Revelação

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Enquanto Will corria ele sentia seus pulmões queimando, não estava acostumado com aquilo. Seus olhos cheios de lágrimas contidas, ele mal conseguia respirar quando parou em frente a sua casa, percebeu que não tinha fogo algum.  Sentiu um alívio passar pelo seu corpo, e caiu de joelhos em frente a sua casa, chorando.

Jonathan ouviu alguém chorando, e quando saiu para ver quem era, Will estava ali, aos prantos, então ele se apressou para abraçar o irmão mais novo, e sem questionar nada o levou para dentro de casa, o carregando nos braços. Pouco tempo depois Richie e Mike chegaram na casa dos Byers, nem pediram licença para entrar, e ignoraram quando Jonathan os chamou, entraram no quarto de Will, apenas para encontrar ele embaixo das cobertas, chorando fraco.

—Will? O que aconteceu? —Mike perguntou, se aproximando, e sentou ao lado dele. Richie respirou fundo, e acompanhou o outro.

—E-eu... Eu vi minha casa pegando fogo. —Soluço. —Minha mãe... Ela... —Soluço.

—Calma, por favor, Willy. —Richie falou. Mike e Richie trocaram um olhar cheio de preocupação, e eles de repente não estavam se odiando.

Eles se entenderam naquele momento, com Will tremendo e chorando, Richie e Mike colocaram de lado o fato que eles não gostavam um do outro, tudo isso para cuidar do pequeno e frágil Will Byers.

Depois de um tempo, duas horas, talvez, Will acordou, nem percebeu que tinha dormido. Percebeu que estava sozinho, sentia-se cansado. Levantou da cama, e em passos lerdos caminhou até a cozinha, estava faminto, e queria qualquer coisa.

Quando chegou na cozinha ficou surpreso ao ver Mike e Richie fazendo um café da tarde, Mike ficou na parte do café, enquanto Richie começava a preparar as torradas. Sorriu, e quando Richie notou ele ali, deixou as torradas de lado e caminhou até ele, a testa franzida.

—Você tá melhor? —Foi a primeira coisa que ele disse.

—Sim, acho que precisava descansar. —Mentiu. A verdade era que ele ainda estava com aquela sensação agoniante, e não queria dizer, porque não sabia explicar.

—Vem comer. —Mike disse, os olhando, na verdade, olhando para Will, o rosto franzido da mesma forma que o de Richie, até nisso eles eram parecidos.

Will não respondeu com palavras, apenas caminhou e sentou em sua cadeira, sim, era a dele. Tinha até seu nome escrito. A cabeça do Byers rodava, e parecia que ele iria desmaiar, quando a xícara de café foi colocada na sua frente, sua mente focou apenas naquilo, ele não conseguia ouvir as vozes dos meninos falando com ele, e também não via nada além daquilo. Ele entrou em um estado de transe. Seu consciente estava adormecido naquele momento, e então imagens começaram a surgir.
Will conseguia ver claramente Joyce saindo do trabalho, caminhando até sua casa, estava de noite, não tinha ninguém na rua. Alguém interceptava o caminho dela, a expressão de medo no rosto da mulher doce fazia com que Will quisesse fechar os olhos, mas ele não conseguia. O homem, era claramente um homem pelo tamanho, e pelo corpo, a puxou, fazendo ela entrar em um carro, ele não conseguia dizer qual era a marca, ou modelo, Will não entendia muito de carros. A cena acelerou até um momento onde o homem estava de frente para Joyce, ela chorava, mas Will não conseguia ouvir o que ela falava, parecia que ela estava implorando para ele deixa-la ir, dizendo que tinha filhos, o homem, por outro lado, usava uma máscara, e então saiu da pequena cabana, que ficava no meio de uma floresta morta, e ateou fogo no lugar,Joyce ficou lá dentro.

Will voltou para seu estado consciente, e sentiu aquela sensação ruim de novo. E acima disso sua mão doía como se tivesse sido queimado, e quando ele olhou para sua mão direita, tinha uma marca ali, como uma tatuagem que ele nunca fez, ou como a forma como marcam cavalos, tinha um arco em sua mão. Will levantou, cambaleou e foi até o banheiro, vomitou tudo que tinha comido mais cedo. Quando ele levantou o rosto, atrás dele estava Bob, o rosto contorcido em dor, e Will tinha certeza que agora tinha enlouquecido.

Ele saiu do banheiro correndo, e encontrou os dois meninos no mesmo lugar, travados. Wil respirava pesado, e parecia exausto, mesmo que tivesse acabado de acordar.

