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A probabilidade de que as coisas dessem certo era baixa

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A probabilidade de que as coisas dessem certo era baixa.

Já a probabilidade de que as coisas dessem errado era do tamanho do prédio de doze andares que se erguia na minha frente. Eu, que já não era tão grande assim, me sentia como uma formiga.

O prédio que eu estava olhando com a cabeça erguida e os olhos franzidos por conta do sol era o famoso Hotel Dummont, um dos mais antigos e mais luxuosos da cidade. Além disso, era o mais bem falado e, apesar de chique, o mais discreto; o lugar perfeito para as pessoas mais ricas e para as celebridades. Junto com todas essas qualidades, os doze andares do hotel permitiam os hóspedes terem a melhor vista da cidade.

Diziam também que o atendimento era o melhor possível, e qualquer um que conhecia o hotel conhecia sua lei: o que acontecia no Dummont, ficava no Dummont. Talvez por isso os funcionários fossem tão bem falados; eles eram extremamente sigilosos.

Sendo sincera, isso me fascinava tanto quanto me assustava.

Os meus passos foram vacilantes pra dentro do hotel, enquanto o nervosismo e a ansiedade tomavam conta do meu corpo inteiro. Eu tinha medo de não ser aceita, então não conseguir fazer o que eu pretendia. Mas, mesmo assim, eu entrei pelas portas de vidro.

Quando cheguei na recepção, uma moça morena e de uniforme cinza me recebeu com um sorriso no rosto.

— Bom dia. — Falei e forcei um sorriso, apoiando os cotovelos no balcão. — Eu vim pegar o resultado da entrevista de emprego.

— Pode me dizer seu nome? — Ela pediu, ainda mantendo o sorriso em seu rosto.

— Ariel Deville.

Ela concordou, digitou algo no computador e pegou o telefone.

— Espere um minuto, vou ligar para o gerente que fez sua entrevista. Se quiser sentar enquanto espera, tem cadeiras logo ali. — Apontou pra trás de mim e voltou sua atenção para o telefone.

Optei por ficar em pé, eu não ia aguentar prender minha ansiedade toda na cadeira.

Alguns minutos depois, ela me indicou o número da sala e me desejou boa sorte. Meu coração falhou várias vezes durante o percurso, e o nervosismo me fez passar a mão atrás da roupa por precaução. Eu sabia que estava tudo bem — exceto pelas mãos suadas —, mas não custava nada checar mais uma vez. Apesar de estar bem comportada, eu sentia que não estava devidamente vestida para a ocasião. Eu vestia uma calça preta e uma blusa meio amassada, porque, pra variar, eu me atrasei, mas eu sabia que não ia causar má impressão se fosse com a camisa um pouquinho de nada amassada.

Quando cheguei na porta indicada, dei duas batidas nela e abri uma fresta, vendo o mesmo homem que fez a minha entrevista me olhar rapidamente e acenar com a cabeça para que eu entrasse. Tentando ser o mais educada possível, pedi licença ao entrar na sala e sentei na cadeira posicionada a sua frente.

— Ariel, certo? — Perguntou, esperando eu concordar pra continuar a falar. — Vou ser bem rápido. As entrevistas que fizemos me mostraram que você é extremamente qualificada para o cargo, mas como todas as outras pessoas que trabalham aqui, você precisa passar por um período de testes primeiro. Não é nada muito complicado, você só vai precisar trabalhar um mês aqui enquanto é avaliada, e só então, quem sabe, ser contratada. — Ele falou, tentando ser o mais formal possível. Entretanto, ele mal me olhou nos olhos.

— E quando vou começar? — Perguntei, não conseguindo me conter.

— Amanhã. Estamos em um período de alta temporada, então quanto mais funcionários, melhor. — Ele parou de falar comigo e pediu pra secretária chamar alguém. — Violette vai te mostrar o hotel hoje, pra você começar a se familiarizar com o ambiente.

Quando ouvimos duas batidas na porta, ele me dispensou com um aperto de mãos.

— Ariel Deville? Oi, sou Violette. — A menina baixa de cabelos brancos com pontas azuis me recebeu com um sorriso. Ela usava uma touca que cobria parte de seu cabelo preso, e vestia o uniforme sem graça do hotel; mesmo assim era muito bonita. — Não sei se te falaram, mas sou eu quem vai te mostrar o hotel. Pode me acompanhar?

Sorri e concordei, esperando ela começar a andar para segui-la.

A tour foi completa: primeiro fomos ao local onde ficavam as camareiras, depois ela me levou à lavanderia e para a cozinha, o tempo todo vendo pessoas andando pra lá e pra cá. Depois, finalmente subimos para conhecer alguns quartos livres.

Era tudo tão lindo.

O primeiro quarto que entramos tinha a porta branca, como todas as outras. Por dentro, ele era imenso. Uma cama de casal no meio e uma cômoda ao lado de um guarda roupa branco, tudo com desenhos dourados contrastando com o branco gélido. A porta para o banheiro ficava logo depois de um pequeno corredor que fiz questão de passar. Quando entramos por ela, fiquei encantada.

Era completamente diferente da minha realidade.

Passei as mãos pela pia, apreciando o mármore claro que meus dedos tocavam. Quando encarei meus olhos no espelho, vi mais do que determinação. Vi felicidade.

Eu estava feliz porque finalmente ia conseguir ajudar minha família.

Eu ia reconstruir tudo o que ele destruiu.

Eu ia reconstruir tudo o que ele destruiu

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Perfectly Wrong | sprmWhere stories live. Discover now