Vagão de trem vazio.

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Jaebum terminou de rabiscar seus esboços no caderno e soprou a fumaça do cigarro para longe. O céu nublado escurecia e logo a trilha não poderia mais ser vista sem a ajuda de alguma luz fabricada, entretanto o moreno não estava se importando muito. Qualquer lugar que não fosse a sua casa era um lugar bom, e mesmo que esse lugar fosse escuro e solitário Jaebum adoraria permanecer sozinho na escuridão do que voltar para o aconchego de seu não tão doce lar. Não gostaria de ter que aguentar sua mãe reclamando sobre notas e seu pai dizendo que é um vagabundo, não, Jaebum preferia muito mais sumir durante uma semana e voltar sobre esporros do que ficar ouvindo ladainhas de todos os lados sem ter descanso. Era nesses momentos que desejava apenas se atirar de algum penhasco e colidir com a água e rochas. Seria doloroso, mas muito melhor do que respirar sabendo que qualquer coisinha deixaria seu humor em pedaços.

Seus pés se agitaram como as ondas lá em baixo, e silenciosamente o moreno deixou o cigarro cair e atingir as rochas escuras e salgadas pelo mar. Fechou seu caderno e o guardou na pequena mochila sem pressa, observando o céu tomar sua coloração escura e a lua iluminar levemente o chão onde estava sentado. Recolheu seus pés do penhasco e estava pronto para partir, entretanto um som chamou sua atenção e o deixou em alerta por um momento. Da trilha que viera alguns passos conseguiam ser ouvidos, e Jaebum se amaldiçoou por ter ido tão longe. Estava em um caminho de tráfico que antigamente era bem conhecido, e em sua inocência achou que ele não era mais usado porque os policiais tinham revistado a área algumas vezes durante a semana. Aparentemente os traficantes não tinham desistido, ou se tivesse sorte eram apenas caçadores.

Da trilha, em passos lentos, um garoto de cabelo negro e vários brincos surgiu.

— Huh? Vocês não disseram que ninguém mais vinha aqui?

Jaebum estreitou os olhos e com muita dificuldade reconheceu o rosto do garoto. Era Choi Youngjae, do terceiro ano. Ele não aparecia na escola há dois meses, mas ainda era considerado o estudante mais adorado do campus. O Choi fazia de tudo um pouco, desde desenhar até cantar perfeitamente bem, e dessa forma todos os estudantes e professores o amavam como se ele fosse um parente querido que vivesse longe. O Im, entretanto, nunca sequer tivera a chance de vê-lo ao vivo em cores até então, afinal sempre fora muito isolado e raramente prestava atenção em coisas chamativas. De beleza diferenciada, os vários brincos e algumas poucas tatuagens o deixavam com uma aparência um pouco rude, entretanto o sorriso bonito que abriu ao ver Jaebum denunciou sua bondade. De trás dele surgiram outros três garotos, Jackson Wang, chinês transferido, Mark Tuan, americano transferido, e Park Jinyoung, coreano um pouco nacionalista demais. Jaebum também não os conhecia, mas sabia seus nomes simplesmente por serem tão falados quanto Youngjae.

— Ah, é Im Jaebum, da outra sala — apontou — E aí, cara? Não está tentando se jogar, não é? A queda daqui deve doer.

— N-Não, só estava matando tempo — deu de ombros — Vou deixar vocês sozinhos, eu já estava de saída mesmo.

Jackson se apressou em falar.

— Pode ficar se quiser, estávamos usando a trilha como atalho — apontou para o leste — Está tendo uma festa maneira no antigo galpão e nós não podemos chegar pela avenida principal se não a policia nos manda de volta.

— Então pode ficar, Jaebum-ssi — Jinyoung sorriu fraco — Já estamos de partida.

— Não, está tudo bem — deu de ombros — Eu realmente preciso ir embora.

Youngjae estreitou os olhos.

— Você não quer ir com a gente?

Os três garotos fitaram Youngjae confusos.

Eu não quero voltar pra casa hojeΌπου ζουν οι ιστορίες. Ανακάλυψε τώρα