Encontro desagradável

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— ... e sabe, até que é legal viver independente. Sinto muito a falta deles, mas eu sempre soube que um dia eu teria de crescer. Vir morar aqui tornou-se o meu sonho quando adolescente, e houve um momento em que eu já implorava para conhecer novos lugares, novas pessoas... ter novas experiências.

Concordei com a cabeça. Um sorriso quase imperceptível e também automático mantinha-se em meus lábios vermelhos, e eu estava escorada num dos punhos sobre a mesa.

Faltava algum tempo até a próxima aula de Eunji começar, então ele ainda estava em minha sala; sentado em minha carteira, enquanto contava a sua história desde que chegou em Seul. Era bem legal ouvi-lo, Eunji não parava de falar sequer um minuto, ele parecia bastante animado. Aparentemente, eu era a primeira pessoa a ouvi-lo contar sobre a sua vida antes da faculdade e sua família da cidade de Guimcheon.

Quando ele finalmente parou de falar, eu já estava com a cabeça completamente encostada na carteira. Somente fui perceber de que Eunji esperava que eu dissesse algo quando ele me encarou com um cara estranha e pigarreando forçado.

— Que foi? — Perguntei, ainda sem sair da minha posição.

— Eu fiquei um tempão contando sobre a minha vida. — Ele respondeu, enquanto descruzava os braços. Logo depois sorriu e continuou: — Por que não me conta um pouco sobre a sua?

— Não tem nada de interessante em minha vida.

— Como assim? Eu aposto que você tem.

— Por que tem tanta certeza? — Levantei a minha cabeça e sorri para ele, que somente me olhou de lado.

— Não sei. Só que você não morava muito perto daqui antes da faculdade, então...

— Tá legal, tá legal. — Nós dois rimos — Os meus pais são divorciados. Eu vivia com a minha mãe e frequentava a universidade de Houston.

Fiquei calada após isto. Tudo bem, apenas aquilo não baseava em toda a minha história, mas achei que não seria de importância dizer mais alguma coisa. Pensando bem, acho que eu não tenho muita coisa legal para contar.

Eunji deveria estar esperando algo a mais de mim, porque ele continuou me encarando em completo silêncio. Lhe lancei um olhar óbvio para que entendesse de que eu já havia terminado de falar e ele franziu o cenho, todo confuso.

— Não pode ser só isso, Chris. — Disse — Qual é.

— Não é. — falei, num suspiro tedioso — Mas como pode ver, eu sou uma pessoa muito importante. Não seria seguro ficar lhe passando informações pessoais minhas, eu ainda não sei quem você é. — Vi quando Eunji começou a tentar se segurar para não rir — Quem me garante de que você não é algum assassino ou serial killer? Sabe, daqueles que vemos na TV?

— Eu garanto. — Ele disse e não conseguiu segurar a risada.

Era a segunda vez que assistia a Eunji gargalhar daquela maneira, e confesso que daquela vez a sua risada me atingiu. Comecei a rir por ele estar rindo e ele riu ainda mais por ver que eu estava rindo; e assim foi, até um de nós decidir parar com a besteira.

— Tudo bem, chega. — É claro que foi o Eunji. Logo após, ele me olhou um tanto surpreso — Chris, devo confessar de que nunca tinha visto você rir desta maneira.

Eu acabei dando de ombros.

— Acho que havia perdido o jeito.

— Por quê? — Eunji pareceu realmente interessado no assunto.

Olhei para um lado qualquer, pensado na resposta que o daria, e o Hoseok logo surgiu em minha mente. Fiz uma careta, tentando espantar aqueles pensamentos.

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