•Capítulo 3•

62 8 0
                                    

   Ecos

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.


Ecos...
Por todo lado, vozes ecoam, minha cabeça parece explodir.
O tempo para ao mesmo em que parece correr, fugaz. Meu coração acelera, tudo roda.
Espectros pálidos reluzem no espaço totalmente escurecido, fazendo réstias intensas que tendem a embaçarem minha vista.
   Corpo trêmulo, mente embaralhada, força esgotada e o medo tomando cada parte de mim... não tem a quem chamar, não existe alguém que possa me salvar.
Olho para mim mesma... tão fraca, tão inútil... não fui criada para isso, não nasci pra ter medo, nasci para impor poder! Levanto juntando todas as minhas forças, um vestido volumoso vermelho se destaca contra minha pela pálida e os cabelos negros, envolvo-me com meus próprios braços, as unhas compridas pintadas de branco cortam a pele, fazendo escorrer uma fina linha de sangue escuro. Isso aparenta chamar a atenção dos espectros que se movem em minha direção. Os ecos aumentam, os sussurros ensurdecem, todos eles parecem gritar em minha mente, perturbam, enlouquecem, monótonos e descontentes...
   — Eles querem você! — a voz fria de um deles se eleva...
   — Eles querem matar você — o mesmo diz mais alto ao perceber que estou a prestar atenção.
   — Não confie neles... — uma moça de cabelos castanhos fala.
   — Eles vão te usar, e depois descartar... não confie neles, não, não, não basta se afastar, confiar, confiar.... não basta não confiar... eles vão lhe achar, eles vão te usar, eles vão te matar. — diz uma mulher de vestido branco e cabelos loiros... ela aparenta estar enlouquecida.
   — Eles irão lhe buscar, irão lhe ver queimar em uma fogueira...
   — Aprenda... aprenda a controlar...
   — Eles virão atrás de você!
   Todos diziam ao meus tempo, vários se aproximam de mim, mas não tocam-me.
   — Eles quem? - pergunto.
   — Você sabe quem Nigrum... sua essência lhe diz...
   Ecos volumosos e trêmulos continuam a rodear-me, não dá para saber de onde vem, quem responde ou quem pergunta. A cor embranquecida deles fazem meus olhos arderem, o escuro profundo do local faz com que pareça que estou a morrer, é como um vale profundo sem cor ou estrutura... um vazio!
Os espectros continuam a rodar e aproximar, sempre a repetir: "Eles querem você! Eles vão matar você! Não confie, não basta não confiar!"
Tão complicados, tão estranhos, tão meus! Minha mente quer estourar, minha garganta se prepara para gritar sei que não irá adiantar... mas preciso tentar.
   Abaixo-me com as mãos enroscadas em meus cabelos e grito o mais alto que consigo, entrecortado por soluços e lágrimas quentes que escorriam livremente. É como se tudo estremecesse, é como se eu enlouquecesse. Vozes...vozes...vozes! Continuam a falar, ecos a me atormentar, minha vida parece se esgotar... mas ela já não esgotou-se? Não sinto minhas veias pulsarem, sangue tão escuro quanto a escuridão dos céus à noite, minha voz sai em uma linha de desespero no meio de tantos desesperados... será que adianta mesmo gritar? Tudo já acabou?
Silêncio
   — Aprenda a controlar! Não seja mais uma a descartar tais poderes. Aprenda a controlar! — escuto um dos espectros falar revoltado.
   — Como? — pergunto ao soluçar baixinho.
   — Aprenda a controlar... aprenda.... apenas aprenda.... você sabe como... deixe seus instintos guiarem-te... controle... Aprenda a controlar sua alma, sua mente, seus pensamentos.
   Continuo encolhida, coração batendo a mil, voz rouca... Como? Como irei aprender? São tantas perguntas sem respostas! Sem uma maldita resposta.
Olho para a escuridão a minha frente... luminosidade dos espectros parecem se apagar pouco à pouco. Percebo uma luz negra vindo em minha direção, uma mulher alta de cabelos negros iguais ao meu. Sua luz não apaga, um negro tão luminoso quanto um céu estrelado.
   Ela tenta falar, mas nenhum som sai de sua boca... e assim ela falha nas outras duas tentativas.
   — Filha... — ouço-a sussurrar tão baixo que quase não consigo escutar.
   No momento em que essas palavras saem de sua boca meu chão some! Tudo ao redor parece sumir. Começo a correr angustiada em sua direção, mas uma parede transparente barra-me, meu coração se aperta, e o desespero toma conta de mim.
   — Mãe! — grito.
   — Mãe me ajuda! Mãe. — desesperada bato na barreira em uma miserável tentativa de quebrá-la.
   O espectro dela começa a sumir como os outros. É possível ver a felicidade em seus olhos, o que logo some quando percebe que está a sumir juntamente com os demais... ela quer ficar, ela tem que ficar! Ela é minha mãe e o lugar dela é ao meu lado! Não deveria ter sido tirada de mim, não me deram a chance de conhecê-la.
   — Não! Por favor não vá! Mãe... eu preciso de você! Mãe!
  A sensação de vê-la partir novamente é como se arrancassem cada pedaço de mim, um de cada vez...
Continuo a bater na barreira até tudo sumir e só ficar eu lá. E como da primeira vez, grito! Grito de ódio, raiva, desespero, tristeza e dor... grito até sentir o gosto metálico do sangue em minha garganta, a ardência dela não chega nem perto da dor que sinto dentro de mim, minha alma parece chorar desesperadamente por alguma solução. E eu sei que a solução perfeita era ter minha mãe ao meu lado, algo que pode ser considerado como impossível.
Sinto algo cutucar levemente meu pés. Abro os olhos e percebo que estou à beira de um lago, todos as sensações arrebatem-me e a única coisa que consigo fazer é chorar... ajoelho-me no chão não aguentando ficar de pé e choro violentamente, tentando esvair cada gota de desespero que estou a sentir dentro de mim.
   Escuto o som de passos vindo, imaginei estar certa quando pensei que nada mais poderia piorar... mas como sempre, estava errada!

Ectory - A Nova RainhaOnde histórias criam vida. Descubra agora