Capítulo 22: desabafo

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             Há 4 dias no hospital, 1 completamente dopada e outros 2 com a consciência ainda abalada com as fortes medicações, hoje era o primeiro momento em que Ana realmente tinha condições de se expressar. E tudo o que ela fazia era chorar. Chorava pelas lembranças, chorava pelas escoriações e machucados na pele clara, chorava por saudade do filho com quem tinha apenas falado pelo telefone porque, devido ao seu estado emocional, não pode vir ainda. Ana tinha medo pelo bebê que esperava e implorava para voltar para sua casa.

Grey não sabia mais o que fazer. Já tinha feito todos os preparativos para que Ana fosse bem atendida em casa, mas não conseguia liberação do hospital para isso.                                                      

- Você ainda não teve alta, amor. É pelo bebê. Por favor, só mais um pouquinho de paciência. – Esse argumento fazia com que o choro parasse, mas a tristeza permanecia ali. – Eu vou falar com os médicos. Volto num minuto. Carla...você fica aqui?

- Claro.

Na sala de espera Grey encontrou Kate, Elliot e Grace. Todos sabiam da razão de sua preocupação. Fisicamente Anastásia estava evoluindo bem. Apesar de ainda necessitar de cuidados, não corria nenhum risco. O bebê tinha, corajosamente, superado a fase crítica e, mesmo ainda de risco, a gravidez seguia.

O maior problema era emocional. Nunca conseguiu lidar bem com as lágrimas de Ana. E elas não paravam de cair por sua face nos últimos dias. Tinha medo dessa tristeza toda.

            - Mãe...eu preciso levar a Ana pra casa. Lá, perto do Teddy, com o carinho de todos, ela vai sofrer menos. Eu preciso ver ela sorrir mãe.

            - É pelo bebê que eles a estão segurando aqui, Chris. Converse com o médico. Mas entenda o lado deles. Se a Ana perder esse filho aí sim sofrerá muito mais.

            - Nem diga isso mãe. Eu já falei com Flynn. Ele vai vir aqui conversar com ela. Acho que quando se abrir ela ficará melhor.

            - Ela não te contou nada? – Perguntou Elliot.

            - Nada. Quando eu tentei puxar assunto ela chorou ainda mais e eu não soube como lidar com isso. Mas em casa será melhor. Ela se sentirá mais segura. Eu queria que Flynn a atendesse lá. Não nesse lugar frio, mas no lar dela. Kate, eu preciso da sua ajuda.

            - O que eu posso fazer? – As amigas não tinham conversado muito nesses dias. Kate apenas tinha lhe emprestado o ombro para desabafar, mas Ana preferiu o silêncio. E Kate sabia que Ana só falaria quando tivesse força. Precisariam esperar. Mas ela estava ali.

            - A Ana não fala nada mas...eu sinto que o cabelo é algo que também a incomoda. Só que...se eu comentar algo ela pode ficar chateada achando que eu não a acho bonita e essas coisas de mulheres. Você poderia, sei lá, chamar o cabeleireiro dela aqui pra fazer um corte no cabelo. Eu quero que a Ana volte a ver o quanto ela é bonita.

            - Claro. Vou ligar pra ele.

            - Eu vou ver se consigo a liberação do hospital. Se conseguir, levo ela ainda hoje pra casa. Aí vamos precisar ver uma roupa leve pra ela deixar o hospital. Algo que seja fácil de tirar e colocar, por causa dos machucados. E bonito porque ainda há fotógrafos em todas as saídas do hospital. Não quero que ela veja nenhuma foto em jornal e fique chateada com sua aparência.

            - Chamarei o maquiador para disfarçar o hematoma no rosto. – Kate decidiu.

            - Isso. – Grey concordou. – Eu quero blindar Ana contra qualquer comentário que colabore pra piorar essa depressão dela. Assim que estiver nós vamos viajar para um lugar tranquilo. Ela tem que esquecer esses dias de terror.

Regras Quebradas, Limites Ultrapassados!Where stories live. Discover now