Prólogo

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Crymond tinha sua rainha, uma doce e bela Elfa da Luz chamada Moonlay Cor'Onna, ela sempre ajudava seus súditos e não suportava a desigualdade. O reino passava por tempos difíceis, sofria constantes ameaças vindas dos seres da escuridão, os Elfos Negros. A rainha tinha medo de que algo pudesse ocorrer com o reino que tanto amava, mas ela não poderia fazer nada naquele momento, já que carregava o fruto de um amor proibido em seu ventre. Desse bebê não poderia abrir mão, talvez fosse à coisa que mais quisesse em toda sua vida, uma família.

Moonlay se mantinha escondida no palácio, os conselheiros temiam que seus súditos e inimigos soubessem sobre sua gravidez e pudessem usar aquilo a seu favor.

As coisas estavam em alerta, mas ela não recebera mais ameaças, o que era preocupante. Sua barriga já era imensa, apenas alguns elfos da realeza, de confiança, sabiam sobre a criança. Moonlay não tinha mais nenhum parente que soubesse estar vivo e ela não poderia permitir que seu bebê passasse por qualquer tipo de perigo.

A rainha permanecia trancada em seu quarto frio, não importava o quanto aquilo doesse para a elfa, que sempre estivera livre e era a coisa que mais lhe fazia bem. Mas sabia que era para o bem do bebê que vinha, ela se mantinha forte e apenas olhava tudo o que acontecia pela janela. Muitas vezes recebia a visita de seus pequenos companheiros, Niffy, que era um filhote de dragão, e Nevazca, o filhote de lobo.

Era um dia de inverno, o quarto real estava iluminado por velas e pela clareira, o que lhe trazia um tom alaranjado que particularmente agradava Moonlay, mas, naquela situação, nada parecia animá-la. As cortinas grossas das janelas tinham um vermelho mais escuro pela iluminação do fogo, que dançava contra as paredes e o pano. A penteadeira da rainha estava desarrumada, fazia algum tempo que ela nem se importava em embelezar-se, já que o único elfo por quem faria isso, mesmo com toda sua vaidade, havia desaparecido faziam vinte e quatro luas. A cama também estava desarrumada, já que Moonlay deitava e se levantava diversas vezes durante o dia, inquieta por não poder sair e cansada de tudo aquilo.

A porta do banheiro entreaberta deixava a luz azulada do luar adentrar o quarto, batendo-se contra o dourado das velas, juntamente à janela na qual Moonlay estava parada em frente, observando seu enorme, e parado pelo inverno, reino. Crymond estava coberto por um manto grosso e branco. Apenas por olhar, ela podia sentir o toque gelado e também aveludado da neve contra a sua pele, sentia tanta falta daquilo, havia esperado o inverno por tanto tempo, pensando em finalmente estar com suas mãos contra a neve.

Seus dedos pequenos deslizavam pelo gélido vidro, embaçado por culpa do frio vindo de fora, junto ao calor da lareira, feita por pedra, junto da parede. Para ela, não poder sair de seu quarto e entrar em contato com a natureza era como perder parte de si, estar morta. A gravidez poderia ser a única coisa que a mantinha perto da felicidade, seus cabelos já haviam até mesmo se tornado loiros, sem vida, longe do habitual rosado que pousava sobre suas madeixas sempre que Moonlay estava feliz.

A falta da presença do elfo que amava a deprimia de uma forma que nunca pensou ser possível. Pensamentos de que ele lhe traíra passavam diversas vezes por sua mente, sua imaginação fértil apenas piorava a infelicidade que sentia naquele momento.

Um enorme casaco de pele cobria seus finos ombros, o toque quente e macio de sua vestimenta sobre a pele era de certa forma reconfortante. Suas mãos pousavam sobre sua barriga, a acariciando. Ela sentia que a hora em que a criança nasceria estava por perto e não estava errada, logo começou a sentir a dor das contrações, então seguiu em direção à porta, tudo estava preparado para que ela desse à luz a seu bebê sem que soubessem.

CrymondWo Geschichten leben. Entdecke jetzt