Capítulo 2

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Já estava ficando cansada de tanto desmaiar! Minha cabeça estava doendo muito, comecei a cutuca-lá e achei um ferimento sangrando, próximo á nuca. Quando eu parei de olhar para os meus dedos com sangue, eu comecei a olhar ao redor, eu já não estava mais no caminhão, e Daniel não estava mais comigo, eu estava totalmente sozinha, em uma sala quadrada e completamente forrada com tábuas de madeira envernizadas, era uma decoração muito bonita, no centro da sala havia uma grande lareira acesa, e no lado oposto tinha uma cama alta e macia, na qual eu estava deitada, havia também uma única porta.

O desespero passou por um segundo, eu levantei e fui na direção da porta, sonhando com a minha liberdade, mas ao abrir a porta eu fiquei tão frustrada que comecei a chorar, era só um banheiro, aquele quarto infernal não tinha saída, eu não conseguia sair e não tinha a menor idéia de como tinha entrado.

Ao olhar melhor o banheiro, percebi que havia uma muda de roupa em cima da pia, então eu resolvi tomar um banho, para tentar me livrar de todo sangue, maquiagem, suor e bijuterias da festa; a água estava muito gostosa e o sabonete era o mais cheiroso que eu já tinha visto, o banho foi tão relaxante que por alguns minutos eu consegui esquecer de tudo que havia acontecido. Quando eu terminei, vesti a roupa que estava no banheiro, que de alguma maneira coube perfeitamente em mim, era uma calça jeans escura e uma blusa branca de manga curta, que eram muito confortáveis, já estava começando a desconfiar de que isso não era um sequestro. Voltei para a sala, mas tinha alguma coisa diferente, e olhando com mais atenção percebi que, do nada, apareceu um porta perto da lareira.

Várias coisas passam pela minha cabeça ao mesmo tempo, medo, insegurança, ansiedade, mas eu não podia ficar perdendo tempo com isso, eu saí correndo em direção a porta, mas eu parei alguns centímetros antes, eu não podia deixar de lado todas as coisas que passavam pela minha cabeça; e se o meu seqüestrador estiver me esperando com uma arma atrás da porta, e se isso for uma armadilha para me torturar; mas depois de ficar alguns segundos pensando em várias possibilidades do que poderia haver atrás daquela porta eu cansei de imaginar e abri.

O cheiro de plantas e árvores me atingiu, aquilo não era outro banheiro, eu estava realmente ao ar livre, a claridade repentina ofuscou meus olhos, mas logo consegui me acostumar, eu estava em uma grande clareira, atrás de mim se encontrava uma fileira de casas que formavam um U em volta da clareira; mas o que mais me chamou atenção é que no centro havia duas pessoas, um homem e uma mulher, e na frente de algumas casas se encontravam adolescentes, provavelmente na mesma situação que eu, todos estavam vestidos iguais, estávamos parecendo robôs.

Comecei a prestar atenção nos adolescentes, e encontrei Daniel, tentamos nos comunicar pelo olhar, mas eu nunca fui muito boa nisso, muito menos em linguagem labial então eu decidi ir até ele discretamente para que pudéssemos conversar, mas quando fui tentar sair do lugar percebi que eu estava presa no chão, sem eu perceber algumas trava de metal apareceram e agora estavam segurando meus pés no chão, fiquei um pouco preocupada, eles não tinha o menor direito de me sequestrar muito menos de me colar no chão, quis gritar mas estava com medo, todos estavam calados e agoniados.

Durante alguns minutos continuaram saindo adolescentes das casas, um mais confuso que o outro, ao todo eram 12 casas e na frente de cada uma delas estava um adolescente preso no chão, quando o ultimo adolescente saiu da casa, a mulher do centro da clareira começou a falar.

- Sejam todos bem-vindos! Eu sou Sara e este é Thiago, e nós pedimos desculpas pelo modo como trouxemos vocês para cá.

Ela parou um instante, pegou um controle e apertou um botão, no mesmo tempo eu e os outros adolescentes começamos a nós aproximar do centro da clareira, como se as travas dos nossos pés estivessem ligados a trilhos e nós ficamos a mais ou menos 10 metros de distância de Sara e Thiago, e eu pude ver melhor como eles eram, Sara era jovem, assim como Thiago, os dois pareciam atletas, tinham um sorriso de comercial de pasta de dente, Sara era morena com cabelos cacheados e castanhos, e ela tinha lindos olhos verdes, já Thiago era branco com cabelos pretos bagunçados, e tinha olhos cor de chocolate e os dois vestiam blusa branca e calça jeans assim como nós; depois de estarmos novamente colocados e presos no chão Sara continuou.

Os EscolhidosWhere stories live. Discover now