Sentimentos

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Coulson e Daisy estavam no escritório conversando sobre coisas aleatórias, enquanto Melinda estava deitada no bebê conforto em cima da mesa, brincando com seu panda. Tudo isso por causa de Daisy, pois depois que ela havia acabado de treinar, ela foi ao escritório e começou a conversar com Coulson, ele tinha trabalho a fazer, claro, mas parar por um tempo é realmente agradável.

Eles riram de uma piada que Daisy acabara de inventar, até Melinda começou a rir junto com eles enquanto balançava o panda para cima e para baixo. Foi então que Daisy se lembrou de um assunto que queria falar com Coulson, já que May não tinha condições de responder.

— Então… Qual é o lance do cachorro? — ela perguntou e apontou para May.

O sorriso de Coulson desapareceu lentamente de seu rosto, e Daisy percebeu que não havia sido uma boa idéia falar sobre isso.

— Eu não sei se Melinda gostaria que eu falasse isso para você — ele disse.

Daisy acenou com a cabeça.

— Tudo bem, me desculpe.

Coulson se apressou ao dizer:

— Não, não precisa se desculpar.

Depois disso, um silêncio desconfortável caiu sobre eles. Coulson queria contar isso para Daisy, mas sabia que era um segredo doloroso da infância de Melinda. A única vez que ela falou sobre isso, foi quando ela acabara bebendo demais e ele teve que levá-la para casa. No caminho, ela contou toda a história para ele. Coulson guardava consigo uma lembrança dolorosa de quando ela o abraçou e chorou por um longo tempo ao terminar de contar. No dia seguinte, ela não se lembrava de nada que havia acontecido na noite anterior, e Coulson nunca teve coragem de dizer que ela havia dito seu maior segredo de infância para ele.

Daisy começou a se levantar para ir embora, quando ela o ouviu dizer:

— Os pais dela adotaram um cachorro um pouco antes dela nascer.

Daisy sentou-se novamente, ouvindo atentamente o que ele tinha tinha a dizer.

Coulson suspirou.

— Ela passava a maior parte do tempo com ele, se eu não me engano, seu nome era Luke — Coulson riu. — Sua mãe era da CIA então eles estavam sempre mudando de Estado ou país. May nunca conseguia fazer amigos, então ele era o único melhor amigo que ela tinha na época. A mãe dela saía muito cedo e voltava tarde, elas não tinham muito tempo juntas. De vez em quando, claro, sua mãe ficar em casa e Melinda aproveitava cada segundo do dia.

— E o pai dela? — Daisy perguntou, tentando esconder as lágrimas.

— Ele ficava com ela em casa, mas Melinda não teve muito tempo com ele. Quando ela tinha três anos de idade, ele morreu em um acidente de carro — Coulson disse tristemente. — Depois disso, Melinda ficava com uma babá, ela até gostava da mulher, mas passava a maior parte do dia em seu quarto, abraçando Luke. Ela passou a maior parte de sua infância com um cachorro de companhia, Daisy. Mas, quando ela tinha doze anos, Luke ficou muito doente e acabou morrendo.

Uma lagrima caiu pelo rosto de Daisy e ela se apressou em limpá-la.

Coulson a olhou tristemente.

— Se você quiser que eu pare…

— Não — Daisy insistiu. — Continue.

Coulson respirou profundamente e continuou.

— Melinda ficou devastada, foi até pior do que a morte de seu pai, já que ela era muito nova quando ele se foi. Então, ela se recusou a comer e dormir, ela acabou ficando muito doente e foi parar em um hospital. Ela ficou uma semana internada. Melinda frequentou um psicólogo por anos, mas ela nunca se esqueceu do quanto aquele cachorro era importante na vida dela e a falta que ele fez quando se foi.

Daisy limpou o rosto com as mãos e Coulson a entregou um lenço. Ela nunca imaginou que um cachorro poderia fazer parte da vida de uma pessoa dessa maneira.

Daisy estava tentando processar tudo o que Coulson havia lhe dito. O passado de May foi mesmo sofrido. Daisy achava que era só Bahrein que fazia May ser daquele jeito, sempre fechada e tudo mais. Mas... um cachorro? Daisy nunca havia imaginado essa possibilidade.

Eles ficaram em silêncio por algum tempo. Mas depois, Coulson bateu as mãos, e disse:

— Que tal falarmos de outra coisa?

Daisy riu suavemente e Melinda acabou rindo junto com ela. Daisy se levantou e a pegou no colo.

— Dá para imaginar? — ela perguntou de repente.

Ele franziu o cenho.

— Imaginar o quê?

— Que nós estamos cuidando da May. É tão estranho, porque ela sempre cuidou de nós, sempre esteve lá pela gente, e mesmo que ela esteja sempre com aquela cara antipática eu sinto que ela se importa comigo, com Fitzsimmons, com todos aqui, e por incrível que pareça, até com Hunter! — ela riu.

Coulson sorriu com carinho.

— É porque ela se importa de verdade com vocês.

— Sabe, May seria uma ótima mãe. Se Bahrein não tivesse acontecido eu tenho certeza que uma ou um sortudo teria a sorte de ser filho dela — Daisy disse, escondendo a tristeza que sentia ao dizer isso.

— Ela já é uma mãe, Daisy. Ela é mãe de todos vocês, eu sei disso, ela pode até não admitir mas eu sei que é verdade.

— Droga, será que hoje é o dia do choro? — Daisy perguntou limpando os olhos que estavam cheios de lágrimas. Ela suspirou. — Olha Coulson, a May seria uma ótima mãe para alguém, mas esse alguém, com certeza, não sou eu.

— Claro que é Daisy. E… — Coulson pensou se deveria mesmo dizer o que estava pensando, mas se ele não dissesse agora, talvez nunca teria a chance novamente. — Você também é uma filha para mim, Daisy.

Ela o olhou com os olhos arregalados.

— Eu não mereço ter um pai como você — ela sussurrou. — Nem uma mãe como a May.

Coulson se levantou e pegou a mão dela.

— Você merece o mundo Daisy.

— Por que? Por que eu? — ela perguntou, quase implorando. Depois de tudo o que ela fez… Coulson merecia outra pessoa como filha, não ela.

— Por que você é especial, Daisy. Mesmo que você não veja isso, você é a pessoa mais especial que entrou na minha vida. Depois daquele dia que eu te encontrei naquela van, eu percebi que você era mais que só uma hacker. Você é a filha que eu nunca tive e eu faria de tudo para cuidar e proteger você.

Lágrimas rolaram sem parar pelo rosto de Daisy, e sem pensar duas vezes, ela abraçou Coulson o mais forte possível, de uma maneira que May não se machucasse. Eles se abraçaram por um longo tempo, pensando que, se eles se afastassem, o outro poderia simplesmente desaparecer e talvez eles não teriam a chance de fazer isso novamente. Então, eles aproveitaram cada segundo desse momento.

Depois de um tempo, Daisy suspirou, trêmula, e disse:

— Eu te amo, pai.

Coulson beijou a cabeça dela.

— Eu também te amo, filha.

The Little GirlOnde histórias criam vida. Descubra agora