Mýa saiu do banheiro e dirigiu-se até o quarto. A toalha cobria-lhe parte do corpo, deixando os ombros e as pernas nuas. Seus cabelos negros pendiam molhados e chegavam-lhe a tocar as costas. Caminhou apressada por um extenso corredor, até que alcançou a porta do cômodo. Em seus gestos, demonstrava certa ansiedade, como se estivesse esperando por alguém. Ao mirar-se no espelho, encontrou seus olhos negros, que vislumbraram por minutos seguidos a tonalidade negra da sua pele. Deixou que a toalha escorresse pelo seu corpo, alcançando o chão. Suas curvas ficaram à mostra. Não tinha o típico corpo violão que a sociedade ditava a todos como o padrão de beleza ideal. No entanto, não se importava com as gorduras que lhe salientavam a estrutura, ou as estrias que com o passar dos anos, mesmo ainda sendo jovem, apoderaram-se de parte das suas nádegas e pernas.
Súbito, assustou-se quando ouviu o barulho da campainha ressoar por toda a casa. Apressou-se em pegar a toalha no chão. Em um movimento rápido e ritmado, lançou-a sobre a cama de casal que ficava no centro do quarto e moveu-se impetuosamente até o guarda-roupa do lado oposto do espelho.
- Droga! - exclamou, demonstrando irritação por ter se atrasado.
Novamente ouviu o som da campainha reverberar por toda a casa.
Escolheu a primeira peça de roupas que viu à sua frente. Apesar de ter que parecer elegante, agora não tinha muito tempo.
Vestiu-se rapidamente com um vestido de cor vermelha, fechando com dificuldade um zíper que lhe ia do início das costas até o princípio da bunda.
A campainha soou novamente.
Mýa girou sobre os próprios pés e foi na direção do espelho. Mirou-se, verificando a sua aparência. Os cabelos molhados davam-lhe uma aparência sensual, combinado com a cor do vestido. Seguiu outra vez em direção ao guarda-roupa e de lá retirou uma caixa, que abriu automaticamente, divisando um par de scarpins pretos. Calçou-os avidamente.
Ouviu o estrondo nervoso da campainha outra vez.
- Meu Deus! Que ser humano impaciente - resmungou. - Já estou indo! - completou, gritando.
Devidamente vestida, dirigiu-se para fora do quarto, guiando-se sobre seus passos até adentrar a sala. Foi na direção da porta, caminhava rápido, espaçadamente. Os sapatos causavam-lhe certo desconforto.
- Estou indo - disse, alcançando a fechadura com uma das mãos.
Destrancou a estrutura de madeira. Puxou-a para dentro, movendo-se para dar espaço para que quem lhe chamava pudesse passar. Seus olhos deram com um rapaz de baixa estatura, magro, extremamente branco. Tinha olhos demasiado azuis, cabelos castanhos e lisos e um semblante apático.
- Olá! - sorriu.
- Achei que não estivesse em casa - o rapaz demonstrou certa ira no tom de sua voz, que era doce, porém grave.
- Desculpe-me pela demora... - Mýa parecia estar um pouco desconcertada. - Eu havia acabado de sair do banho quando você chegou.
- Não se preocupe, está desculpada - o rapaz fazia movimentos mímicos afetados com as mãos enquanto falava.
Mýa abriu-lhe um largo sorriso.
- Vamos entrando.
O rapaz atravessou a porta em um ímpeto, passando por Mýa rapidamente. Quando ela fechou a porta e voltou-se para a sua figura, ele já estava sentado em uma das poltronas que ficavam dispostas na saleta, uma em frente à outra.
- Vamos fazer tudo aqui mesmo? - o homem indagou, impaciente.
Mýa aproximou-se dele, parando com as mãos na cintura à sua frente.
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Novelas Nada Delicadas
Short StoryFetiche do francês fétiche, significa objeto enfeitiçado ou mágico, um comportamento sexual, parte do corpo ou objeto que desperta a excitação sexual e tem o poder de produzir orgasmo, ou de ajudar a produzi-lo. Mýa Rivers é uma escritora de carreir...