2 // rogers

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O “lugar mais reservado” acabou por ser o mais novo dormitório de Rogers na base. O que faria completamente todo sentido do mundo, não fosse o assunto que ambos tratariam o acidente de Howard e Maria.

James Barnes—Soldado Invernal, Rogers o corrigira—matou seus pais, estando sob controle mental da Hydra. Tudo bem, ele conseguia aceitar isso. Rogers também não teve como contá-lo antes, então ele também aceitava isso. E o mais frustrante era que não havia ninguém em quem descontar toda sua raiva e tristeza, por isso Tony limitou-se a fitar a parede cinza do dormitório e ignorar os braços enormes do Capitão cruzados sobre o peito, o fitando instigante.

“Sem pressão, certo?”, Tony ironiza enquanto volta a olhar Rogers nos olhos, fazendo-o suspirar resignado.

“Sei que é difícil, Tony.”

“É claro que você sabe”, Tony murmura de volta, não querendo que soar infantil, mas falhando miseravelmente.

Rogers fica em silêncio e apenas senta a seu lado na cama, fitando a mesma parede. “Vamos resolver isso.”

Juntos, eu suponho”, Tony diz em voz baixa, arriscando fitar o azul nos olhos do Capitão.

Ele possui a mesma maldita expressão impassível, ainda que seus olhos denunciem certa preocupação. “Sim”, Rogers responde, sem cortar o contato visual com Tony. “Se você quiser.”

“O que quer dizer?” Tony questiona por ímpeto, apesar de legitimamente querer saber.

Rogers fica em silêncio, com a mesma expressão neutra. “Nada”, finalmente diz, fazendo Tony arquear as sobrancelhas surpreso.

“Capitão América, falando algo apenas por falar?” Ele brinca, e Rogers—Steve não consegue evitar o sorriso, o maldito sorriso que acontece e faz Tony perder o controle.

“Acontece”, Rogers o olha, parando de rir aos poucos.

Isso é perigoso, Tony tenta se lembrar, mas é muito difícil raciocinar quando Rogers continua o encarando ininterruptamente, umedecendo os lábios e respirando de maneira irregular. “Obrigado por ter contado em vez de, não sei, ter escondido de mim tentando me proteger”, Tony dispara antes que seu orgulho o reprima, fazendo Rogers assentir e finalmente cortar o contato visual.

Minha mente agradece, pensa Tony.

“Eu pensei em fazer isso, na verdade”, confessa, ainda sem encontrar o rosto do menor. “Mas não seria justo com nenhum de nós. Especialmente você”, murmura, olhando rapidamente para Tony mais uma vez.

“Seu senso de justiça me espanta às vezes”, Tony confessa de volta, provocando um arquear de sobrancelhas de Rogers.

“O gênio, playboy, bilionário e filantropo surpreendido com algo?”, devolve a ironia, fazendo Tony sorrir no automático. Steve observa os traços em seu rosto como se cada um possuísse uma história diferente, tentando desvendá-las e entendê-las apenas por deduções. “Tony”, ele diz, chamando sua atenção novamente.

“Rogers”, ele responde, sentindo seu coração acelerar quando o rosto de Rogers de repente está perto demais.

Demais.

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