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Ragnar observou cada um dos servos do reino opressor, observou os escravos da coroa, muitos estavam ali apenas por existir, por nascer sendo um manipulador inútil, ou por ser de um reino inimigo

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Ragnar observou cada um dos servos do reino opressor, observou os escravos da coroa, muitos estavam ali apenas por existir, por nascer sendo um manipulador inútil, ou por ser de um reino inimigo.

Ele também observou sua companhia, Taryan estava agachada ao lado dele, os olhos rosa quase brilhavam no escuro e ele se perguntou até onde ia a utilidade daquele sussurro dela.

- Vá em frente.

Ele a avisou e ela começou a fazer cânticos em um tom quase inaudível assim que os soldados se aproximaram, as armas deles flutuaram no ar silenciosamente e Yuta se aproximou por trás com uma enorme tora de madeira atingindo a nuca dos dois soldados. Depois disso ele e Ragnar tomaram posse das pistolas e analisaram se estavam municiadas, avançaram para a entrada em que Yuta fez o seu trabalho. Eles estavam dentro.

Antes de fechar completamente a entrada Ragnar olhou para trás, para uma mansão abandonada não muito longe onde o Jagar estava escondido a postos para que eles fugissem.

Dentro havia um silêncio mortal, como se nem mesmo o som tivesse vontade de ficar naquele lugar terrível.

Eles espreitaram pelos limites dos muros e desviavam de tropas de guardas utilizando as sombras da noite como um manto até chegarem à entrada escura, quatro guardas estavam à frente dela, dois deles dormiam. Taryan sussurrou mais uma vez e duas pedras rolaram de cima da abertura rochosa diretamente para a cabeça dos dois guardas acordados enquanto Ragnar e Yuta corriam para amparar os dois antes que caíssem no chão e acordasse os outros dois. Eles colocaram os homens sentados um do lado do outro e apoiados em rocha, depois os três entraram silenciosamente no túnel escuro.

Demoraram alguns metros para eles verem os escravos sentados e acorrentados, dormindo no chão ou apoiados nas paredes do túnel que ia mais e mais para baixo. Taryan se agachava e observava o rosto de cada um, visível graças a lamparinas acesas em intervalos muito longos, as vezes eles tinham dificuldade para enxergar e com isso ele teve certeza da identidade e valor da garota, os olhos dela brilhavam sutilmente no escuro como duas estrelas distantes.

Depois de minutos preciosos ela encontrou sua irmã, ela demorou alguns segundos para entender tudo, tempo em que Yuta a soltou das correntes. Um escravo ao lado acordou, Ragnar levou um dedo aos lábios em uma ordem de silêncio e piscou um olho, o escravo acenou e falou sem produzir som: O amanhecer nos alcançará. Aquilo era o que havia marcado Ragnar como traidor do rei e o herói dos manipuladores subjugados, alguns homens comuns também haviam o colocado como símbolo, apesar de ele ser um ladrão, um assassino, ele era a pedra no sapato dos nobres e o povo precisava de um símbolo em que pudesse acreditar, ele veio no momento certo, durante aquele alvorecer com a espada erguida, suja com o sangue do maior comerciante de escravos do continente.

- Raggi!

Yuta exclamou em um sussurro, mas mais escravos acordavam e iniciavam burburinhos. Ragnar e Yuta se esforçaram para os deixar quietos, mas eles escutaram uma comoção do lado de fora, os guardas haviam acordado. Ragnar olhou extremamente irritado para os escravos e viu arrependimento nas expressões deles, se fosse pego, não teriam mais alguém para os libertar, mesmo que um a um, não importava se ele ganhava dinheiro com aquilo, não com o desespero nas almas de todos ali. Passos soaram e Taryan olhou desesperada para Ragnar, sua irmã, pequena e encolhida em seus braços, também olhou para ele em súplica.

Não me olhem assim, eu quero sair daqui tanto quanto vocês, se não mais.

Ele olhou ao redor e viu um amontoado maior de escravos, chamou todos para se misturarem ali. O silêncio obrigatório era o mais desesperador. Eles obedeceram e os escravos formaram uma cortina ao redor deles quando os soldados passaram. Ragnar olhou acusador para Yuta e o homem levantou os ombros como se não fosse culpado.

- Agora está mais difícil sair daqui, não sabemos como está fora.

Ele sussurrou.

- Talvez eles ainda estejam como antes.

- Quer apostar na sorte?

Ragnar respondeu Taryan já perdendo a paciência. Ele bateu o pé até que um dos escravos simplesmente o avisou.

- Vamos ajudar.

E saiu do círculo com suas correntes estalando no chão. Os soldados viraram para trás e apontaram seus rifles para o homem. Ragnar suspirou já vendo como aquilo acabaria, mas chamou os outros para seguirem o caminho ainda encobertos pelos escravos ainda calados e os que se aproximavam para ver o que aconteceria.

Eles estavam quase na saída quando escutaram gritos e depois um estouro. Ragnar fechou os olhos em luto, os soldados que estavam à entrada correram para dentro sem ver os quatro na penumbra, eles saíram logo em seguida. Uma comoção maior começou e conforme eles avançavam para a saída mais soldados corriam para o interior das minas e depois mais estouros ecoaram.

Ragnar não olhou para trás, não hesitou um passo sequer pois não importava o que diziam dele, ele não era um herói, era um ladrão, um assassino e por mais que seu peito pesasse, ele já havia se acostumado com toneladas de culpa e remorso.

Quando alcançaram a mansão e entraram no navegador dos céus Taryan estava em silêncio, sua irmã chorava abraçada a ela e Yuta o questionou apenas uma coisa.

- Onde iremos agora?

Ragnar olhou para trás, para as duas estrangeiras de olhos brilhantes e ciente que elas escutavam ele respondeu.

- Levá-las a um lugar seguro.

919 palavras

Aliança de Ferro e Sussurros (Conto)Où les histoires vivent. Découvrez maintenant