A Aposta

Capítulo 19 - A verdade.

— Eduardo, o que você fez! - Ouvi a voz de minha mãe ao fundo.

— Eu apenas fiz o que ninguém aqui teve coragem de fazer por todos esses anos. Roberta merece saber a verdadeira pessoa que você é.

Eu olhei para os dois e era como se aquilo fosse um pesadelo, só que eu sabia bem que não era. E a maneira como ele olhava tanto a mim quanto a minha mãe era com tanta raiva que só fez eu me sentir pior.

— Mãe... me diz que isso e mentira, por favor. - Supliquei.

— È verdade, Roberta, eu não sei o que eu o seu pai disse, mas a toda essa história aconteceu sem que eu esperasse, eu não procurei nada disso, não queria trair o seu pai, mas aconteceu.

— Eu estou pouco me fodendo para como aconteceu! - Gritei. — A única coisa que me importa aqui é, porque, mãe? Porque você mentiu para mim a minha vida toda? E se você amou o meu verdadeiro pai porque não se separou desse filho da puta aqui, para viver com esse cara? Tenho certeza que esse inferno que eu vivi desde sempre teria sido muito diferente.

O meu pa... quero dizer, o cara que eu pensava ser o meu pai  riu com escárnio.

— Até parece que ela ia deixar todo luxo que eu sempre dei a ela para ficar com aquele imbecil. Sua mãe não é melhor do eu, Roberta, você acha que só eu gosto de manter a nossa vida perfeita? Ela jamais ia deixar a vida dela por aquele cara.

— Eu não podia condenar você e o Rodrigo a terem uma vida pobre, quando poderiam ter tudo se eu continuasse casada com Eduardo. - Disse ela.

Aquilo era pior do que eu poderia ter sequer imaginado. Muito pior.

— Você achou que o melhor para mim seria ficar com essa vida que tenho? Parabéns mãe, como você pode ver não me falta nada, realmente, eu tenho tudo, não é? - Falei irônica. — Sabe o que aconteceu com a minha vida por você ter tomado essa decisão? Essa pessoa que eu sempre achei ser o meu pai resolveu fazer da minha vida um inferno apenas porque eu não sou filha dele. - Olhei par ao meu pai. — Que culpa eu tenho? Pai... ou seja lá como devo te chamar agora. Eu não tenho culpa de nada disso, eu sou a vítima nessa história, vítima da infidelidade da minha mãe, e de tudo que você me fez passar. Tudo que eu sempre quis de vocês dois não é dinheiro, ou uma vida boa, tudo que eu busquei até agora foi amor.

Não permiti que eles dissessem qualquer coisa que fosse e saí dali correndo. Ouvi minha mãe gritar implorando que eu a ouvisse, mas fingi não escuta-la. Peguei o primeiro táxi que consegui e fiz o que Dante tinha me pedido, fui direto para o apartamento dele.

Toquei a campainha e Dante abriu a porta rapidamente, quando entrei em seu apartamento eu não me segurei comecei a desabar, chorei tanto que pensei que pudesse desmaiar de tanta dor que eu sentia, e não era apenas física, era na alma.

— O que aconteceu, Roberta? Porque está chorando assim? - Perguntou meio desesperado.

— Eu... não... consigo... - Tentei contar a ele, mas mal consegui proferir uma frase completa.

Eu não sei como, mas ele soube exatamente o que fazer e o que eu precisava. Dante me abraçou tão forte que fiquei sem ar, ele me levantou do chão e me pegou no colo, levou-me para seu o quarto e me deitou na cama, depois deitou-se também e me deixou deitar em seu peito e chorar, chorar muito. Ele não precisou dizer nada, apenas fez carinho em minha cabeça e eu em minha exaustão e decepção, peguei no sono.

*

Acordei e quando vi Dante ainda ali comigo eu acabei me lembrando de tudo o que havia acontecido. Preferia que tivesse sido um pesadelo, mas era a verdade e eu sabia bem o porquê da minha mãe ter procurado conforto com alguém, porque o meu pa... o Eduardo, jamais deu o carinho que ela merecia, ela provavelmente conheceu alguém que lhe deu amor e carinho, mas que não tinha dinheiro suficiente para dar a vida que ela estava acostumada. Era uma merda ver que a minha vida se transformou num inferno apenas porque minha mãe foi egoísta, e não egoísta por ter traído o meu pai, disso eu não a culpava, mas assim que ela percebeu que eu estava em jogo ela tinha que ter tomado uma decisão menos egoísta, ela me deixou viver uma vida de mentiras, e também permitiu que Eduardo me tratasse como um nada desde sempre. Que espécie de amor ela sentia por mim por ter me afastada do meu pai verdadeiro? Eu tenho certeza que mesmo que ele fosse um sem teto ele teria me dado uma vida muito diferente e cheia de amor. Dinheiro não era nada, e não trazia felicidade alguma, isso eu sabia muito bem.