falling in love || neytinho [neymar+coutinho]

1. Jealous

(n/a): gente o título de cada capítulo será o nome de uma música que tenha a ver com o que acontecerá nele, certo? certo.

obrigada por estar lendo, vamos a estória. ❥

Neymar

Havíamos acabado de deixar o estádio onde ocorrera o jogo entre Brasil e Costa Rica. Onde Philippe e eu marcamos gols em exatos 45 e 51 minutos do segundo tempo. Vários flashes de câmeras vieram em disparada em direção a mim e aos outros e eu, sendo sempre muito sistemático como sou, apenas ergui minha mão direita e dei uma leve acenada para todos do outro lado da barra, sem um pingo de vontade de dar entrevista. Logo em seguida adentrando o ônibus da nossa seleção. Eu já podia imaginar todas as notícias que se espalhariam pelo mundo sobre minhas lágrimas no final daquela partida. Mas eu, meu treinador e meus amigos sabíamos o real motivo do meu choro. Eu não havia chorado por medo de não conseguir porque não somos o suficiente como grupo, porque todos nós somos sim o suficiente e sabemos disso, mas eu chorei porque mesmo com todas as faltas atingindo a mim de um jeito, digamos que desonesto no decorrer da partida e o apoio extra que o juiz resolveu dar a apenas uma das equipes em campo, que de fato não fora a nossa, me fez ver como foi difícil enfrentar tudo aquilo e quando ganhamos eu fiquei muito emocionado.
Mas naquele momento eu estava feliz junto ao grupo de homens dentro do ônibus, que nos guiaria novamente de volta ao hotel onde estávamos todos hospedados. Ideia do nosso professor, ele achou que seria melhor se ficassemos próximos nas horas vagas também, e um bom jeito de fazer isso seria nos hospendando todos no mesmo hotel. Mas não era nada disso que preocupava a minha mente naquele momento...

Em um dos meus momentos de raiva e frustração onde eu me meti em uma discussão com o próprio arbítro principal do jogo, acabei levando um cartão amarelo por ser "afrontoso" em campo. E no meio de tudo isso, o meu amigo Philippe fora conversar com o árbitro e acabou recebendo um cartão amarelo também. Eu não sabia porque ele tinha feito aquilo. Tudo bem que tínhamos uma amizade de longa data e que era muito importante para ambos, mas ele sabia perfeitamente dos riscos de ir falar alguma coisa com o juíz e lá estava a consequência, um cartão amarelo erguido em sua direção. Aquilo me deixara intrigado.

"Muito bem todos, fizeram um ótimo jogo hoje, estou orgulhoso, até mesmo de você, Júnior!" o técnico Tite falou de pé a frente de todos e eu apenas sorri, envergonhado.

Todos os meninos aplaudiram e gritaram o nome do técnico, que sorria feliz. Ou quase todos, já que eu não notei a presença de Philippe.

Sentado no fundo do ônibus, como de costume, eu vi Philippe adentrar a porta e procurar com os olhos um lugar vago ao lado de alguém para se sentar.

"Phil, senta aqui" Me levantei para que o meu amigo me avistasse melhor e pudesse vir até mim. Ele deu um sorriso de lado e começou a caminhar com certa dificuldade, por conta das diversas malas que carregava consigo, vindo em minha direção.

Sentei-me novamente e após guardar todas as suas coisas em um canto, Philippe se sentou na poltrona ao meu lado e ficou me olhando.

"Oi" Disse com um sorriso que ia de ponta a ponta do seu rosto e eu o encarei sério. "Eita, o que foi que eu fiz?"

"Essa é a pergunta, Philippe. O que foi que você fez?" eu perguntei usando o meu melhor tom bravo. Ele parou de sorrir instantaneamente.

"Do que está falando, Júnior? Eu não fiz nada" Simplesmente deu de ombros, sem saber do que eu estava falando.

"Idiota, eu estou me referindo ao cartão amarelo que levou por mim" Eu fechei os olhos, reprimindo a lembrança que tive ao citar o acontecimento passado.

"Ah, é sobre isso" Ele suspirou... aliviado?

"Philippe, você está pendurado com um cartão amarelo. Terá que ter muita cautela no próximo jogo para não receber outro, merda" Eu esbravejei e ele negou com a cabeça, como se não fosse nada. "Por que foi falar com o juíz? Era só deixar pra lá, poxa"

"Eu fui falar porque vi que ele estava de marcação o jogo inteiro com você, Neymar" explicou.

"Deixasse pra lá, tem sempre alguém de marcação comigo mesmo, isso já não me incomoda mais..." Dei de ombros, encostando a cabeça na poltrona.

Metade do ônibus nos olhava agora, certamente prestando atenção em tudo que dizíamos.

"Mas incomoda a mim" ele murmurou e eu o olhei rapidamente. "Droga, aquele cara estava usando o poder que tinha em campo contra você, Neymar, isso não é justo!"

"Era só deixar pra lá, Phil..."

"Não merda, não era só deixar pra lá" Philippe retrucou "Por que ele não marcou a mim? Ou a qualquer outro? Por que você?" ele parecia indignado com aquilo.

"Acho melhor esquecermos isso tudo agora" Falei quando o ônibus se aproximara da fachada do hotel.

"Tudo bem, desculpa" Ele falou meio cabisbaixo e eu passei a mão em seu ombro, fazendo carinho ali.

"Só não faça mais isso, você poderia ser expulso, sabia?" Ele assentiu rindo. "Não ri, idiota"

"Mas valeria a pena ser expulso para te defender... sabe, porque você é meu melhor amigo." Philippe se embolou no meio da frase e suas bochechas ficaram rosadas rapidamente. Eu sorri.

"Não valeria, mas obrigada cara" Eu estendi a mão para um high five e o mesmo levou a sua até a minha, mas ao contrário de bater como achei que faria, ele apenas a encostou na minha e entrelaçou nossos dedos devagar.

Eu fiquei boquiaberto por alguns segundos, me perdendo nos olhos pequenos do meu... Meu melhor amigo, Philippe.

"Eai namoradinhas, vão sair ou querem que a gente os carregue?" Ouvi a voz brincalhona de Gabriel que já saia pela porta do ônibus, como todos tinham feito, rindo como sempre.

No mesmo instante nossas mãos foram afastadas por um Philippe apreensivo, que ligeiramente pegou todas as suas coisas e sem dizer uma palavra saiu correndo do ônibus.

Me deixando sozinho, confuso e com uma mão erguida no ar, tentando martelar tudo o que acabara de acontecer ali.