Capítulo 18

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A pessoa que disse aquela famosa frase: "tudo pode mudar da noite para o dia", não estava brincando e eu acabo de comprovar isso. Como o universo pode ser irônico, não é?! Em menos de vinte e quatro horas, passo de atraída por John Berryann para aquela que deseja arrancar até o seu último fio de cabelo.

Ah, realmente, o universo é muito irônico!

Não que eu esperasse menos depois daquela mensagem "hostil' e repleta de autoafirmação. Tampouco esperasse ter exclusividade em sua cama.

Mas para quem estava com ciúmes de um mero empréstimo de apagador até algum tempo atrás, o contra-ataque veio antes do que eu imaginava. E pior, mais certeiro e desagradável do que quero admitir.

Eu sei que não temos nada, que foi apenas uma noite e um acordo de sexo casual quando nós dois quiséssemos, e apenas isso. Mesmo aqueles olhares que trocávamos durante as aulas e nos corredores, cheios de interesse e de egoísmo quando nos víamos próximos à outros foram apenas frutos da atração que sentíamos e não é como se significassem ou valesse de alguma coisa.

Mas, apesar de tudo isso, vê-lo praticamente engolindo a garota à alguns metros me deixa com raiva. Muita raiva.

Quer dizer, não que eu tenha esse direito e menos ainda entenda porque esteja me sentindo tão incomodada dessa forma. Mas se o pirralho é cínico o suficiente para ficar irritadinho com a minha aproximação do seu professor de matemática, posso dar-me o luxo de estar assim também. Bem como posso dar-lhe uma resposta à altura.

Afinal, se ele quer guerra, vou guerrear. E que vença o melhor.

O barulho alto de buzinas me desperta. Um pouco desnorteada, olho para cima e só então percebo que o semáforo abriu e que estou trancando o trânsito.

Que maravilha!

Sem poder reclamar e ainda sobre os protestos dos outros motoristas, respiro fundo para me acalmar, engato a primeira e finalmente faço o carro andar.

Sem querer dar mais importância do que já estou dando e piorar a minha dor de cabeça, concentro-me na avenida e simplesmente finjo não reconhecer o casalzinho assim que passo próximo à eles.

Mas, como a boa masoquista e curiosa que sou, não me contenho e acabo olhando sorrateiramente através do retrovisor, tendo a imagem de John aos beijos e carícias com a tal garota, como se fosse a pessoa mais apaixonada de toda a Londres.

Patético!

Respiro fundo uma, duas, três e todas as vezes que acho necessário. Mantenho meu olhar na pista - talvez apertando o volante com mais força que o normal - e continuo o meu caminho para casa.

Vamos lá, eu não tenho motivos para estar desconfortável dessa forma, certo?! Sou adulta e entendo que é apenas por diversão, tal como entendo que John é livre para ficar com quem quiser. Afinal de contas, como ele mesmo disse: não podemos nos intrometer na vida um do outro.

Sim, é isso. Exatamente isso.

Eu sou adulta e sei compreender a situação.

Eu sou adulta e sei controlar minhas emoções.

Eu...

Não. Eu não sei porcaria nenhuma! Muito menos ser compreensiva e controlar minhas emoções. E John Berryann vai descobrir isso agora. Vou mostrar que o que ele tem de impulsivo e provocador, eu tenho em dobro.

Incapaz de segurar a megera que mora em mim, entro no primeiro retorno que vejo pela frente e acelero o máximo que posso, torcendo para conseguir fazer a volta nos quarteirões antes que o causador da minha raiva resolva ir embora e ponha meu plano por água abaixo. Eu não posso e nem quero criar tumulto, mas fazê-lo passar vergonha... Aaaahh, isso eu posso.

IrresistívelOnde histórias criam vida. Descubra agora