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Este capítulo é dedicado para a wotnewtmas

Os miseráveis não têm outro remédio a não ser a esperança.
- William Shakespeare

Newt tinha parado de contar quantas vezes a porta era aberta. Ele simplesmente não achava mais que valia a pena, também parou de contar quantas vezes saia para fazer suas refeições. Talvez apenas tinham se passado dias, ou quem sabe, semanas, nem motivo mais para estar ali o menino tinha, a única certeza era que ele estava sendo mantido preso e saber disso não agradava o loiro nem um pouco. Teve noites em que ele se recusava a dormir, lutava para ficar com os olhos abertos quando as paranóias da sua cabeça pareciam ser melhores do que seus sonhos, e ele tinha saudades de quando não sonhava com nada, se Sandman tinha se lembrado do garoto com toda certeza não foi de um jeito agradável. Alguns de seus sonhos eram repetidos, mas sempre traziam o mesmo sentimento de medo e se aqueles eram fragmentos de memórias da sua infância por Deus ele não queria se lembrar de nada.

Pela primeira vez se sentiu enlouquecendo, depois da consulta com Ava os remédios que Newt tomavam foram diminuídos para um e por um momento ele até pensou que estava sofrendo uma desintoxicação das outras drogas que tomava todo dia, mas quem ele queria enganar? Agora até achava que alguma coisa ficava observando seus movimentos no escuro.

Ele apenas não podia se deixar quebrar totalmente, não sabia se teria volta. Como não possuía nada para se apegar, alguma coisa que desse esperança para sua pobre mente ele apenas pensava em si próprio, a sua força de vontade era a única coisa que mantinha uma certa sanidade em meio ao caos instalado.

Tinha que lutar contra aquele vazio que se instalava e ia se espalhando cada vez mais por todo o seu ser, qualquer deslize cometido e ele poderia se perder ali dentro para sempre e ele não queria conhecer a versão de si que fosse consumida totalmente pelo vazio ao ponto de não achar uma luz guia de volta para a vida.

Newt já tinha perdido para a escuridão.

Não sabia como suportar o tempo, pois já não tinha mais pensamentos para que podesse se perder e não tinha memórias boas para pensar e as que possuía pareciam ser completamente falsas.

Passou as mãos pelo próprio rosto para que podesse sentir a própria pele. Ainda era real.

E o tortuoso tempo não passava e se passava Newt era impossibilitado de perceber esse fenômeno, talvez Chronos não estivesse mais em harmonia com ele ou apenas fazendo algum tipo de piada.

"Chronos ou Cronos é o nome dado para a personificação do tempo, de acordo com a mitologia grega e atualmente é a definição do tempo cronológico e físico."

Mais uma vez a porta foi aberta e como resposta o garoto fechou os olhos rapidamente, nunca se acostumaria com a claridade repentina.

- Seu dia de sorte chegou Newton. - Ouviu a voz do enfermeiro e abriu os olhos com um pouco de dificuldade para poder olhar quem era, mas de fato, não sabia.

Nenhum som saiu da boca do loiro.

- Isso significa que você está livre e já se passaram semanas, você aguentou bem garoto! ou será que enlouqueceu? - O enfermeiro usou um tom sarcástico.

A palavra livre trouxe uma sensação estranha de formigamento dentro do garoto que ia se espalhando e quase podia deixar que ele ficasse elétrico se não estivesse tão esgotado. Ainda não tinha a certeza se estava livre apenas daquele quarto ou daquele maldito lugar e ele torcia muito para que fosse a segunda opção.

O enfermeiro encaminhou Newt para fora do quarto e trancou o mesmo com a extensa placa metálica que produzia um alto barulho que parecia arranhar os tímpanos do menino.

POLAROID. newtmasOnde histórias criam vida. Descubra agora