Capítulo 3: A Face do Monstro

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Ao perceber que estava presa e que não sairia daquele lugar tão fácil, comecei a andar de um lado para o outro analisando o local. Um ar gelado passava por minhas costas nuas, então me cobri com a coberta em cima da cama, as paredes eram todas feitas a madeira, o chão era feito de pedra, no meio existia uma grande cama que eu antes estava deitada quando acordei. Um belo terror.

Procurando por algo para vestir, logo encontrei pendurada em um cabideiro o capuz que foi o culpado de me trazer para cá. O visto e o fecho na cintura deixando a manta cair.

Procurando por sapatos acabo encontrando um par de botas de couro simples do lado de um armário misterioso.

Tento abrir mas acabo falhando miseravelmente. Estava trancado. Que droga.

Fora o armário, não tinha nada que eu poderia abrir e encontrar algo que faria com que eu saísse daqui.

- Por que você entrou na floresta, Melanie? - falo comigo mesma na esperança de ouvir um conselho.

Sento no chão e depois deito. Respiro fundo, então algo me chama atenção de baixo da cama, olho, era uma caixa, mas estou concentrada demais em não ter um ataque para pegá-la.

30 minutos depois...

Acabei levantando depois de um tempo.

Ainda tentava achar uma maneira de escapar. Apesar de que já estava ficando cansada. Agora voltando para minha fuga, não tinha janelas no quarto, o que eu achei estranho porque estava ventando bastante, apenas velas nas paredes, o clima aqui era sinistro. Eu precisava sair daqui.
Estava totalmente perdida, foi quando lembrei do armário. Ele poderia ser a chave de tudo, eu só precisaria abri-lo... mas com o que?

Nada veio em minha mente a não ser esperar. Talvez ele acabe voltando e mudando de ideia, mas seu tom era bem severo, não era certo o que iria acontecer.

- O que fazer, o que fazer, o que fazer? - digo a mim mesma desesperada, eu não esperava ser resgatada por ninguém da vila, afinal ninguém ligava realmente para mim, meus pais morreram e meus tios não se importavam o suficiente para sentir minha falta. - Live, você estava certa no final das contas, se esconder era o melhor a ser feito. - Estava arrependida, queria apenas voltar no passado e ter tirado o capuz de perto da floresta, mas agora é tarde.

Algumas lágrimas caem de meus olhos, não adiantava mais nada.

Minha última tentativa era ajoelhar e tentar achar aquela caixa novamente, então fiquei de quatro com os pés virados para a porta. Comecei então a procurar.

Escuto a porta ranger.

- Bom, a visão que eu esperava ao abrir a porta não era exatamente essa, mas não está tão ruim assim. - Assusto com a voz grossa e rouca aparecendo novamente. Acabo batendo a cabeça na quina da cama e caio sentada no chão. - Por que está no chão, Mocinha?

O quarto estava muito escuro, de onde estava não conseguia ver sua face.

- Já disse, é Melanie - Digo, já me levantando em posição de defesa. Sua cabeça abaixa e percebo que ele estava me analisando.

- Se eu quiser te chamo de biscoito, Biscoito - Ele não iria nunca falar meu nome certo, meu próprio sequestrador brincando comigo, que cômico.

Logo minha raiva já explode.

- Escuta aqui. - Já falo com um dedo apontado para a cara do sujeito - Eu entrei na floresta, fiz errado e me arrependi, eu quero ir embora, você não tem o direito de me deixar aqui.

- Tenho se você for a invasora da minha casa.

- Mas eu não invandi sua casa, a floresta é de qualquer um. - Digo abrindo os braços em um cena mais dramática.

- Sabemos que não. - Ele fala isso logo vindo mais para luz, é então que eu vejo o homem mais atraente que poderia ter visto em toda a minha vida. Ele era muito alto, seus cabelos eram medianos, ia até a orelha, os fios eram castanhos e enrolados, seus olhos eram de um verde bem intenso e sombrio, sua boca era carnuda e muito convidativa, sua pele era branca, mas bronzeada, tudo nele era convidativo, ele tinha até covinhas...

Com certeza era muito mais másculo do que os garotos da minha idade lá da vila.
Eu já tinha meus 25 anos, já era adulta e ele deveria ter uns...32?

Ele me encara, então me olha de um jeito meio esquisito, escuto um rosnado mas ignoro achando que é a madeira fria estralando, isso acontecia bastante na minha casa.

- Porque está vestindo essa coisa de novo? - Ele me olha agora com um tipo de desconforto. Mas estou concentrada demais em sua beleza para notar isso. Mas acho que ele se referia a roupa.

- Por que está soltando esse cheiro? - Ele pergunta confuso.

- Que cheiro? - Fico confusa.

- Está exalando feromônios que me confundem. - Diz, espirrando. Eu não estava entendendo nada, que homem louco.

- Eu sinto pelo seu cheiro que você está atraída por mim, ou algo do tipo.- Foi ai que não teve jeito, eu queria meter a minha cara na parede e ficar por lá. De onde esse homem tirou isso, meu Deus?!

- S-sentiu errado, a única coisa que quero é minha casa.- Tentei disfarçar mas aquele clima estava ficando sufocante, e eu cada vez ficando mais encolhida.

Ando para trás e ele me segue.

- Sabe, você é até que bonitinha. - ele diz vindo em minha direção, até me fechar na parede e colocar um dos seus braços musculosos ao lado do meu rosto. - Seu cheiro é muito bom. - Diz, passando o nariz por toda a linha do meu pescoço - Poderia comê-la agora mesmo. - Então ele sorriu, e vi presas afiadas em sua boca, pareciam mais de um animal do que de um humano, talvez de um lobo, pisquei duas vezes para ver se não estava delirando, mas elas realmente estavam aí.

Eu fiquei estática.

Ele riu, gargalhou na verdade.

- Tô só brincando, Chapeuzinho. - Diz, já se afastando, mas continuando a rir.

- Chapeuzinho? - Fico confusa.

- É. Chapeuzinho vermelho, afinal, essa é a roupinha que você está usando...infelizmente. - A última palavra saí mais baixo, mas consigo ouvi-lá. Ele simplesmente sorri novamente, e suas presas salientes aparecem, confirmando que aquilo que eu vi era realmente verdade.

- Fique tranquila, eu não vou me aproveitar de você, se é isso que está pensando...mas isso não significa que sua vida vai ser fácil aqui. E por favor, mantenha essa coisa vermelha longe de mim. - Diz, ficando sério novamente com aquela maldita voz rouca.

Minha vida, aqui?!

Ele então ignora a minha cara de espantou e vira de costas, abrindo a porta do quarto, deixando a luz de fora entrar.

Então se vira e dá um sorriso irritante, e eu me pergunto como a sua boca não é toda cortada por causa daquelas presas.

- Vamos, Melanie? - Diz, novamente saboreando as palavras.

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⏰ Last updated: Jul 09, 2020 ⏰

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Querido Lobo, MauWhere stories live. Discover now