Prólogo

23K 2.2K 583
                                    

Votem e comentem muito...

Oliver

Me sento no gramado úmido do cemitério observando as lápides na minha frente

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

Me sento no gramado úmido do cemitério observando as lápides na minha frente. Aqui estão enterradas, as três pessoas mais importantes da minha vida, os meus amores. Deslizo os dedos sobre o nome da minha esposa e dos meus filhos sentindo lágrimas escorrerem pelo meu rosto. Lágrimas de dor.

— Por que me deixaram? — Pergunto em um sussurro enquanto fecho os olhos. — Desde aquele maldito dia não tenho nenhuma noite tranquila, todas são regadas a pesadelos terríveis. Sinto falta das tardes em família, sinto falta do barulho de vocês logo pela manhã, impedindo que eu continuasse dormindo. Meus dias agora são silenciosos, vazios, monótonos, solitários...

Silêncio. Essa é a única resposta que obtendo com meu desabafo.

O vento frio bagunça meus cabelos indicando que uma tempestade está a caminho. Olho as nuvens carregadas no céu escuro e sinto que estão em harmonia com meu estado de espírito, só tem uma única diferença, no final dessa tempestade pode ter um arco-íris, e na minha vida não terá nenhum arco-íris.

Há cinco anos os perdi. Todos mentiram quando falaram que um dia essa maldita dor iria passar e a única coisa que restaria seria a saudade, a dor não passou, ela ainda é a mesma.

— Eu juro que tentei seguir em frente, Milena, mas não consegui. Não tem como seguir em frente, preciso de você, meu amor, preciso do seu carinho, das suas palavras de motivação. Sinto tanto a sua falta, as vezes acordo durante a madrugada procurando o seu corpo, mas só encontro o vazio. — Continuo a encarar o céu nublado. Alguns pingos de chuva molham a minha pele. — Dói tanto, você não tem noção. Cada dia sem vocês ao meu lado é uma tortura. Eu poderia ter ido no lugar de vocês.

Passo horas no cemitério, evitando voltar para casa. Desde que tudo aconteceu, venho ao cemitério diariamente, de certa forma consigo me sentir mais próximo deles, pode parecer bobagem, mas é assim que me sinto.

Olho para o quarto dos meus filhos. Venho aqui todos os dias antes de me deitar, há cinco anos vinha aqui para ver se os meus anjinhos e dar um boa noite para eles. Dói olhar para o quarto e perceber que eles nunca mais estarão aqui me chamando de papai, que nunca mais verei os dois pedindo para que eu conte uma história antes de dormir.
Meus filhos eram a melhor parte de mim. Quando soube que Milena estava grávida, me senti o homem mais sortudo do mundo. Me lembro de ter contado para toda a família no mesmo dia.

Entro no meu quarto, seguindo diretamente para o banheiro. Estou todo molhado, minha feição deixa nítido que estou um verdadeiro lixo. Não posso me apresentar desta forma amanhã no tribunal, uma das poucas distrações que tenho está no trabalho. Passo noites em claro trabalhando, Milena sempre odiou que eu trabalhasse em casa, segundo ela eu precisava descansar, que trabalhar tanto não fazia bem para ninguém.

Passo a mão nos meus cabelos me apoiando no mármore da pia.
Respiro fundo me recordando da época em que sabia o que era felicidade. As lembranças da minha família são a única companhia que tenho.

— Vamos, Oliver. Você tem que descansar. — Ela entra em meu escritório carregando um lindo sorriso.

— Só estou terminando de analisar alguns documentos que recebi hoje.

Milena me repreende com um olhar feio fazendo-me desligar o computador imediatamente e caminhar até ela. E então eu a abraço e beijo o topo da sua cabeça.
Sou grato por tido uma esposa tão especial. Nos casamos quando ainda éramos muito jovens, tínhamos dezenove anos e amadurecemos juntos.

Conheci Milena quando tinha quinze anos, foi amor à primeira vista. Ela era uma mulher encantadora. A sua doçura e calma foram características que a definiam facilmente.

— Amor, a próxima vez que eu te encontrar trabalhando até tarde vou te colocar para dormir no quintal. — Brinca me puxando pela mão.

— As crianças já dormiram?

— Sim. Italo e Danilo ficaram te esperando, mas logo dormiram.

— Vou dar um beijo de boa noite nos meninos. Amanhã tentarei sair mais cedo do trabalho para passar mais tempo com eles. — Beijo a bochecha da minha esposa enquanto subimos as escadas indo até o quarto dos meus filhos. — Amanhã a minha amada esposa quer almoçar fora comigo?

— Claro que sim, meu amor. — Milena sorri. — Vai me levar naquele restaurante de comida japonesa?

— Você que escolhe. — Abro a porta do quarto do Italo e do Danilo. — Eles são lindos. — Observo os meus dois anjinhos dormindo calmamente.

— Se parecem com você. Olhe a forma que o Danilo dorme, é quase que uma miniatura sua. Acho injusto ter carregado os dois por nove meses e eles se parecerem apenas com você. — Comenta olhando para os nossos filhos. Ela nunca se conforma com o fato que os dois puxaram apenas para mim.

— Podemos fazer mais um, quem sabe ele nasce loiro como a mãe.

— Quem sabe daqui alguns anos, por enquanto temos que cuidar desses dois meninos abençoados — Milena sorri me abraçando com força.

Acabo voltando para a realidade com o som de um trovão. Tínhamos planos, mas tudo se acabou no instante em que eles morreram.









——————————————————
Espero que gostem do capítulo.💙

O QUE ACHARAM DO PRÓLOGO? SENTIRAM PENA DO OLIVER?

Ansiosos por essa nova aventura?

Entrem no grupo do Facebook: Autora Maria Vitória Santos.

Beijinhos e até o próximo...😘😘😘

Um recomeço para Oliver - Série recomeços (Disponível na Amazon)Where stories live. Discover now