VII

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E lá estava eu, no ensino médio. Bom, eu estava agora no 1º ano do ensino médio, ainda havia um bom caminho á percorrer até chegar a fase dos vestibulares, tentativas para entrar na faculdade.

As primeiras semanas começaram tranquilas, eu estava fazendo aula de música no contra-turno, 2 vezes por semana, isso ocupava um pouco a minha mente, a música estava realmente me fazendo bem, mas é claro, eu não deixava de lado as minhas obrigações, estudar e estudar, como sempre, sem falar de livros e mais livros para ler, vários para fazer resenhas para o blog da escola. Eu também era encarregada de fazer avaliações a alguns filmes, caso o real encarregado, tivesse algum imprevisto.

Essas primeiras semanas estavam boas demais para ser verdade, parecia até um sonho, que talvez a vida se encarregasse de transformar num terrível pesadelo. 

Rachel e eu sentávamos juntas há anos, porém a partir daquele dia, tudo estava para mudar, nossos professores resolveram fazer um mapa da sala e inclusive mudar completamente os lugares de cada aluno, fazendo duplas, com pessoas que nunca tínhamos interagido uma vez sequer. 

Minha dupla era um menino, que eu só lembrava dele praticamente nas aulas de educação física, já que era nisso que ele excepcional em esportes e atletismo, já eu, bom, a pessoa mais descoordenada do mundo nesse quesito.  Só não lembrava do nome do garoto, Breno? Bernardo? Bruno? Não faço a mínima ideia, só sabia que ele me dava calafrios, eu me achava estranha, mas perto desse cara, eu era normal, até demais. Mas pensando por outro lado, ninguém era normal, todas as pessoas são diferentes, nenhuma é igual a outra, não 100%, podem ter algumas características em comum, mas não ser idêntica a outra, em tudo.

Eu simplesmente não me encaixava nesse mundo, e isso era uma droga, literalmente, claro, depois de começar uma "amizade" com Mon, minha vida estava um pouco melhor ou talvez mais preenchida, mas não era a mesma coisa, era algo ás escondidas de tudo e de todos.

O mundo era uma droga, eu era uma droga, minha vida era apenas um lixo, não do tipo reciclável, mas do orgânico. Não me encaixava em nenhum lugar e com nenhum grupo de pessoas e isso me deixava cada vez mais frustrada e desanimada, para continuar este ciclo, chamado vida. A vontade de acabar com tudo isso era grande, grande até demais, mas e a coragem? 

A aula de química estava rolando, pra ser exata, a professora, a Srta. Black, estava explicando para nós como funcionaria a prova oral de química, sobre a tabela periódica, que seria aplicada a todas as turmas do 1º ano, do ensino médio, mas a prova seria aplicada daqui á um mês. O tempo era curto, considerando que eu teria que decorar exatamente 118 elementos químicos e ainda decorar os seus símbolos. A prova seria por sorteio, você tiraria 5 nomes para falar seu símbolo e 5 símbolos para falar seu nome. Eu não sabia se estava preparada para isso, meu maior medo era fracassar nessa prova, o 10 que eu tanto almejava, em cada matéria e ainda mais nessa maldita prova oral química, muito temida por sinal, já que se você fosse mal, já iria abaixar a média das notas e aí o iceberg descongelaria e afundaria.

Eu sempre fui muito neurótica em relação ás minha notas e se eu tirasse alguma nota abaixo do que eu considerava excelente, já me sentia mal, mal ao ponto de passar horas chorando por conta de uma nota ruim. Eu exigia muito de mim, mas meus pais( na verdade, meu pai e minha madrasta) estavam nem aí pra isso, se eu tirasse alguma nota boa, não me parabenizavam, nem nada, afinal, não fiz mais do que a minha obrigação. Queria que minha mãe ainda estive aqui, mas ela estava morta, afinal. A vida seria muito mais fácil com ela junto á mim e ao meu pai. Uma vida sem a minha madrasta, que era uma pessoa não muito confiável, alguém que eu não sentia muito confortável ao ver, ainda mais de frente á mim, me dando ordens, como se eu fosse sua empregada e não como a sua enteada, como eu era de fato. O que meu pai viu nessa mulher? Era apenas uma tentativa boba de se preencher e preencher o vazio que minha mãe deixou, após a sua morte prematura, em um acidente de carro?

Um Amor Para Toda A VidaOnde histórias criam vida. Descubra agora