Capítulo 1 - O meu desejo às estrelas

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Oi esta é a minha primeira história, espero muito que gostem, se gostarem por favor votem, comentem e adicionem-a à vossa biblioteca, ia mesmo significar muito para mim acreditem...

Irei postar um capitulo por semana, por isso fiquem atentos <3

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As gotas de chuva caiam uma após a outra, para lá da janela do sótão, onde me encontrava escondido, tentando não fazer barulho, de forma a que o meu pai não me encontrasse e me espancasse de novo.

O meu pai é alcoólico e gosto de fingir que é por isso que ele me bate cada vez que pode, mas sei bem que na verdade, o faz porque acha que eu sou a causa de a minha mãe nos ter abandonado.

Ao encontrar-me sentado, no canto daquele sótão, pela milésima vez, as lágrimas começaram a escorrer pela minha cara, quando me lembrei o quão sozinho estava neste mundo, sem uma alma para me ajudar a seguir em frente, não tinha amigos e as duas pessoas neste mundo, que supostamente me deviam amar acima de tudo, uma estava neste momento pronta para me espancar, assim que me visse e a outra tinha-me deixado há muitos anos, sem sequer se preocupar em me levar.

A minha mãe foi a única que alguma vez me demonstrou bondade neste mundo, mas até ela me tinha abandonado, coisa que ao menos o meu pai não fez, restando para me lembrar dela, apenas um livro que sei que ela me lia, quando eu era ainda um bebé.

Este livro era o meu bem mais precioso, não só por ser da minha mãe, mas porque o meu pai nunca me deixou sair de casa, tanto que hoje em dia, apenas me deixa ir onde é extremamente necessário e por isto durante grande parte da minha vida as histórias daquele livro foram o meu único entretenimento e o único escape da minha vida, que me permitia acreditar, que talvez e mesmo só talvez um dia pudesse vir a ter um final feliz.

Perdido nos meus pensamentos, de súbdito reparei que na casa reinava agora um silêncio abismal, o que significava que o meu pai tinha caído algures e possivelmente adormecido, sendo esta a minha oportunidade de ir para o meu quarto.

Levantei-me do sítio, onde permanecia já fazia uma hora e desci do sótão, e fui até ao meu quarto, emitindo o menor barulho possível e olhando em todas as direcções, receando um encontro com o meu pai.

Felizmente não o vi e fui deitar-me na minha cama, amanhã começava as aulas de novo, a melhor coisa que podia acontecer, porque assim iria poder sair de casa de novo e poderia então recuperar das constantes agressões, que tinha sofrido nestas férias.

Antes de ir dormir, olhei pela janela e fiquei contemplando as estrelas por um bocado, fechei os olhos e com toda a minha força desejei por um amigo, o meu primeiro, antes de começar a tentar adormecer.

A noite passou devagar, pois tinha medo de adormecer e acordar com o meu pai aos gritos e a atirar-me o objecto mais perto dele, mas depois de várias tentativas frustrada, consegui então adormecer e refugiar-me na terra dos sonhos.

O alarme tocou, acordando-me e desligando-o o mais depressa que consegui, com o intuito de não acordar o meu pai, sai da cama e fui para a casa-de-banho, parando para observar o meu reflexo no espelho.

O meu corpo estava cheio de hematomas e alguns cortes, no entanto a minha cara ao primeiro olhar não tinha nada, o meu pai era esperto demais para me deixar com marcas visíveis, no entanto os traumas psicológicos eram bem visíveis, nas minhas feições, nos meus olhos, anteriormente azuis brilhantes, pareciam agora ter perdido cor e o meu sorriso, esse já ele tinha desaparecido fazia anos.

O autocarro que me levava à escola chegava em quarenta e cinco minutos e por isso apressei-me a tomar banho, o que era sempre uma tortura, pois a água fazia questão de me indicar onde tinha todos os meus ferimentos e corte, mesmos os que não eram visíveis.

De banho tomado, vesti as minhas calças justas de ganga clara e a minha sweater preta, penteei o meu cabelo loiro-escuro para cima desordenadamente e corri para a cozinha, tentando apanhar um iogurte, sem ser visto e sai pela porta de casa, rezando que ainda não tivesse perdido o autocarro.

