Voices |L.T|

Capítulo 7 - Miles.

Emma on

- Louis, você já saiu alguma vez desse hospício?- perguntei me sentando no chão, ao seu lado. Eu não parecia mais uma psicóloga, parecia uma adolescente de 16 anos conversando com o melhor amigo.

- Não. Nunca mais saí daqui. Não sei como é o mundo lá fora há 6 anos. Eu desaprendi a viver, Emma.- colocou os braços em volta dos joelhos e me fitou com os olhos azuis.

- Será que eles te deixariam sair daqui comigo?

Ele levantou uma sobrancelha.

- Duvido muito. Isso aqui é como uma prisão, não vão me deixar sair só porque você quer.

- Mas não é uma prisão.- ri.- Se eu provar que posso te controlar, talvez eles te deixem sair.

- Não acho que seja uma boa ideia.- murmurou.- Não tenho chance nenhuma de sair daqui até essas vozes, pra ser mais exato, demônios, me abandonarem de vez. Ai, que merda! Eles estão rindo de mim de novo!- cruzou os braços.

- Ignora eles. Se der atenção ao que eles dizem, você nunca vai sair daqui.- falei.- Me promete que vai ignorá-los?

- Emma, não é tão fácil quanto parece, eu não consigo fazer isso.- levantou-se.- Eles estão dentro da minha cabeça. São vozes que só eu posso escutar. Você não sabe o quanto é difícil ignorá-las. 

Abaixei o olhar pro chão. Ele tem razão, talvez seja mesmo difícil ignorá-los. Eu estava pra falar alguma coisa quando Andrew entrou na local, do nada, com um segurança atrás dele.

- Louis.- disse, com raiva na voz.- Venha aqui, por favor.

O segurança agarrou Louis pelo braço e enquanto o levava para fora do quarto, notei que os olhos de Louis ficaram negros de novo.

- Louis, não...- sussurrei, mas acho que ele não ouviu. Fui atrás deles completamente confusa.

- Muito bem.- Andrew começou, parando na frente de Tomlinson, que ainda estava preso ao segurança.- Você se lembra de hoje de manhã, quando o Miles caiu da escada?- Logo que disse isso, apareceu um garoto loiro atrás de Andrew, ele estava com uma das mãos na cabeça e olhava irritado para Louis.

- Lembro.- respondeu ele, com os olhos azuis de volta ao normal.

- Bem, Miles disse que foi você quem o fez cair da escada.

O seguraça apertou mais ainda o braço de Louis, que tentou tira-lo dali, mas não conseguiu.

- Não fui eu.

- Foi sim!- berrou o loirinho, provavelmente o Miles.- A última coisa que me lembro é você passando ao lado da escada. Foi você, eu vi sua mão nela! Me fez cair!

- CALA A BOCA!- berrou Louis, irritado. Ela tentava com todas as forças se livra do segurança que ainda o segurava.

- Seu babaca!- Miles gritou de volta.

- VAI SE FO...!

- Chega!- Andrew se aproximou de Louis.- Você poderia ter matado o Miles, ele caiu de cabeça no chão, seu idiota.- murmurou, sério.

Tomlinson cerrou os olhos pra ele, que recuou alguns passos. Nunca vi Louis tão furioso antes, estava assustando até a mim.

- Se você fizer mais alguma besteira, sabe muito bem o que vai acontecer.- dito isso, Andrew se afastou e o segurança colocou Louis de volta no quarto. Não me deixaram falar com ele.

- Espera aí... o que houve?- finalmente tomei coragem pra perguntar.

- Era de manhã, Miles é meu sobrinho e eu pedi pra ele trocar algumas lâmpadas do refeitório. De repente, ouço um estrondo e vejo que ele caiu da escada, Miles acordou agora a pouco e disse que Louis foi o culpado.- Andrew me explicou.

- Minha cabeça está latejando, tudo por culpa dele.- resmungou Miles.- Eu podia ter morrido.

Olhei bem para Miles e cheguei a conclusão de que ele não é nada feio. Loiro natural, olhos azuis, pele branquinha... Mas não gostei de ouvi-lo chamar Louis de babaca. Ele não tem culpa se vozes o obrigam a fazer isso. Miles me olhou de cima a baixo e me senti completamente desconfortável com isso, mas ignorei. 

- Como consegue aguentar Louis?- Andrew se virou pra mim.

Dei de ombros.

- Ele não me causa nenhum mal.- respondi.

- Qual é o seu truque?- Miles me perguntou.

- Não tenho truques, apenas trato as pessoas como elas devem ser tratadas.- cruzei os braços.

Andrew se encolheu um pouco, acho que entendeu o que eu quis dizer.

- Desculpe ter interrompido vocês.- disse.- Mas eu pensei que ele tinha matado o meu sobrinho.- riu seco.

- Louis não faria isso.

- Bem, ele matou a namorada, por que não me mataria?- Miles me encarou. Chega.

Dei meia volta em direção a porta.

- Ei, o que eu fiz?- ouvi Miles gritar.

- Só espero voltar amanhã e não te ver aqui.- gritei de volta e fui embora. Assim que entrei no carro, notei uma mensagem no meu celular.

Eu não queria matar Miles. Você me entende, certo? Xx Louis.

Suspirei. Claro que entendo.

Eu sei, Louis. Você só precisa se controlar. Xx Emma.

Isso é difícil, você não tem noção. Por favor, Emma, não me deixa sozinho nessa. Xx Louis.

Liguei o carro e olhei em volta. Liguei pra ele.

- Caramba, que susto.- sussurrou.

- O que houve?

- Eu pensei que esse celular estaria no silêncioso, quase que me pegam.

- Relaxa.- ri.- É o seguinte, Louis.

- Diga.

- O que acha de dar uma volta amanhã?

- O quê?- ouvi ele rir.

É, veio a minha mente mais uma ideia maluca.