Opostos.

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Jaebum gostava das coisas limpas, gostava de chegar em casa e ver tudo arrumado em seu cantinho, cada mínimo item colocado de uma forma estrategicamente simétrica e simples. Gostava da cor branca, da cinza, da preta. Eram os tons mais significativos para si e o restante de tudo que possuía. Minimalista; Jaebum era extremamente minimalista. Contudo a simplicidade em suas ações, bens e pensamentos não eram vazias. Havia um profundo sentimento e significado em tudo que expressava, e talvez fosse por terem olhos tão acostumados com as cores vibrantes que as pessoas não viam a mesma beleza que o Im via no monótono. Não que ele achasse isso algo ruim, pelo contrário, não se deixava estressar por qualquer comentário venenoso de sua mãe ou irmã sobre a casa ser muito gélida e sem aconchego, afinal ambas sabiam que Jaebum se sentia extremamente bem do jeito que estava. Também não se abalava pelos comentários dos amigos sobre ser simples demais, gostava de agir dessa forma e estava tudo bem desde que continuasse.

Em sua cabeça simplista e serena, Jaebum nunca conseguiria entender o motivo para ser extravagante, algum porque que deveria existir nisso. O barulho, as cores, a agressividade sinestésica que o atingia toda vez que olhava para um vermelho, azul, verde ou amarelo era simplesmente irritante. Preferia ficar o resto da vida inteira tendo que conviver apenas com a cor branca — que dentre as três citadas como favoritas era a terceira opção de escolha sempre —, do que ter que lidar com o berrante vermelho. Entretanto, fora em um desses acasos da vida que conheceu o ser humano mais extravagante e maximalista do mundo; e para piorar a cor favorita dele era exatamente o berrante vermelho que Jaebum repudiava mais do que tudo.

Jackson Wang era uma bagunça de cores que deixavam a cabeça descomplicada de Jaebum parecendo um nó sem ponta. Quanto mais tentava se ver fora dele, mais preso ficava. O sorriso belo causava uma sensação estranha dentro do Im, as roupas sempre tão justas e coloridas o deixavam tonto. E mesmo sendo o oposto ele ainda era interesse no ponto de vista de Jaebum, contudo o garoto apenas não sabia exatamente no quê. Jackson parecia simples, sempre disse amar o preto e o cinza, entretanto só usava vermelho, e não tinha nada de minimalista em sua casa cheia de detalhes, quadros, almofadas e canecas personalizadas. Era muita informação, muita coisa junta em um lugar quê, na opinião incomodada de Jaebum, era pequeno e abafado para seus pensamentos e ações.

E Jackson era maximalista, mas ainda sim conseguia atrair Jaebum, que era minimalista.

— Hyung você deveria me deixar pintar todas essas paredes — Comentou enquanto retirava os sapatos, sorrindo amigável. — Vai ficar tão diferente, tão eu.

— Não gosto de muita informação, Jackson — Afagou os fios castanhos, passando por ele despreocupadamente.

— Então você provavelmente não gosta de mim — Suspirou frustrado, cruzando os braços infantilmente e deixando um bico se formar em seus lábios.

Jackson era extremamente maximalista. Era luxuoso em todos os seus poros, gostava do exagero, da atenção. Ele era a colcha cheia de trapos presos, estampas se misturando de uma forma esquisita e incômoda. Era a blusa rosa combinando com a calça amarela e os tênis verdes, coisa que causava tremores em Jaebum — que só usava calças jeans pretas, blusas cinza e tênis brancos. Ele era a felicidade que o Im sempre encontrara em sua paz dentro de casa, mas ela era uma felicidade recheada de outras coisas que o deixavam tonto e procurando por respostas. E ele as encontrava, Jaebum realmente as encontrava.

As encontrava beijando Jackson em seu sofá branco. As encontrava sentindo o cheiro gostoso dele misturado ao seu. As encontrava o ouvindo falar, gemer, suplicar, e dizer:

— Eu te amo hyung.

E Jaebum respondia sorrindo do seu jeitinho minimalista de ser.

— Eu também, Jackson.

MinimalistaWhere stories live. Discover now