Capitulo 1 | Acordada

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So take me to the paradise
It's in your eyes
Green like american money
You taste just right...

     Beatriz sentia a música entrando em seus ouvidos, alta, fazendo-a sentir dor de cabeça. A festa estava agitada, todos dançando e se divertindo, todos com exceção dela. A garota se sentia no clipe de Here, da Alessia Cara. Com certeza essa música a definia naquele instante.

Exausta de estar jogada em um canto, decidiu ir para o lado de fora fumar e se distrair. Poderia ter avisado Michael, mas ele estava na pista de dança se divertindo, não queria tirar essa diversão do amigo. Portanto saiu sem avisar.

Pouco menos de três minutos depois ela se encontrava encostada na grade da varanda tirando um cigarro do maço e colocando na boca.

— Eu posso acender para você. — Beatriz se virou e era Calum, um garoto de sua turma.

Ela não recuou, apenas ficou imóvel e sem resposta por alguns instantes antes de concordar.

— Ahm... claro.

A garota esperou que ele desse alguns passos para chegar perto dela, quando o fez, com o isqueiro já em mãos, acendeu o cigarro dela. Beatriz, pegou outro cigarro de seu maço antes que ele peguasse um do dele e colocou entre os lábios do maior, dando um sorriso largo em sequência.

Os minutos do lado de fora da casa foram jogados fora, aniquilados por conversas, risos, sorrisos e algumas cantadas. Pouco a pouco, assim que terminou seu terceiro cigarro, Calum chegou mais perto da menina enquanto ela sorria de canto. Beatriz não recuou, apenas foi com a mão até a nuca do moreno e se deu ao luxo de aproveitar a festa como alguém normal. O encanto acabou quando Ashton apareceu.

— Beatriz! — ela ouviu a voz de seu ex e se separou do neozelandês, olhou firme para o cacheado.

Ashton estava incrédulo com a cena em que encontrou Beatriz. Ele não havia superado dela.

— O que você está fazendo? Eu estava te procurando por toda parte e encontro você aqui, fazendo essa merda!

— Ashton, cala a boca! Eu não sou propriedade sua, e não pedi que fosse minha babá. Cai fora!

Calum deu pra trás deixando que a garota desse passos para frente enquanto parecia se defender com palavras.

— Beatriz, me desculpa. É que... eu estou com saudades e agora encontro você beijando outro... eu- eu só queria te ver.

— Já viu. — ela falou grossa, jogou os ombros pra cima e depois se voltou a Calum.

Ashton fechou a cara, mas não respondeu nada. Ele visualizou Calum, que continuava ao lado de Beatriz. Calum estava com a mesma expressão de Ashton. O loiro parou de encarar Hood e voltou sua atenção a Beatriz, que por sua vez cruzou os braços, para Ashton aquilo foi a sua deixa para dar de costas e ir para longe.

— Ex? — perguntou Calum em um tom já convicto.

— Sim. Nada que eu não dê conta.

— Certeza? Posso ajudar se quiser, conheço uns caras que podem acabar com ele rapidinho. — Hood riu levando Beatriz a rir também.

A noite continuou e Beatriz se sentia bem, mesmo depois do episódio com Irwin. Calum não era como os outros na festa; ele a entendia, era como ela. Ambos eram parte do clube dos "incompreendidos socialmente". A cada palavra que saia da boca do moreno, a garota se apaixonava mais por ele, ela queria ouvir ele falar, queria poder concordar mais com as palavras que ele expelia.

A noite teria terminado bem, porém tudo começou a desandar quando Calum teve que ir embora, ele teve que voltar para o mundo real, voltar para o hospital onde estavam sua mãe e irmã. Beatriz decidiu que era hora dela ir também.

