Capítulo II

111 10 6
                                    



Diante de minha visão no espelho, percebi quão estimulante pode ser um pote de ouro no final do arco- íris, em forma de herdeira ruiva. Barbeado, com roupas alinhadas e recém banhado,a cada minuto me aproximava mais do meu eu civilizado. Ela seria fisgada não havia dúvidas.

Caminhei com passos determinados porém silenciosos para a minha doce noiva e me pus a observá-la. Analisei o que viria a ser meu dali a algumas horas, e não pude deixar de animar-me diante da visão: ela estava encantadora sob a pouca luz da habitação. Seus cabelos eram de fato um atrativo mais que interessante, mas sua postura não indicava lascívia, como sempre me acostumei a admirar nas mulheres, ela me pareceu mais uma gatinha assustada, ainda que sua determinação em propor-me casamento havia sido mais que enfática. Creio que, vir por livre e espontâneo desespero para o covil do próprio demônio a assustou.

Analisei-a por completo, seu corpo era bem formado, seus contornos eram agradáveis aos olhos, e seu rosto se analisado detidamente era doce e encantador. Nunca foi de meu feitio admirar tais qualidades, mas ali, encostado na soleira da porta percebi que minha situação poderia ser milhares de vezes pior. As dívidas estariam pagas, as contas postas em ordem, e não mais teria que estourar meus miolos diante da falência iminente. Graças a Evangeline Jenner.

Sua surpresa ao perceber minha presença a fez corar furiosamente e nada havia me preparado para aquilo... A pobreza pode gerar demência? Devo analisar mais a fundo, pois damas inocentes nunca foram objeto de meus desejos; obviamente excluindo Lilian Bowman, mas esta bem verdade era mais uma peça em meu jogo com Westcliff do que propriamente meu alvo. 

Aquela pequena feiticeira a minha frente, despertou meus desejos mais primários, ainda mais tão próximos da cama como estávamos.

Sua fragilidade era evidente - ainda que seus olhos demonstrassem determinação - ela desejava apenas a liberdade, liberdade para visitar o pai, liberdade para gastar sua herança. Após conversarmos e constatar que os cretinos dos seus parentes não haviam lhe alimentado fui obrigado a pensar o quão difícil é a vida das mulheres. Nunca havia tido tais pensamentos, só podia estar adoecendo, afinal mal me casei e já estou pensando em mudar o mundo para melhor acomodar a minha pobre esposa... Sim, devo estar sofrendo de alguma doença severa, pois sua fragilidade e a forma como a pequena Evie vinha sendo tratada pelos tios  acendeu minha ira.

St. Vincent pode ser acusado de tomar aquilo que lhe é oferecido pelas mulheres, e até se regalar com as mulheres comprometidas, mas maltratá-las? Jamais!

Deixando-a na biblioteca, sai para providenciar a nossa viagem rumo às algemas.

- Simmens - ou como seja lá seu nome - necessito de vários itens sem demora prontos para a viagem! Seu amo e senhor irá se entregar a instituição mais antiga da civilização. E feche essa boca homem!

Um sorriso perverso formou-se em meus lábios.

—————————————————————

You've reached the end of published parts.

⏰ Last updated: May 26, 2018 ⏰

Add this story to your Library to get notified about new parts!

Os Segredos do Lorde St VincentWhere stories live. Discover now