Lucifer.

Replay.

Minhas veias estavam a todo vapor, eu podia sentir minhas correntes sanguíneas trabalhando desesperadamente. Meu corpo em febre, a ponto de um ataque me fazendo soar como se participasse de uma maratona - e convenhamos que, se estivesse, estaria em primeiro lugar - o coração batendo descompensado e o arrepio na espinha me davam uma única certeza: outro pesadelo.

Me sento na cama atordoado olhando para todos os lados à procura do motivo das minhas noites em claro nos últimos 6 anos, mas não encontro nada além de um corpo nú qualquer ao lado do meu na cama.

Observo o relógio preso na parede e vejo que são 4:37. Começaram cedo, como sempre..

A porra do arrepio retorna com força quando o ar-condicionado parece ter aumentado sua potência contra meu corpo suado e eu desejo com todas as minhas forças que aquela merda quebrasse apenas para que eu não tivesse que levantar para pegar o controle e desligá-lo.

Faço menção de sair da cama e sou surpreendido por braços com pelos descoloridos me envolvendo pelas costas. Lethicia, claro.

-Amor.. - me chama manhosa. - Onde vai? Está cedo ainda.

-Pode me soltar, Lethicia?

-Deita só mais um pouquinho. Eu faço até uma massagem se você quiser, huh? Estava tão gostoso o seu corpo me aquecendo.

-Acabou?

Ela bufa frustada e finalmente me solta mesmo contra gosto.

-Só queria te ajudar como todas às vezes. Não precisava disso.

-Será que dá pra você ao menos calar a porra dessa boca?! Sua voz está começando a me irritar.

Ela ergue as duas mãos com os olhos azuis piscina arregalados e por fim fica em silêncio enquanto me observa ir até a janela pegando a caixinha do Dunhill, ascendendo um cigarro na sequência enquanto me mantia imerso entre milhares de pensamentos que brigavam por espaço na minha cabeça.