Eles foram juntos até o final da rua, onde se despediram com um último beijo, e cada um foi para um lado. Quando a menina chegou a uns 10 metros de onde se separaram, lembrou que não trocaram os telefones. Droga!, ela pensou. Beatriz parou no meio da calçada, olhou para trás e depois para frente novamente e enfim decidiu que não iria voltar, não hoje, já que sabia onde ele estava; amanhã ou depois poderia ir até o hospital e dizer: "Oi, sou eu. A garota que você deu uns pegas naquela festa. Tudo bem? Como está sua mãe?"

Se caso ela tivesse voltado para a festa, talvez encontrado Michael, o pior não iria acontecê-la, não naquela noite. Mas ela seguiu até o ponto de ônibus, enquanto esperava resolveu contactar Clifford. Ela ligou para lê umas seis vezes, e ele não atendia. A garota apenas desistiu — o que não devia ter feito, pois na décima tentativa Michael teria atendido, pois estaria saindo na festa.

Um homem chegou ao ponto, porém Beatriz não o reconheceu, não conseguiu ver o rosto direito por conta do escuro, ele não falou nada e ela decidiu ficar quieta também. Em poucos minutos seu ônibus aponta no começo da rua e ela se pôs de pé, pronta para dar o sinal. Quando ela o fez, no exato momento sentiu algo em seu braço descoberto, olhou imediatamente para trás e não viu nada. Imediatamente pensou que foi apenas um mosquito ou outro inseto.

O ônibus parou quatro passos a frente e ela foi calma até ele, entrou e se sentou na última fileira. A viagem foi longa, para passar o tempo que restava antes de chegar em casa, ela colocou os fones de ouvido e começou a pensar sobre a noite que teve, a noite era só um pretexto para ela pensar em Calum. Nunca esqueceria esse nome.

Quase uma hora depois, ela desceu em seu ponto, andou até o final de uma rua e chegou em sua casa onde, para sua infelicidade, Ashton a esperava.

— Eu poderia ter trazido você.

Ela tentou ignorá-lo e passar pelo o mesmo, mas foi puxada pelo braço.

— Beatriz, por favor, vamos conversar. Eu só quero você de volta. Sinto tanta saudade do seu beijo, do seu corpo. — ele falou de forma mais mansa, apertando o olhar e indo com o corpo contra o dela.

— Me solta! — ela exclamou rosnando. Mas ele não cedeu. — Sabe, Ashton, você não quer uma namorada, você quer um brinquedo. Sua saudade de mim se resume a uma coisa: meu corpo. Eu sinto nojo de você. Não me comoveria contigo nem se você morresse. Agora, solta. O meu. Braço. — disse pausadamente antes de puxar o braço pra si e se livrar das mãos de Irwin.

Beatriz voltou a andar. Quando estava quase em seu lugar seguro, quando estava quase abrindo a porta de sua casa, ela sente uma dor no braço, como sentiu no ponto de ônibus.

-

Beatriz acordou tonta, colocou uma mão no chão e outra na cabeça. Assim que sua visão se estabilizou, pode ver suas roupas no chão, só assim se tocou que estava nua e vulnerável. O local a pareceu familiar, mas não lembrava com certeza de onde estava. Ela tentou se levantou, mas isso só a fez sentir o corpo inteiro doer e desmoronar mais uma vez.

Ao ouvir o som de um celular, a mesma desperta e começa a olhar ao redor. Toma forças para ir até onde o barulho ecoava. Assim que suas mãos foram no celular, a ligação parou, ela pôde ver a tela de bloqueio. A garota ficou paralisada por alguns segundos antes de sentir lágrimas quentes saírem por seus olhos e sua visão embaçar outra vez.

— Não — disse baixo. — Não. Não. Não. — começou a desesperar, sem acreditar. — Não. NÃO! Por que comigo? Por que?

Ela voltou ao chão, se encostou na parede atrás de si e cobriu o rosto com uma das mãos deixando o aparelho ao seu lado.

Nesta história temos uma incógnita: Beatriz foi estuprada. Nesta história temos uma variante: por quem? Você já o conhece.

BodylessWhere stories live. Discover now