Amora

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Eu sou sua tequila

me bebe

se embriaga da minha saliva

tu me engole

eu te rasgo a garganta

degusta

só um gole

te deixa tonto

sou um litro de tequila combo:

amor-sal-e-o-copinho

tenho o que você quer

e tenho aonde você beber

basta um lugar

pode ser na rua

pois

em qualquer beco dessa cidade, eu sou tua.

Basta me comprar

o preço é alto:

o mais lindo sorriso

digo

apenas o teu

eu te aqueço

te derreto

sei como incitar teus líquidos

sou ele próprio

escorrendo

pelo seu corpo

a lingua quente

molhada

pela sua virilha

devagar

lento

tao lento que quase para

te agita

instiga

que covardia essa de despertar um desejo animal, acender a porra do cigarro e sair sorrindo

vai embora

veste o teu jeans

mas não se preocupa

na minha loucura

qualquer tecido é fragio

eu te rasgo a roupa com os olhos e depois te trago

te trago para dentro de mim e aí

não existirão barreiras inquebráveis a nós

se meus olhos te incitam, tua boca me faz delirar.

A tua língua tem um templo entre as minhas pernas.

Tuas mãos, um parque de diversão e prazer em meu corpo

os meus beijos são donos dos teus arrepios.

Eu te prendo em mim, você parece assustado

fui rápido demais?

desculpe

comecemos então por um litro de corona

esse não é forte

não embriaga fácil

só adoça a boca

eu vou devagar

te arrepiando aos poucos

lentamente engolindo seu corpo

minhas unhas insistem em arranhar suas costas

eu te dobro e desdobro

te mato

revivo

te crio

te calo

te bebo

engulo

te faco gritar

ontem te fiz chorar

mas hoje

hoje você só vai gemer

arfar

tentar descontar o prazer apertando o travesseiro

você vai tentar ficar por cima

mas sabe

nessa cama eu quem mando

e eu to mandando você descer mais um pouco

apertar minhas coxas com força e voltar para o seu templo

não fala

só chupa

a dosagem do álcool hoje vai ser bem regulada

a tequila é a rainha da casa

e o copo pra me beber ta aonde você por a boca

o seu corpo é, de fato, o fogo

só arde

queima minha pele

É sua vez de me fazer gritar

você tem moldes de escultura gregoriana

você me chama

dança

sorri e sabe

esse é meu desconcerto

é aí que perco o controle

é aí que você assume

vem

fundo

com força e lento

leve e rápido

me tira o ar

eu toda sou tua casa

segura minhas mãos

me morde

arranha

devolve todo o prazer que eu te dei

quero brincar assim

reciprocidade no olhar e no toque

sentimos esse fogo

vindo de baixo

mas é do coração que ta vindo a faísca que acende.

mais tarde

seremos um quadro

A representação do amor e do sexo

pois um é a forma do outro

a fórmula

as rosas e os espinhos

não existirá amor sem dor

e não existirá eu sem o teu sexo (amor)


Escrito por: Beatriz Lustosa

Homenagem: Amora

AmoraWhere stories live. Discover now