—Eu... Eu acho que eu vi o futuro. —Ele disse. Com medo das reações, virou seu corpo e olhou para fora da janela. Tinha um gato preto olhando fixamente para ele. —Eu vi minha mãe sendo morta. —Richie e Mike se entreolharam, Mike não duvidava, até porque Will já ficou preso em outra dimensão, então talvez não seja impossível. Richie também não duvidou, afinal ele e seus amigos de outra cidade tiveram que matar um tipo de palhaço assassino que é uma entidade, então ele não duvidava de nada.

—Mas, como você acha que... Ahn, isso vai acontecer? —Will virou o corpo lentamente, vendo que eles não estavam o tomando por louco.

—Um homem vai sequestrar ela, e a levar para uma casa em alguma parte de uma floresta, então ele vai colocar fogo na casa, e sair. —Will falou, mas sua voz saiu diferente. E então ele sentiu arrepios, agora a profecia foi dita, e o peso das palavras é algo que ele ainda não entendia. Magia está em tudo, em palavras principalmente.

O ambiente ficou pesado. E como em uma sitcom, a mãe de Will chegou naquele momento, carregando sacolas, e quase derrubando algumas, Will caminhou até ela e a ajudou. 

Então ele parou e olhou para sua mãe, e sentiu uma tristeza tão grande, então ele abraçou sua mãe, Joyce se sentiu surpresa, mas abraçou o filho, e ele chorou, soluçava sem querer soltar sua mãe.

—O que foi, querido? —Joyce olhou para os outros meninos, ninguém iria querer falar para ela o que eles ouviram.

—Mãe, me prometa que você vai tomar muito cuidado quando sair do serviço? —Will disse, apenas pensar em perder sua mãe o machucava tanto. Fazia com que ele sentia-se inútil, o que adianta saber o futuro, se você não pode mudar ele?

—Querido, sobre o que é isso? —A voz doce de sua mãe o acalmava um pouco, com isso ele conseguiu parar de chorar.

—Está perigoso... Ultimamente. —Ela sorriu, e se sentiu feliz por seu filho estar preocupado. Claro que ela não sabia o que ele queria dizer.

—Tudo bem, vou tomar cuidado. —Ela disse, aos risos. Will queria manter ela assim, sorrindo, e viva.

Ele se afastou dela, e foi se distrair com seus amigos. Não queria pensar naquilo. O ano ainda nem tinha começado, e ele queria apenas aproveitar. Não queria se preocupar a cada segundo.

Joyce recebeu uma ligação do seu chefe, pedindo que ela fosse até a loja, alguém precisava fechar a loja naquele dia, e ele teve que ir ao hospital. Joyce apenas concordou, seu chefe era um homem bom, afinal. Sempre a ajudava, e quando teve aquelas coisas com Will e Bob ele a ajudou.

Will acordou e procurou sua mãe, ela não estava em casa. Já se passavam das 2 da madrugada. Ele sentiu medo. Chamou por seu irmão, e Jonathan acordou, se perguntando o que estava acontecendo.

—Vamos buscar nossa mãe, Jonathan. Por favor. —Will implorou. Jonathan, sem entender, apenas concordou.

Enquanto eles dirigiam, Will sentiu medo, e viu um carro se afastando da loja, e ele sentiu aquele arrepio ruim.

—Jonathan!! Segue aquele carro! —Ele chorou, e seu irmão ficou confuso novamente.

—Will, isso é estúpido. Nossa mãe está bem ali! —Jonathan apontou, e ela realmente estava ali, parada, olhando para os lados enquanto fechava a loja. Jonathan estacionou, e esperou.

—Hey, mãe, viemos te buscar. —Joyce olhou para trás e sorriu, feliz de ver seus filhos ali.

Mal sabiam os três que quando ela entrou naquele carro, aquela seria a última vez. Eles foram juntos para casa, sorrindo e Will se sentia aliviado. Mas eles não viram quando o carro que antes tinha saído, parou ali perto, e viu a cena toda. Eles não sabiam que o mal espreitava.

A/n: ok, isso demorou. Me desculpem, mas foi extremamente difícil de escrever esse capítulo, mesmo ele sendo curto, eu levei certa de uma semana e meia para fazer. Agora que estamos nessa parte da história, teremos alguns dilemas, e coisas ruins são inevitáveis. Bear with me. Obrigada por todo apoio que eu venho recebendo, significa muito para mim

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