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— Se eu te chamei por meio de pedras com runas, como que você aparece com um carro e um motorista?

— Virgil? Ah ele é um lacaio de Jotunheim, o evoquei enquanto estava na sua minúscula sala de estar. Ele sabe para onde ir.

Amelie olhou no banco do motorista, onde um homem de pele azul usava um quepe verde. Loki tirou um celular do bolso e começou a conversar em italiano muito rapidamente, depois em francês e depois... Amelie não soube acompanhar e ainda estranhava o fato de um deus ter um iPhone.

— Vocês humanos são a raça mais fácil de manipular. — Loki parecia estar se divertindo muito naquilo. — Acabei de conseguir um vestido para você.

Amelie, àquela altura, não duvidava de mais nada.

C-c-c-como você sabe minhas medidas?

Loki riu e deu de ombros.

— Vocês são engraçados.

Durante uma viagem de quinze minutos, o carro parou e eles desceram em Upper East Side, em meio a prédios altos, pessoas com pressa e carros luxuosos.

— Como chegamos a Nova York em quinze minutos?!

— Não faça perguntas idiotas, humana, vamos. — Loki a segurou pelo braço e entraram em uma loja de marca de luxo, com a vitrine brilhante.

— Loki, desculpa, mas eu não posso nem entrar nessa loja, estou de pijamas...

— Você está do lado de um deus, poderia estar até nua que eles não teriam como negar o atendimento.

Amelie não percebeu, mas desde a hora que Loki apareceu em seu quarto, ela estava muito vermelha.

Dentro da loja, com o cheiro característico de um aromatizante caro, cinco vendedores os cercaram fazendo perguntas a Amelie como "você gosta de dourado?", "entre uma libélula e uma cobra, prefere verde?", "você prefere uma caixinha para lentes de contato?" e até "Seu soutien é 38?".

Ela foi engolfada pelas pessoas que mediam, conversavam em voz alta, puxavam seu cabelo com um secador e uma que lhe oferecera um chocolate quente com menta. Entre aquele alvoroço ela viu Loki sorrindo para ela com um drink verde nas mãos.

Amelie experimentou um vestido que lhe serviu como se tivesse sido feito para ela. Era preto com as costas abertas, onde uma serpente dourada e correntes finas unia o tecido e deixava boa parte da sua pele de fora. Era o vestido mais bonito que ela já viu. Começaram a fazer sua maquiagem e seu cabelo e antes que pudesse imaginar como ficaria, todos terminaram e se afastaram.

Uma moça gentil que parecia ter coordenado tudo aquilo disse:

— Você está linda. Seu rosto tem o formato de um coração, já te falaram isso?

Amelie piscou com as pestanas alongadas e esverdeadas. Elogios eram uma coisa não muito comum em seus dias.

— Venha, princesa, vamos leva-la até o embaixador Louis. — E a moça lhe deu uma bolsa de mão com uma goma de mascar e o batom – de uma marca de maquiagem impossível de pronunciar o nome.

Sentado em uma poltrona, lendo um livro chamado "A Amante do Rei" Loki olhou Amelie dos pés a cabeça. A garota estava elegante e bonita com o rosto alegre. Ela emanava algo de arcano no modo como ela se movia e olhava para os objetos, como se soubesse fazê-los levitar a qualquer momento.

O deus da trapaça se ergueu e quando a garota começou a completar a distância entre os dois, ele tirou um corsage do bolso do terno.

— Fiz isso para você. — O bracelete era de ouro, com uma flor de lótus dourada, ramos finos e esverdeados e enfeites de ônix. — Para combinar com o meu.

Amelie, distraída demais em sua nova veste, não percebeu, mas Loki havia mudado o terno normal por um smoking preto com uma gravata de detalhes dourados e uma flor de lótus dourada na lapela. Ele levou a mão da garota até os lábios e a beijou, sedutor.

— Está na hora. — Loki colocou a mão de Amelie em seu braço. — Giulia, obrigado mais uma vez.

— Você é sempre bem-vindo, senhor embaixador. — respondeu a moça gentil. — boa sorte no seu baile, princesa!

Já no carro, Amelie questionou:

— Por que ela ficou me chamando de princesa?

Hm digamos que... — Loki sorriu torto — eu disse que você era a princesa da Noruega.

— Loki! Eles tiraram fotos de mim!

— É provável que você saia no jornal amanhã em uma notícia "jovem princesa norueguesa é vista em Upper East Side".

Amelie afundou o rosto das mãos – com cuidado para não estragar sua maquiagem.

— Oh minha Frigga.

— Talvez você deva parar de falar o nome da minha madrasta. Ela pode acabar aparecendo em algum momento que eu não gostaria que ela estivesse.

— Seu irmão deveria estar aqui. E não você. — Amelie disse, angustiada de imaginar seu rosto na capa social do The New Yorker como a princesa usando Gucci para ir num baile de formatura.

— Eu já disse, se você vai trapacear quem vai aparecer sou eu e não meu irmão. — Loki olhou para Amelie e segurou a mão dela. — Na verdade, eu só apareço quando é uma trapaça divertida.

A garota olhou para o deus ao seu lado, com os olhos maliciosos e os lábios bem desenhados e estava certa que não teria outro lugar do mundo que gostaria de estar se não aquele.

— Como estamos indo se e eu não te falei o endereço? — Ela disse.

Loki soltou a mão da garota e revirou os olhos outra vez.

— Sinceramente você merece que o meu irmão tivesse vindo. Vamos lá, humana, exercite sua massa cinzenta e pense: Acabamos de atravessar quilômetros em minutos e você me pergunta se eu sei o endereço?

Amelie virou o rosto para a janela, onde as luzes na noite passavam muito rápido.

— Você poderia ser menos grosseiro. Não ensinam modos em Jotunheim?

— Ensinam sim, senhora, aprendi a etiqueta do chá. Que bebidinha mais engraçada... — disse o chofer. Loki estalou os dedos e a voz do motorista azul sumiu. 


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caught in a lieOnde histórias criam vida. Descubra agora