Capítulo 23

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O médico olhou para todos. - Primeiro eu quero que vocês saibam que há uma coisa que não contei a vocês. - ele disse e todo mundo se olhou, agora mais nervosos ainda. - Há uma probabilidade das pessoas serem compatíveis com as outras, 1 para cada 100 mil pessoas, nós fizemos testes com todos para deixá-los tranquilos e saber todas as nossas possibilidades, mas a maior chance de compatibilidade ocorre entre irmãos. Entre pais e filhos, a chance de compatibilidade é remota por causa da divisão do material genético. - ele explicou.

Meryl se entristeceu um pouco com essa informação.

- Embora a Catherine tenha quatro irmãos, sinto dizer que nenhum de vocês são compatíveis. - o médico informou a Louisa, Henry, Mamie e Grace, que não gostaram de ouvir. - Dentre os que não tem laços sanguíneos, também não encontramos compatibilidade. - o médico disse, se referindo a Georgia, John, Ísis e Bóris.

Todos começaram a ficar realmente preocupados agora, já que o médico já havia falado que a chance de compatibilidade entre pais e filhos era remota.

- Mas tivemos uma grande surpresa. Meryl, você é 50% compatível. É um caso raro, mas acontece. - o médico disse.

- O quê?! - Meryl não escondeu a surpresa. - 50%? o que isso significa?

- Significa que a chance da Catherine rejeitar a sua medula é maior do que se fosse um doador 100%, mas há uma chance de dar certo. - ele explicou. - E é quanto a isso que devemos tomar uma decisão. Nós temos duas possibilidades, usarmos a medula da Meryl, sabendo do risco maior de rejeição ou colocarmos a Catherine na fila para esperar um doador 100% compatível.

- E por que não uma terceira opção? Fazemos o transplante com a minha medula, se ela rejeitar, passamos para a fila. - Meryl falou.

- Eu não ofereci essa opção por um motivo simples. A Catherine está muito fraca, as chances do corpo dela não suportar dois transplantes são grandes. Temos urgência em tomar essa decisão com ela.

Nessa hora Don chegou e viu todos. - O que aconteceu?

- Eu sou 50% compatível. - Meryl disse. - Maior chance de rejeição. Vamos conversar com a Cat e você vai entender.

Eles foram para o quarto. Catherine engoliu em seco quando viu Meryl, Don, Ísis e o médico entrando no quarto.

- Não me matem de ansiedade. - ela disse.

- Achamos uma doadora 50% compatível. - o médico disse.

- Doadora? - Catherine questionou.

- Eu, meu bem. - Meryl falou.

Catherine respirou fundo. - Então, eu preciso saber, quais são os riscos de uma doação de medula? - ela perguntou ao médico.

- Muitos confundem medula óssea com a espinhal, nós estamos falando da óssea, a Meryl não corre o risco de parar de andar. - ele sorriu. - No procedimento em si não há risco algum. O que acontece é que a paciente pode ter alguma reação a anestesia, mas as chances disso acontecer também são mínimas. - ele explicou.

Meryl se aproximou da filha. - Viu? Eu vou ficar bem, não precisa se preocupar.

- Eu me preocupo, tenho medo de te acontecer algo. - Catherine confessou.

Meryl sorriu. - Meu bem, eu quero fazer isso por você.

- Se você quer fazer isso pra provar que está aqui para mim, não precisa, Meryl, eu sei que você está.

- Cat, eu não quero te provar nada. - ela segurou a mão da Catherine. - Eu quero fazer isso porque você é minha filha. - olhou profundamente nos olhos dela. - Eu quero fazer isso porque eu te amo, sempre te amei, desde que você deu o primeiro chute no meu ventre, eu te amei todos esses anos em que pensei que você estava morta. - Meryl começou a sentir a emoção tomando conta dela. - Eu quero fazer isso porque eu quero te ver bem, porque nós já perdemos tempo demais e eu não posso te perder... - a voz dela embargou, ela sentiu as lágrimas descendo pelo rosto. - Não posso te perder outra  vez. - ela quase sussurrou  a última parte, com a voz pequena.

Além do SangueWhere stories live. Discover now