Isabele nasceu em berço de ouro, mas isso nunca significou nada para ela, por ser uma menina de um coração enorme e gentil. E muito menos, para as coisas em que viveu a vida toda, pelas pessoas a sua volta. Os pais então resolvem mandar ela, ir mora...
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Isabele
Olhando ao redor de todo o quarto, vejo que ele é tão aconchegante quanto o meu, da casa de meus pais. Com as cores nos tons de branco e bege, ele é menor do que o outro, mas lindo do mesmo jeito. Com uma cama de solteiro encostada na parede e uma escrivaninha na frente. Pequena, mas de bom tamanho. Ao lado da escrivaninha, o guarda roupa. Um tamanho médio, mas cabe todas as minhas roupas e mais algumas coisas.
Sorrio, e pego a primeira bolsa. Começo a tirar meus vestidos, e ajeita - los sobre a cama. Vou até o guarda roupa, e agradeço por ter cabides nele. Com cuidado coloco os vestidos nos cabides, junto a alguns casacos, já que não sobrou muitos cabides para por eles.
Assim vou fazendo, e coloco todas as roupas em seus devidos lugares. Suspiro um pouco cansada, já que foram pouquíssimas às vezes em que fiz isso na vida. Lisa fazia por mim.
Ah Lisa, já sinto tanto a sua falta. Mas lembrando dela, eu deveria ter avisado a ela, que já tinha chegado. Levanto um pouco apressada e saio do quarto em direção a cozinha, já que é lá que minha vó está. Ou penso está.
- É... Oi ? - Como pensei, minha vó não está aqui na cozinha, então resolvi chamar a moça que estava aqui mais cedo, quando cheguei. Ela então olha pra mim, e sorri. - Silvia né ?
- É sim - Disse meiga - Aconteceu algo ? - Então pega um pano e seca suas mãos.
- Ah... Nada de mais, é que eu prometi a uma pessoa, que avisaria a ela assim que eu chegasse, e só me lembrei agora. Eu queria saber, se posso ligar pra ela ?
- Claro. Pode sim.
- Obrigada - Me viro, mas me lembro que não sei nem onde fica o banheiro coletivo da casa, quanto mais o telefone. - Onde está o telefone ? - Pergunto a ela.
- Na sala de visitas - Pisco algumas vezes, e continuo a encarando. - Desculpe, esqueci que você não sabe onde fica - Riu - Segue o corredor direto, e vira a direita. Não tem erro.
- Obrigada. Prometo guardar cada detalhe e cômodo da casa. - Rimos - Já vou indo.
Assim fiz como ela me disse. Segui o corredor e virei a direita, dando de cara com uma sala muito linda. Cada detalhe que já vi até agora, dessa casa, está me encantando. No chão, um tipo de piso de madeira, mas tão liso e bem limpo, que consigo ver meu reflexo. As paredes assim, como meu novo quarto, são em tons de bege mas o que diferencia são detalhes em marrom. Um belo sofá branco ajuda a decorar a sala, junto a uma estante cheia de livros na parede ao lado. De frente para o sofá, uma TV de 32 polegadas, e a baixo com dois retratos de foto, uma pequena prateleira.
Uma sala que com poucos detalhes, consegue ser tão bonita e aconchegante. Diferente da casa de meus pais, que a detalhe em tudo.
Caminhei com cuidado, passando pelo tapete fofinho verde escuro, indo em direção a pequena mesa com uma cadeira de madeira. Peguei o telefone, e disquei o número da casa de meus pais. Três longas chamadas e só depois foram atender.
- Alô ? - Escutei a voz de Lisa do outro lado. Sorri empolgada.
- Lisa ? - Respondi.
- Isa ? É você menina ? - Sua voz me pareceu bem surpresa. Não era pra estar, já que ela sabia que eu ligaria, mas tudo bem. - Chegou bem, querida ?
- Cheguei sim, Lisa. A viagem foi tranquila, apesar de eu ter dormido ela quase toda. - Escutei sua risada do outro lado da linha - Mas é você ? Tá bem né ?
