/ S E I S /

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Taylor

Era final de tarde de um domingo. A cidade de Nashville nunca esteve tão calma

Eu caminhava por uma praça, um livro em mãos. Vestindo um vestido florido, na altura dos joelhos, duas botas na cor bege, o cabelo preso e um batom vermelho que pintou meus lábios sem cor naquela tarde.

Parei pra observar um garotinho que tocava em seu violão no centro da praça. Sua voz mal saia e poucos entendiam a melodia, seu show era assistido por um casal de idosos, que sorriam observando o garoto.

Sem perceber já havia feito meus passos até o garoto, ele tinha a feição triste, por mais que quisesse esconder isso. Uma pequena boina francesa da cor preta estava no chão.

Contando de longe, havia dez dólares.

Tirei do bolso algumas das notas de dinheiro que eu tinha e coloquei lá. Ele abriu um sorriso espetacular.

Mas ainda sim, algo faltava ali.

Olho ao redor.

Faltava a música. Música que chama-se atenção das pessoas que passavam ali

Eu sabia cantar, e podia ajudá-lo. Por mais que eu fosse tímida o suficiente pra não fazer isso.

Deixei meu livro em um banco e fui até o garoto.

- Pode tocar pra mim?

Ele parece receoso, mas assente com a cabeça devagar.

Ouso as notas do violão se formarem em uma melodia, que eu conhecia.

-I have seen, seen it all in paper dreams
Watched it unfold on the screen
But I never understood.

Fecho os olhos enquanto sigo a letra
Sentia a movimentação ao nosso redor evoluir.

Barulho de moedas sendo jogadas, aplausos e sussuros de elogios.

Mas eu não tinha coragem de abrir os olhos.

- Oh, my, my, you just took me by surprise
And I can't believe my eyes.
Oh, I must be seeing blind

Quando a música finaliza. Ouso vários aplausos, e finalmente abro meus olhos.

Havia bastante pessoas ali. E dinheiro o bastante pra ele.

Olho o garoto, e vejo seus olhos lagrimejados. Bagunço os cabelos dele sorrindo docemente.

- Continue agora..

Sussurro, me afasto e pego meu livro.

Olho ao redor e meu sorriso some de repente. Meu olhar se cruza com um par de olhos verdes que me olhavam de longe.

Tento desviar o olhar mas, parece algo impossível.

O vento batia contra seus cachos, os deixando levemente bagunçados, seu sorriso peculiar de lado, deixava visível uma de suas covinhas.

Ele sorria pra mim

Acabo por sorrir também, e aceno de longe

Pego meu livro e começo a andar

Fazia dias que eu não falava com ele após o episódio do banheiro. Pra ele estávamos resolvidos, e pra mim também. Não fazia sentido

Mas ainda sim, eu me sentia magoada pelo oque ele fez.

Foi horrível o sentimento de desprezo que ele sentiu por mim.

Suspiro enquanto ando devagar pela praça. Eram em torno das 17:00 da tarde, logo mais iria anoitecer e meus pais ficariam preocupados.

Com amor, TaylorWhere stories live. Discover now