sinto que já obtive o suficiente da vida.

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sinto que já obtive
o suficiente da vida
e a forma como minha
figura decadente se encontra,
denuncia isso.
o rosto pálido grita meu desgaste,
a ansiedade está à flor da pele,
as feições de exaustão são aparentes.
e eu ainda nem falei da gravidade
que puxa o corpo fraco,
curvando-o,
quase levando-o ao chão,
mas ainda sinto que há
um resquício piedoso de força
que o mantem de pé.
é uma única pilastra que se sente invencível
e ousa manter a estrutura erguida,
mas eu posso ver as rachaduras.
também posso dizer que
o cansaço se alojou nas minhas juntas,
meu coração agora é pó de estrela
e minha mente
já não me serve mais de nada,
a não ser para me ajudar
a escrever a dor fora.
e digo mais:
estou fantasiada de ser humano,
mas por dentro,
estou pura tristeza,
morbidez,
monotonia.
tanto que meu funeral
vem acontecendo há anos,
mas é imperceptível
aos distraídos
e eu mesma,
só percebi hoje.
a vida se esvai
e eu a sinto ser sugada
da minha alma capenga,
que nem berra mais;
lhe falta esperança
e mais força.
esta está se esgotando.
meu corpo está se decompondo,
deixando-se render à hamartia
causada pelo sofrimento.

aqui desabafo
sobre como me parece
que o mundo me quebrou
e mais pedaço que poderia
e ainda me arrasta pelo o que chamamos de vida,
por pura crueldade
e tortura de sua parte.

e eu sei que desde que nasci,
estou morrendo.
mas só parece que agora
a morte segura a minha mão
e sussurra coisas duras e reais.
mas ela ainda não me puxou
para que caísse da corda bamba,
essa linha tênue entre a vida a a morte,
porque somos grandes amigas
alimentando-nos de melancolia.

e ironicamente,
é assim como vivo:
morrendo.
sentindo-me entorpecer
à cada segundo cruel
em que respiro.
eu apenas sinto dor em mim
e eu sinto-me cheia de tudo
e vazia do que é importante:
felicidade.
e é por isso que digo
que sinto que já obtive
o suficiente da vida.
 
 
•••

Oi, esse poema não precisa fazer sentido. É só um desabafo sincero de como venho me sentindo.

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