A paragem para minha sorte era do outro lado da estrada da minha casa, apesar disto cheguei mesmo a tempo, encontrando o autocarro parado com as últimas pessoas a entrar.

Entrei para o autocarro, paguei o bilhete e sentei-me num dos primeiros lugares vazios, rezando que ninguém se sentasse no lugar livre ao pé de mim, pois era a minha primeira vez na rua em quase três semanas e a presença de pessoas desconhecidas deixava-me desconfortável.

A minha sorte não foi muito, pois na paragem seguinte, alguém entrou e sentou-se ao pé de mim, no entanto não era propriamente um desconhecido, era nada mais, nada menos que Lucas Prince, o rapaz mais popular e amado da escola.

- Oi Theo - disse ele com o sorriso mais adorável de sempre.

E foi nesse que morri, figurativamente claro, mas senti-me a explodir com uma mistura de sentimentos de constrangimento e felicidade.

- O-oi Lucas - disse gaguejando, perdido nos seus olhos cor de mel e no seu cabelo cor de chocolate penteado ligeiramente para cima e para a direita de forma desajeitada, acabando quase tapando os seus olhos.

- Como foram as tuas férias?

Ainda em choque de ele sequer saber o meu nome não consegui dizer nada e deixei-me ficar no mesmo sítio, esperando que ele não insistisse na pergunta, até porque eu teria de mentir, não podia lhe dizer como passei as férias ora trancado no sótão, ora a ser espancado, mas para minha infelicidade ele insistiu em continuar a conversa.

- Desculpa. Não queria incomodar-te, não tens de responder se não quiseres, apenas queria fazer conversa contigo, nunca falámos e pareces ser um rapaz interessante- disse ele, com a cara mais arrependida de sempre.

- Não peças desculpa, por favor- consegui então dizer - Apenas não estava à espera que soubesses da minha existência, muito menos o meu nome.

- Claro que sei quem és, conheço quase toda a gente da nossa escola.

Por alguma razão aquilo entristeceu-me, mas também por que raio achei que fosse especial para ele, muita sorte tenho eu que ele saiba o meu nome, pois tenho quase a certeza de que ninguém na escola o sabe.

Como se tivesse lido a minha mente ele disse:

- Mas devo dizer que reparei especialmente em ti, pareces andar sempre sozinho e pensei que gostava de ser teu amigo.

Entretanto o autocarro chegou à escola e levantei-me do meu lugar, tentando não demonstrar o quão vermelho tinha ficado com aquela frase, mas acabei tropeçando para cima de Lucas, acabando nos seus braços e segundos depois o autocarro começou a rir-se de mim.

Levantei-me a morrer de vergonha, pedi desculpa ao Lucas e sem lhe dar oportunidade de dizer mais nada fugi do autocarro e corri portões adentro, dirigindo-me para o meu canto especial, no lado mais afastado do recinto da escola, onde ninguém mais ia, por ser uma parte mais isolada, mas eu amava ir para lá, pois fazia-me sentir seguro.

Sentei-me no chão e deixei as lágrimas correram livremente, esperando que levassem com elas toda a solidão que estava a sentir, mas estavam a fazer o contrário, parecendo como se cada lágrima me afundasse mais e como se não houvesse maneira de impedir que me afogasse.

O Lucas nunca mais ia falar comigo, mas não o podia censurar depois da vergonha que fiz com que ele passasse no autocarro, pensei que o meu desejo se iria finalmente realizar, mas também esperar que alguém como ele se fosse tornar o meu primeiro amigo, era pedir mais do que mereço.

O que mais doía era que esta não era a primeira vez que acabava com qualquer chance que pudesse ter de que alguém se torne meu amigo, quando alguém tenta fazer conversa comigo, eu simplesmente bloqueio e as pessoas acabam por nunca mais falar comigo, mas penso que não há nada a fazer, apenas tinha de aceitar que ia acabar sozinho, provavelmente, espancado até à morte pelo meu pai.

O som da campainha trouxe-me de volta à realidade, limpei as minhas lágrimas às mangas da minha sweat e peguei na minha mochila e apressei-me para a minha primeira aula, de cabeça baixa, para não se notar os meus olhos inchados.

As Mensagens de Jake (Romance Gay)Dove le storie prendono vita. Scoprilo ora