiser falar com ela, agora será por iniciativa sua.3

- Isso é ótimo! - Exclamei entusiasmada. - Mas por que meu tio não concorda?

A Menina do Espelho - Reflexo (Vol. 2)Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt