Sal, Tequila e Limão

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O telefone do quarto tocou. Era da recepção do hotel:

― Dona Camila, a Sra. Elaine está aqui na recepção.

― Por favor, peça para subir.

― Tudo bem.

― Ah, e peça também para trazerem uma garrafa de tequila, sal e limão.

― Pode deixar, senhora.

Camila havia acabado de sair do banho. Pensou em pôr uma roupa, mas preferiu se dar o benefício da dúvida e ficou de roupão, sem nada por baixo. Ela e Elaine não se conheciam pessoalmente, mas se falavam por WhatsApp havia aproximadamente uns seis meses. O primeiro contato foi através de um aplicativo de encontros, só que, na época, Camila estava separada de sua mulher. Situação que mudou menos de dois meses depois. De todo modo, Camila não foi capaz de abrir mão das conversas com Elaine. Gostava mesmo da garota, as duas se entendiam bem e só não ficaram juntas porque moravam em cidades diferentes. Após reatar o namoro, Camila propôs a Elaine que continuassem se falando, mas apenas como amigas. Elaine, que também nutria grande carinho por Camila, aceitou as novas condições.

Naquela semana, Camila fora escalada para representar sua empresa em um evento promovido por um cliente. Por coincidência ou ironia do destino, o tal evento aconteceria justamente na cidade onde Elaine morava. Camila até tentou resistir, mas queria muito conhecer a amiga pessoalmente. Sabia dos riscos que correria com esse encontro, pois, por mais que as duas tivessem esclarecido bem as coisas, no fundo, ainda havia aquela curiosidade de terem algo mais. Conversaram bastante sobre o assunto e concordaram que aquele encontro se resumiria em uma boa conversa entre amigas, regada a muito sorvete.

― Não sei se esse encontro é uma boa ideia, Elaine.

― Por que não? Somos amigas. Vamos apenas tomar sorvete e falar sobre sexo.

― Acho que "sexo" não será um assunto seguro para nós.

― Que bobagem, Camila. Falamos sobre sexo o tempo inteiro.

― Sim, mas nunca falamos pessoalmente.

― E do que tem medo?

― Tenho medo de deixar o tesão me tirar o juízo e acabar te atacando.

― Não tem perigo com sorvete. Isso só aconteceria se fôssemos beber tequila.

― O problema é justamente esse: eu não gosto de sorvete. Prefiro tequila.

Brincadeiras à parte, Camila não queria trair a namorada. Perguntava-se o tempo todo se aquilo tudo, por si só, já não era uma forma de traição. Por isso, pensou e repensou sobre aquele encontro. Sua mente dizia que ele seria inofensivo, no entanto, seu corpo acendia inteiro com a simples possibilidade de encontrar Elaine. Tanto que durante aquele banho que precedeu a chegada da amiga, resolveu que seria melhor aliviar a pressão se masturbando. Embaixo do chuveiro, tocou seu sexo e o estimulou enquanto pensava na água quente escorrendo pela pele morena de Elaine, e as duas se entregando à uma luxúria sem reservas, ardente, alucinante. Gozou imaginando a boca de Elaine lhe tomando o sexo com maestria... e continuou com os movimentos até gozar de novo, pois quando pensava em Elaine, uma única vez não era o bastante para satisfazer seu desejo.

Saiu do banho com a certeza de que aquilo havia sido o bastante para que conseguisse se conter e já ia se vestir, mas foi só ouvir o telefone tocar que seu corpo todo acendeu novamente em antecipação. E foi sem sequer se dar conta da armadilha que estava armando para ela mesma que pediu a tequila.

A campainha do quarto tocou e foi como se estivesse ligada diretamente ao coração de Camila, pois sentiu seu corpo inteiro sendo eletrocutado. Precisou respirar fundo e sacudir braços e pernas para conseguir abrir a porta. Quando o fez, percebeu que Elaine não estava sozinha. Ao lado dela, o funcionário do hotel, segurando a bandeja com o seu pedido. Sem tirar os olhos de Elaine, ordenou ao rapaz:

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