Leandro

101 19 54
                                    

Olá, Me chamo... bem. Não tenho um nome próprio na verdade por conta da condição de vida que me encontro mas... gosto de dizer pra mim mesmo que sou 'Az', tenho 20 anos e moro em... eu moro em... (bem, é difícil de explicar isso agora mas... tenho certeza que no decorrer dessa história vocês vão entender.) Ter um nome que eu mesmo escolhi, é uma das formas que encontrei pra nunca esquecer quem eu sou de verdade.
Eu nunca quis ser assim...desde muito pequeno eu não intendo porquê sempre acordava numa casa diferente com pessoas que eu nunca tinha visto antes. Todo dia eu via rostos diferentes me olhando no berço, me amamentando e até trocando as minhas fraldas. E essas mesmas pessoas que cuidavam de mim, não me olhavam com caras assustadas, surpresas ou desconfiadas, elas me olhavam com amor e carinho, me tratavam como um filho, como alguém que sempre esteve lá presente todo dia com eles desde que nasceu.
Nesse tempo, eu nem fazia idéia do que estava acontecendo, e cresci pensando que isso fosse algo normal e comum, e que todo mundo á minha volta também era assim. Imaginei que todos também tivessem a mesma natureza de vida que eu levava, Mas... logo descobri que não era bem assim.

São paulo, SP

Hoje estou dentro de um corpo do qual o dono se chama Leandro, que mora com a sua mãe. Checo as memorias dele e vejo que largou a faculdade de engenharia mecânica no segundo ano e hoje ele tá apenas fazendo bicos de motorista de "Uber".
Olho o meu celular e vejo que já são 9:13 da manhã, estou super atrasado pra começar a trabalhar. Corro pelo corredor em total desespero apenas de cueca e com a toalha sobre os ombros á procura do banheiro, sem me importar se meus pais estão ja acordados ou não.
Encontro o banheiro e vejo que a porta ta fechada, bata nela e ouço a voz da minha mãe responder
- calma! ja vou sair, é você Leandro?
Tento responder com calma sem demostra que estou com pressa
- sim mãe... sou eu, vou esperar aqui então, só não demore tanto, tá?
- atrasado de novo pro trabalho, né? Porquê chegou tão tarde ontem em casa?
Checo mais uma vez as memórias de Leandro e vejo que ele sempre tem uma desculpa pronta pra dar pra mãe quando chega tarde em casa, e a dessa seria um churrasco na casa de um amigo
- sim eu sei... fui num churrasco na casa do Thiago
- Thiago... que Thiago?
- um ex colega meu de faculdade mãe, você não conhece ele
- hum... escuta Leandro, eu sei que você já é adulto e não quer que eu me meta na sua vida o tempo todo mas... eu fico preocupado quanto você some a noite toda filho.
- desculpa mãe, mas não se preocupe eu sei me cuidar
- eu sei disso filho...
Ela abri a porta do banheiro e sai enrolada na toalha
- desde que seu pai morreu ano passado, tem sido apenas nos dois nesse mundo tendo que se virar do jeito que dar, e você tem sido bem forte. Tenho muito orgulho de você meu filho!
Tento fugir do olhar orgulhoso dela e me esquivo pra dentro do banheiro
- obrigado mãe, mas tenho que ir banhar agora, com licença.
- ok filho, não esquece de lavar atrás das orelhas em, e ver se lembrar de levantar a tampa do vaso sanitário, caso for usar!
Bato a porta rápido, encerrando por ali a conversa constrangedora com a minha mãe e invés de correr para o chuveiro, checo novamente as memorias do Leandro e descobro que ontem ele estava enchendo a cara e se drogando de todas as formas possíveis numa Rave. Checo mais a fundo ainda e descubro que ele deixou a faculdade não só porquê precisava de dinheiro pra ajudar a mãe, mas também pra sustentar o vício em drogas. Ele não era tão forte assim como a mãe pensava, o que fazia ele esquecer da morte do pai era o vício, e pois isso o corpo começou a entrar num estado muito forte de tristeza e arrependimento e nesse momento tudo que pode fazer foi deixar ele se extravasar, Liguei o chuveiro e Começei a chorar incontrolávelmente. Quando fui escovar os dentes, percebi que tinha uma lâmina escondida na escova da qual ele sempre usa nas manhãs pra se cortar e aliviar a dor sentia em seu interior. Usei toda a minha força mental para não fazer o que o corpo de leandro queria que eu fizesse, joguei a lâmina no vaso sanitário e dei a descarga.
Saí do banheiro e corri pro quarto, escolher uma roupa pra usar no guarda roupas de Leandro não foi algo difícil de fazer, como o seu trabalho não era algo tão formal ele tinha apenas roupas casuais e apenas algumas sócias, vesti uma calça jeans preta, com uma camiseta vermelha com estampa de um raio amarelho que presumi que fosse do Flash, olhei brevemente as outras camisetas e percebi que eram em sua maioria de super heróis e de animes.
Peguei o celular chequei o aplicativo e vi que já tinha uma corrida não muito longa pra começar o dia, aceitei a corrida e coloquei o celular no bolso, peguei as chaves do carro e então partir pra mais um dia caótico em São paulo, dessa vez na ótica de Leandro. Amanhã, só Deus sabe de quem será!

Sangue NovoWhere stories live. Discover now