CAPÍTULO I (Parte 2)

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Já se passava das dez da noite, e ao entrar em casa, Janie percebeu algum tipo de movimento na cozinha, era Allan que estava pegando um copo de água. Ele a observou carregar Liah no colo e lhe ofereceu ajuda.

— Quer que eu a coloque na cama? — ele perguntou gentilmente.

— Não precisa, pois se ela acordar depois não dorme mais, eu a coloco na cama.

— Estou no escritório, preciso conferir alguns relatórios, caso precise.

Ele saiu em direção ao escritório. Usava apenas um short azul marinho e uma camiseta branca, que o deixava à vontade.

Janie colocou Liah na cama, pois a menina ainda dormia, cobriu-a e lhe deu um beijo, enquanto se recordava do diálogo que haviam tido. Aqueles pensamentos de perder seus filhos voltaram a atormentá-la, ficou observando a pequena dormir por alguns instantes agradecendo a Deus por ela estar ali.

— Te amo, filha! — ela disse baixinho.

A menina permanecia com os olhos fechados em um sono profundo.

Janie caminhou até o segundo quarto no final do corredor, precisava ver Caleb, pois aquela pontada no estômago a tomava por dentro, não entendia o porquê, contudo, parecia algum tipo de pressentimento ruim.

Ela bateu levemente na porta, antes de entrar, e Caleb se assustou. Estava sentado na escrivaninha, ao lado do computador, havia alguns lápis espalhados, mas o garoto parecia tentar esconder algo, tapando com seus braços.

— Mãe, você não pode entrar assim no meu quarto! — ele a repreendeu nitidamente bravo.

— Desculpe-me, filho, eu só vim dar boa noite — ela disse se aproximando deixando o garoto aflito.

— Boa noite então! — ele tentava dispensá-la.

Janie queria muito saber o que tanto ele estava escondendo com seus braços, temia que fosse algo pornográfico ou algum tipo de droga, pois naqueles dias Caleb andava muito estranho.

— Me deixe ver o que tem aí! — seu tom era autoritário.

Ele a enfrentou com uma expressão irritado e lentamente se afastou da mesa, deixando a mostra uma folha de papel A4 com um desenho maravilhoso feito apenas de grafite.

Era a imagem de uma das mãos de Jesus estendida sobre o madeiro. O desenho estava perfeitamente sombreado com um furo no meio feito pelos cravos. Provavelmente aquela imagem estava relacionada com a mensagem ministrada pelo pastor Júlio naquela noite, sobre a dor dos cravos de Jesus. Janie sentiu um enorme alívio por ser apenas um desenho e satisfeita, pois, acabou percebendo que a ida até a igreja não tinha sido em vão, Caleb não estava tão distraído quanto parecia.

— Isso está lindo, meu filho! — ela disse orgulhosa.

Caleb permaneceu em silêncio, era muito tímido e não conseguia se expressar.

— Caleb, você tem muito talento.

— Mãe, bem que a senhora podia me deixar fazer aquelas aulas de grafite — ele aproveitou o assunto.

— Nós já tivemos essa conversa antes, Caleb.

— Mas mãe, isso não tem nada a ver com pichação, Grafite é arte.

RESGATE PELA GRAÇA (Físico Disponível Uiclap, Clube De Autores E Amazon.)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora