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Sander Kravz deixa cair o gigantesco saco de lixo no chão quando eu o empurro e pressiono a lâmina contra seu pescoço, meu antebraço sobre seu peito, mantendo-o firmemente apoiado contra o tronco de uma árvore

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Sander Kravz deixa cair o gigantesco saco de lixo no chão quando eu o empurro e pressiono a lâmina contra seu pescoço, meu antebraço sobre seu peito, mantendo-o firmemente apoiado contra o tronco de uma árvore. Não tem para onde fugir.

Infelizmente, o susto que leva com minha abordagem é suficiente para remover o estúpido sorriso de seu rosto apenas por um segundo. No instante seguinte, ele me encara com uma sobrancelha erguida, exibindo um prazer doentio, como se eu estivesse me insinuando ao invés de ameaçando cortar seu pescoço.

— Você tem cinco segundos para me dizer se empurrou a Tinker naquele poço ou não — sibilo.

Como resposta, ele ri.

— Foi isso que o seu namorado disse?

— Não se engane a meu respeito, Kravz. — Estreito os olhos e pressiono ainda mais a foice, desenhando uma fina linha vermelha em sua pele. — Eu sobrevivi durante muitos anos em lugares e situações que um tibbutzino mimado como você não vivenciaria nem em seus piores pesadelos. E acredite quando digo que não consegui isso apenas arrasando num vestido.

Ele deixa escapar um leve gemido misturado ao suspiro e sei que sente dor. Mas não dá o braço a torcer. Seu sorriso logo retorna e o olhar é tão condescendente que me faz querer matá-lo quer confesse ou não.

— Imaginei. Quer dizer, você ficou bem na Festa da Singularidade, mas não tão bem assim.

Eu não sei o que ainda me impede de degolar esse garoto. A cada palavra quero picá-lo em mil pedacinhos.

Minha mente vaga para a madrugada passada, quando esperávamos juntos pelo amanhecer, sentados nos degraus de pedra de um lagar, apenas aguardando o momento para que eu pudesse ir até a casa do Raah fazer meu pequeno jogo de sedução e manipulação. O ambiente cheirava a uma mistura de suco de uva fermentado, vinagre e grama molhada.

— O que você ganha com isso? — Sander me perguntou, puxando duas vezes de leve uma pena da minha fantasia a fim de chamar minha atenção.

Uma de suas pernas roçava de vez em quando contra a minha e eu sentia que, por conta do nosso objetivo em comum e por essas horas passadas juntas trabalhando, ele já não me parecia tão repulsivo.

— O que eu ganho?

— Sim. Eu tenho meus motivos para ir contra o sistema. Quais são os seus?

Eu não me sentia pronta para revelar a verdade de uma vez, então dei de ombros e soltei o discurso que me soou mais agradável. Ou, ao menos, o que me fazia parecer uma pessoa melhor.

— É o que qualquer ser humano faria. Não se mata uma criança. E Tinker? Você já conheceu essa garota? Ela é tão incrível.

Uma semi-verdade deveria bastar. Tinker já era, mesmo, motivo suficiente para arriscar minha vida. Mas Sander umedeceu os próprios lábios com a língua e afunilou os olhos, me perscrutando de uma forma que eu soube imediatamente que não acreditava em mim.

HUMANO [COMPLETO]Where stories live. Discover now