- Estou sim. Chegou aí agora ? Esse lugar é bem longe então, em...
- Ah não. Cheguei mais cedo, é que fiz algumas coisas, e acabei me esquecendo de ligar, avisando. Me desculpe.
- Tudo bem. O importante é que você chegou bem, e está tudo ok. - Escuto algumas vozes do outro lado da linha - Isa, não vá zangar se eu desligar agora, na né ?
- Não. Vou não, Lisa. Tudo bem. Isso é a mamãe, não é ? - Ela suspira - Pode ir lá. Já escutei sua voz, e sei que está bem. Te ligo amanhã.
- Tá bom menina. Fica com Deus, qualquer coisa me avise, que estarei aí em um pulo.
- Pode deixar que aviso sim. Beijos Lisa, até amanhã. Se cuida.
- Beijos. - Então a ligação cai. Ela estava com pressa, e pelo que sei, minha mãe deve ter descobrido que liguei e estávamos nos falando ao telefone e arrumou alguma coisa pra atrapalhar. Suspiro. Isso está mais difícil do que imaginava.
Depois de alguns minutos, resolvi voltar para meu novo quarto, ainda tenho que tomar meu banho pra dormir, já que são quase oito da noite, e como minha vó disse, o jantar sempre sai às oito.
De cabeça baixa, vou andando em direção ao corredor. Foi bom ouvir a voz de Lisa, mas ao mesmo tempo isso me trouxe um aperto no coração. Ela já me faz falta. Cruzo o corredor, e sem ver bato em algo, ou quer dizer, em alguém.
- Me desculpe, eu não te vi - Olhei pra pessoa que quase joguei no chão, e paralisei ali mesmo.
Um homem assim como posso dizer, alto, de cabelos loiros um pouco escuros penteados para trás, mas com alguns fios soltos, belos pares de olhos em tons de azul, uma barba para ser feita e lábios rosados.
- Te machuquei ? - Voltei para o mundo real. Isso deve ser um sonho. Já vi rapazes e homens bonitos, mas esse consegue superar. Ora Isabele, onde está com a cabeça ?
- Está tudo bem. Não me machucou. - Ajeitou a sua camisa escura e de mangas compridas. Olhei mesmo contra a mim mesma, seu corpo, que convenhamos a sua camisa marca perfeitamente seu corpo músculo e braços fortes. - Você está bem ? - Olhei rápido pra ele.
- Me desculpe. Estou sim.
- Não te conheço, nunca a vi por aqui. - Melhorou sua postura. Pronto, vou ser posta pra fora por ele, que deve está achando que invadi a casa.
- Eu.. É.. Sou Isabele, neta da dona Olívia e Emanuel. - Ele parou por algum tempo, então abriu a boca e sorriu.
- Ah sim. Eles me avisaram sobre você.
- Ah sim... Bom. Se não se importa, como se chama ?
- Thomas. - Ele estende a mão - Muito prazer Isabele. - Olho pra sua mão, então seguro e nos cumprimentamos. - Eles dizem muito sobre você.
- Até imagino o quanto.
- Não tente imaginar, sua cabeça iria doer. Eles te amam muito. - Soltamos nossas mãos.
- Eu também os amo.
- Mas se não se importa, eu... - Ele ia terminar de falar, mas escuto alguém o chamar. - Tenho que ir, trabalho me chama.
- Ok. Foi bom te conhecer, Thomas.
- O mesmo sobre você. - Então ele sai. Fiquei ali processando o que me acabou de acontecer, e tentando entender. Essa foi a conversa mais longa que tive com um cara, e ele é lindo. Ora Isabele, que pensamentos são esses ?
Balanço minha cabeça, e sigo em direção ao meu quarto. E agora parece que o perfume dele está em todo lugar. Isso é coisa da minha cabeça. Meu pensamento é mudar de vida, fazer melhor e não me apaixonar.
