4 de Dezembro de 2028

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4 de Dezembro de 2028

Para algumas pessoas um filho é como uma ruína que consome sem parar.

Para outros uma criança é apenas um recomeço de uma linda história.

Para certos, crianças são necessárias, mas em certo momento da vida. Quando são planejadas ou quando enviadas para quem realmente precisa.

A pequena Eva sorria engatinhando pelo enorme quarto dos brinquedos. O irmão Sam a esperava do outro lado da linha de chegada. Aquele momento era promissor. Sam angustiado pela chegada da irmã e Eva sorridente pelo nervosismo do pequeno irmão.

A linda sombra apareceu na porta do quarto, uma mulher de moletom azul e olhar severo. Cruzou os braços e apoiou uma das pernas na madeira da porta. Sam a notou primeiro e correu em direção a mãe, seguido de Eva que demorava para dar uma volta e seguir até a porta.

- Mãe!

Lua abraçou o pequeno Sam e pegou a Eva no colo. A pequena brincava com o seu rosto enquanto o menor segurava em suas pernas.

- O tio Kim chegou? - Sam perguntou abrindo um sorriso lindo com seus poucos dentes restantes. - Ele realmente veio?

- Por que vocês nunca acreditam na minha palavra? - Jin perguntou chateado - Sou tão sacana assim?

Sam correu para abraça-lo, não hesitou em largar a mãe para chegar até Jin. O maior o abraçou com força e beijou o topo da cabeleira loira.

- Eu estava morrendo de saudades, mamãe disse que chegaria após o jantar, mas já estamos no café - dizia sem parar - Eva já está quase andando do tanto que demorou, olhe para ela, já está babando como gente grande.

Lua ria do entusiasmo do filho ao conversar com Jin.

Kim se relacionava tão bem com as crianças, os tratava como um bem maior e frágil e os dava todo cuidado possível. Lua o admirava ainda mais, Jin a ajudou quando ainda era uma criança e depois de tanto tempo nunca saiu de seu lado. Mesmo que desejasse de todo o coração, ele sempre voltava.

Após seu curso chegar ao fim, Lua se permitiu viver sozinha e criar sua própria felicidade e fugir da rotina estudantil que a consumia. Adotou Sam e poucos anos depois a pequena Eva.

Jin não saía de perto deles, Sam era o bebê mais lindo que haviam visto. Jin mesmo quem escolheu o nome para o pequeno e se autodeclarou o tio número 0, que por ele era a base e que acima dele somente Deus. Fazia de tudo para estar sempre ao lado deles, Sam e Eva eram como filhos para si, que nunca poderiam ser assumidos.

Lua balançava Eva em seus braços e sorria das piadas sem nexo que Jin contava para Sam. O pequeno havia pego as manias do tio e estava se tornando um Jin versão mirim.

Após arrumarem a bagunça do quarto dos brinquedos, Lua sentou no sofá da sala ao lado de Kim que segurava a pequena Eva dorminhoca em seus braços.

- A mesma rotina?

- Fizemos biscoito hoje. Sam está ensinando Eva a engatinhar.

- Você se tornou uma ótima mãe. - Jin disse orgulhoso - Uma das melhores.

- Não tente me encantar mais uma vez, Kim. - sorriu - Não me relaciono com anjos. Seria considerado uma pedofilia considerando que tem milhões de anos a mais que eu.

- Você continua esperta. - sorriu - Pensei que os adultos fossem mais lentos. - franziu o cenho - E quem disse que sou um anjo? - Jin sorriu e a abraçou com o braço direito já que Eva ocupava o esquerdo todo para si, lhe dando um beijo com todo o seu amor. Se fosse pecado amar tanto um humano assim, ele seria condenado por uma eternidade.

- Eu vi isso! - Sam apareceu arrastando sua manta de dragões e coçando um dos pequenos olhos. - Tio Jin?

Kim o respondeu apenas com um "hm" esperando ansiosamente pela resposta do pequeno Sam. O pequeno deitou no colo da mãe e se cobriu com a sua manta de dragões, aos fechar os pequenos olhos fez seu pedido.

- Canta Awake?

Jin abriu um enorme sorriso, amava cantar para as crianças, gostava mais ainda quando elas pediam. Lua não se lembrava, mas ele também cantava para ela dormir, na maioria das vezes quando estava doente e não tinha quem a curasse por ser uma ferida sentimental. Jin se sentia satisfeito, ele amava o que fazia, ser um anjo tinha suas desvantagens, mas as partes positivas faziam com que as ruins parecessem inexistentes. E foi assim, que mais uma vez ele fez o pequeno Sam dormir.

Lua se sentia em paz, aquele momento era todinho seu. Após anos sofrendo sua vida tomou um rumo que a fez feliz. Tantas lágrimas para que a felicidade por fim fosse alcançada. Ela poderia gritar aos céus o quanto estava satisfeita com a vida, porém, muitas coisas boas ainda estavam por vir.

A procura da tão sonhada felicidade varia por pessoas. Tem gente que a acha no dinheiro, na profissão, na religião, em outras pessoas. E tem Lua, que encontrou a sua em si mesma. Encontrando no seu interior forças para seguir. Sem esquecer de Kim Seokjin que a protegeu em todos os momentos e a fez acreditar que coisas boas podem acontecer nos piores lares.

E a sua vida seguiu, com novos momentos e por fim lembranças, apagando as do passado e dando espaço para as do futuro.

Jin não aparecia todos os dias, mas sempre que podia, se esforçava ao máximo para vê-los sempre. Ele adorava os humanos e queria estar sempre ao lado deles, como um verdadeiro protetor.

Em uma noite de 4 de Dezembro, Jin se permitiu explicar para Taehyung porque havia tonado esse dia o momento de Lua. Seus olhos brilhavam com o reflexo das inúmeras estrelas no céu. Ao seu lado naquela enorme montanha Taehyung o escutava atentamente e maravilhado pelos inúmeros humanos que seu irmão salvou.

- E foi no dia 4 de Dezembro que uma oração caiu em minhas mãos, uma voz angelical pedia por ajuda, eu sabia que era uma criança e que sua dor estava crescendo por falta de amor. Era uma criança cheia de vida, Taehyung. Eu nunca deixaria sua luz se apagar e chegando ao local, eu a vi, ela brilhava tanto que pensei ser um engano. Mas não era, era ela. Aquela que os olhos transmitiam dor e o coração guardava uma porção de amor. - sorriu - Um dia irá encontrar um humano tão porfundo a ponto de acreditar que a humanidade merece uma segunda chance.

DURANTE OS 4Where stories live. Discover now