Meus contos

Tomorreu

A mãe acorda meio sonolenta e vai à cozinha. Coloca a água para ferver, deixa o caneco no fogão enquanto fatia um bolo já velho, que está na mesa.Deixa a água ali e vai chamar seus filhos. Ela se dirige ao quarto da filha, dá um beijo em sua testa e a chama para acordar, faz a mesma coisa com seu filho, Tom.
A mulher vai ao banheiro, tira a roupa e entra dentro do box. Ela fica pensando na vida, está em outro mundo, quando é interrompida por um grito. O grito soa alto e agudo. A mãe se assusta e vai até o quarto da filha, ela se encontra no chão amarrando o tênis.
— Alasca, aconteceu alguma coisa com você? Está bem? Você quem gritou?
— Estou bem, mamãe. Acho que o grito foi do Tom.
Ela corre ao quarto do filho, ele não se encontra nele. Na cozinha, também não. Ela se dirige ao banheiro e o garoto se encontra aí. Seu corpo está virado para cima, exceto sua cabeça, que forma um ângulo de 180° com o chão.
A mãe, embrulhada na tristeza, sai da suíte e vai até a sala, pega o telefone fixo e disca para a ambulância e, logo, para a polícia.
Leva menos de quarenta minutos para ambos chegarem ao local. A filha descansa no quarto, após a mãe ter dado um remédio forte para ela. A ambulância leva o corpo para uma pericia. A polícia conversa com a mulher.
— Onde você estava quando ouviu os gritos?
— Em meu banheiro. — diz a mulher chorando.
— E ele?
— No banheiro.
Ele faz mais algumas perguntas.
— Ok, então agora descanse um pouco. Necessita água ou algo do tipo?
A mãe, ainda em choque, nega com a cabeça e deita na cama.
Ela adormece.
Quando acorda, os policiais estão em seu quarto, conversando sobre algo não identificado pela mulher.
Um deles vê que a mãe acordou e se aproxima da mesma.
— Posso conversar com você?
— Pode. — diz a mulher ainda abalada e com fortes dores de cabeça.
— Você disse que estava no banheiro e seu filho também estava em um banheiro, correto?
— Isso. — concorda a mulher.
— Mas, nessa casa, há somente um banheiro.