Narciso

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Como é bom a água calma que o rio nos dá, lava a alma e o coração acalma.

Me faz feliz o reflexo azul do céu, de mim e das minhas ideias em clareza; espanta todas as raças da tristeza.

Mas o vento, mesmo que tardio, leva as ondas com a música crua e contorcendo a imagem d'água me desequilibra,
me livra de todo alegre semblante e pasmo me deixa só, abandonando a terra nua;

Desejando a água fria em meu rosto enquanto afogo minha fantasia e afundo até não ser mais nada pra se ver, nem mesmo a falácia que se via.

Narciso, seu reflexo fora uma vez flor, encantou o rio e seu nado, como sereia, era tão limpo quanto a alma e sua beleza, mas a tormenta de sua mente se incendeia mil vezes por dia, nesta era, estranha cadeia, e torna a água sua terra seca.

Flutua no devaneio e navega as cores de seus encantos e falsos encontros e não se encontra nos cachos de sua vida, pois é o fado da sua juventude o duro rival, o tempo, diminuto e inconclusivo, que no entardecer naquelas águas, torna o espelho prata de fim de dia, fim de mais um confuso dia.


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⏰ Last updated: Apr 23, 2018 ⏰

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Trilha ao fim do mundoWhere stories live. Discover now