Nosso amor foi, por muito tempo, meu exemplo de como as coisas deviam ser.
Nós éramos um ótimo reflexo do que os filmes diziam sobre amor. Vivíamos entre sorrisos, beijos apaixonados, abraços demorados e juras eternas de amor. E por muito tempo eu acreditei.
Reinventar não era algo sobre o qual pensávamos ou que praticavamos, disso eu tenho certeza. Mas nada disso nos impedia de ser um casal forte e unido. E tava aí toda a beleza que, naquela época, nos cercava.
Não, eu não me arrependo de nada. Não me arrependo de ter te elegido como primeiro beijo, como primeira transa, como o primeiro digno a ouvir um sincero "eu te amo". Mas um dia eu me reinventei. Um dia eu vi que estávamos numa rotina que já tinha sugado o mínimo dos prazeres. Um dia eu percebi que o seu "te amo" já não me deixava mais sem chão. Percebi que seus beijos já não eram mais tão necessários e que eu podia passar um dia todo sem desejar estar com você.
Foi aqui que percebi. Era hora de mudar.
Não foi fácil, admito, mas uma chama pode facilmente se apagar, na mesma intensidade e rapidez em que se inicia um incêndio.
De repente, sem que eu pudesse notar, fui bruscamente envolvida por um outro par de olhos. Dessa vez eram castanhos. Me vi sem rumo, nervosa, desconcertada. O que era aquilo? Uma sensação familiar...
Em poucos meses a admiração se tornou amizade e, a amizade se tornou amor. Gradativamente, como tem que ser.
Não acredito em alma gêmea muito menos em contos de fadas, mas você se tornou minha exceção.
Me tirou de uma rotina morna e trouxe cor pra meus dias. Me deu bem mais do que eu podia querer. Me manteve perto e ao mesmo tempo me deu todo o espaço necessário. Me amou da forma mais pura possível e me fez ver quem eu era de fato.
Através de seus olhos eu vi o mundo, vi o melhor dele. Vi que beleza é um conceito mal feito é que nada devia se limitar a um padrão. Vi que até o amor não pode ser colocado numa caixa. Não existem moldes a serem seguidos em seu mundo e é por isso que agora quero estar nele.
Bastou apenas um passo pra um universo que estava a um palmo de distância.
Romper é preciso. Deixar pra trás algo que parece bom, mas é nocivo, é maturidade.
Antes de deixar o novo entrar é preciso se livraria do velho e de toda a carga que vem com ele.
