Capítulo 5

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Outra semana se passou e Caleb e eu não tínhamos conversado sobre o quase beijo, continuávamos com o trato, mas as coisas estavam estranhas entre a gente.

Na sexta, ele disse que não poderia ir me deixar em casa, e como já estava com minhas coisas na mochila, decidi ir direto para a parada de ônibus na rodovia. Com o mapa da reserva em mãos, rumei até lá.

Eram cinco da tarde, mas já estava escuro devido a neblina que pairava sobre o céu, se não fosse por ela, já poderia ver a lua cheia.

Coloquei meu casaco de lã e entrei na reserva, acendi a lanterna e comecei a caminhar entre as árvores, rezando para que não encontrasse nenhum animal.

Segui a direção em que o mapa dizia, quando estava mais no meio da reserva escutei um uivo e parei de andar. Não poderia voltar, já estava na metade do caminho, então decidi continuar.

Em minha frente surgiu uma figura, era um lobo preto, com os olhos tão amarelos que pareciam chamas, ele me olhava fixamente e caminhava até mim. Parei.

Ele rosnou e foi avançando em minha direção, coloquei meus braços sobre meu rosto, apenas esperando sua mordida, mas algo o impediu, estava com os olhos fechado e cair ao chão.

Assim que abri os olhos, vi um lobo branco, aquele do meu sonho, ele estava em minha frente brigando com o outro lobo, ele se colocava para que o lobo preto não chegasse perto de mim, seu pelo era tão reluzente, que eu quase não conseguia olha-lo por muito tempo.

Fechei os olhos e só escutava os rosnados deles e os movimentos, ainda deitada, senti uma dor forte em meu pé, acho que foi a queda, devo ter luchado ou algo parecido.

Não conseguia me levantar, encostei-me no tronco de uma árvore e me encolhi, não consegui fazer movimento bruscos com meu pé direito, olhei para os dois lobos em minha frente, eles lutavam e rosnavam, me perguntei se era uma disputa de territórios e se fosse eu o território, com o objetivo de quem ganhasse me devoraria.

Comecei a gritar por ajuda, mas no meio da reserva, temia que fosse em vão.

Parei de gritar assim que vi mais dois lobos, um era cinzento e outro marrom, eles me cercaram, fiquei encurralada entre o tronco da árvore e os dois lobos, além dos outros que estavam brigando.

Tentei me levantar, mas o lobo cinzento rosnou como se fosse para não fazer aquilo.

Encostei minha cabeça no tronco e fiquei lá, tremendo de medo e de dor.

Em certo momento, o cansaço me atingiu, então fechei os olhos e apaguei.

Sabe aquela sensação de estar entre o sono e a realidade? Senti alguém me carregando, porém estava muito cansada e com sono para ver quem era. Apenas fechei meus olhos com força.

Acordei em um lugar macio, abri os olhos com dificuldade e percebi que estava em meu quarto. Pensaria até que tivesse sido um pesadelo, se não fosse pelo fato do meu pé direito estar enfaixado.

Sentei-me na cama com dificuldade e tentei lembrar o que havia acontecido, fechei os olhos, porém minha cabeça doeu com a tentativa de relembrar.

A porta então se abriu e minha avó apareceu com uma bandeja em mãos.

— Já acordou, que bom! – sorriu e colocou-a na escrivaninha.

— Vovó, o que aconteceu? – perguntei atordoada.

— Você se perdeu na reserva, deve ter caído e tropeçado, te acharam desacordada – sentou-se na ponta da cama.

— Quem me achou? – olhei-a curiosa.

Sob o olhar do lobo | SOL Onde as histórias ganham vida. Descobre agora