Hope Christine Johnson sentia a pele dos pés queimando com o contato contra a neve da estrada, mas não parou de andar. Algo dentro dela instigava a necessidade de continuar a caminhada, mesmo que não soubesse qual era o seu destino. Havia um lugar misterioso preso em seu subconsciente, mas a imagem não era clara, muito menos segura. E por mais que ela sentisse medo por não saber para onde estava indo, a inquieta necessidade de chegar àquele lugar era maior que todo e qualquer rastro de autopreservação.
Seria uma longa, lenta e difícil caminhada.
Como tudo em sua vida.
Depois de um tempo, seus pés pareciam pedras. Ela parou e sentou sobre um amontoado de neve, no meio da estrada, onde furiosas marcas de pneu denunciavam que aquele cenário havia protagonizado grandes aventuras, e ali ficou. Naquele momento, conseguiu prestar atenção a onde de fato estava, levantando os olhos para a tarde se retirando do campo aberto.
Com o sol se afastando, as nuvens se tornaram rosa. Era como se uma gota de sangue tivesse sido derramada em um pote de água, esquentando o tom daquele dia gélido como se ele pertencesse ao verão.
Mas ainda estava frio.
Talvez sempre estivesse.
— Oh, não, Hope, não seja dramática — disse o demônio, em pé ao seu lado — É só uma estrada cheia de neve.
Damon era um contraste com a neve branca, sempre vestido de preto. Ele a encarava de cima, a forçando a erguer os olhos, sempre com aquele sorriso presunçoso nos lábios enquanto Hope sentia vontade de chorar sem saber o porquê. Ela queria levantar e continuar andando; queria parar de sentir medo sempre que o demônio mostrava estar minimamente no controle de tudo.
Mas era difícil.
Principalmente quando ele (se) alimentava do seu medo.
O tom rosado desenhando as nuvens no céu começou a vazar para as partes em azul também, preenchendo todo o espaço possível. Ele ficou mais forte, e então mais forte, até que virasse vermelho. Tudo escureceu, e o demônio sorriu. Seus olhos brilharam. A estrada de neve e as marcas de pneu começaram a derreter. O chão por baixo do branco gélido se mostrou de um piso escorregadio igual ao dos corredores da escola.
Hope Chirstine Jonhson começou a correr, mas não conseguiu ir longe porque escorregou e caiu no sangue que antes parecia ser neve.
Então ela acordou.
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Baby, Don't Go #1 (LIVRO FÍSICO)
ParanormalCOMPRE O LIVRO FÍSICO: https://www.editoraobarco.com/ PLÁGIO É CRIME Quando Hope Christine Johnson acorda após tentar se matar, ela não está sozinha. Sentado em uma poltrona negra no canto do quarto, um demônio de olhos vermelhos e aparência...